quinta-feira, 3 de julho de 2008

Pinhão Manso - Jatropha curcas L.

Nome científico: Jatropha curcas L.
Família botânica: Euphorbiaceae
Outros nomes populares: Pinhão-paraguaio, pinhão-depurga, pinhão-de-cerca, purgante-de-cavalo, manduigaçu, mandubiguaçú, figo-do-inferno, purgueira, andythygnaco, pinhão croá.

O pinhão-manso é um arbusto ou árvore com até 4m de altura, flores pequenas, amarelo-esverdeadas, cujo fruto é uma cápsula com três sementes escuras, lisas, dentro das quais se encontra a amêndoa branca, tenra e rica em óleo. A semente contém 66% de cascas, fornece de 50 a 52% de óleo extraído com solventes e 32 a 35% em caso de extração por expressão (trituração e aquecimento da amêndoa). As folhas alternas, longo-pecioladas, cordiformes, levemente lobadas, com cinco lobos. As folhas têm limbo menor que o pecíolo, este de até 18cm de comprimento e aquele de 6-15cm de comprimento, por igual largura, de âmbito oval orbicular e geralmente tri-lobado ou inteiro, base cordada, face superior esparsamente puberulo leproso e no dorso sobre as nervuras bastantes tomentoso acinzentado, mais tarde glabro em ambas as faces; os lobos do mesmo triangulares, agudos, menores que a parte não dividida. Flores unissexuadas, pequenas, pentâmeras, amarelo-esverdeadas em panículas terminais ou axilares e com as flores masculinas ocupando as extremidades superiores dos ramos. Fruto capsular de 2,5-4cm de comprimento, por 2-2,5cm de diâmetro, de cor marrom-escura, quando seca, quase roliço e entre os carpides ligeiramente sulcados, base e ápice agudos, endocarpo rijo e duro, mesocarpo carnoso e filiforme e epicarpo carnoso, semeado de pequenas elevações puntiforme. Sementes de 2cm de comprimento, por 11mm de largura, e 9mm de espessura, oblongo eliptóides, pálidas, bastante estriada de linhas e salientes, reticuladas.

A espécie Jatropha curcas está distribuída em regiões tropicais de todo o globo, inclusive no Brasil. Cresce rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade. Muitas vezes é cultivada como cerca viva, mas seu maior emprego está na medicina popular. As sementes, bem como o óleo retirado destas, são freqüentemente usadas como purgativo, no tratamento de afecções da pele, hidropisia, gota, paralisia e reumatismo, principalmente nos países tropicais. A planta apresenta uma grande importância econômica. Seu óleo é empregado como lubrificante em motores a diesel e na fabricação de sabão e tinta. O pinhão manso no mundo parece se adaptar melhor em regiões mais secas dos trópicos com uma quantidade de chuva anual entre 300 e 1000 mm.

Os produtos são óleos, torta e o sedimento da purificação do óleo. O óleo pode ser usado como o combustível nos motores diesel de câmara de pré-combustão e como lubrificante, o óleo e o sedimento podem ser usados para a produção do sabão e a torta é um fertilizante orgânico bom. O óleo contém também um inseticida.

Pinhão Manso e Pinhão Bravo

O pinhão-manso tem folhas em forma de coração, e o pinhão-bravo, folhas mais alongadas. Outra diferença entre ambos é que os frutos do pinhão-bravo são deiscentes, isto é, ao atingir a maturidade, abrem-se, deixando cair às sementes. A semente do pinhão-manso pesa de 0,48 a 0,72g e a do pinhão-bravo, de 0,22 a 0,39g, Essas plantas ocorrem espontaneamente desde o Maranhão até o Paraná. Em alguns lugares, sem distinção de espécie, são chamados, além dos nomes já referidos, de purgueira, grão-de-maluco, pinhão-de-cena, tuba, tartago, tapete, siclité, pinhão-de-inferno, figo-do-infemo, pinhão-das-barbadas e saci.

Cultura do pinhão-manso

Pode-se obter boa multiplicação das plantas por meio de sementeiras ou por estacas. Por estacas, a multiplicação é mais rápida, mas gera unidades menos resistentes. A média geral de germinação das estacas não chega a 50% (é de cerca de 45%). E as estacas com mais de 2 cm de espessura proporcionam maior índice de germinação. O espaçamento ideal entre elas é de 2 x 3 m. Em sementeira, a germinação pode chegar a quase 100%, usando-se sementes novas, de boa conformação. Aconselha-se, no caso, o uso de sacos plásticos pretos, como cobertura, para evitar a ação direta dos raios solares. Cultura do pinhão-bravo — O melhor método é o do aproveitamento das mudas naturais existentes junto às plantas-mãe, originadas das sementes que caem, já que essa espécie é deiscente. Outro método é o de estacas, que devem ter cerca de 80 cm, com as duas extremidades em bisel, ou seja, cortadas obliquamente, chanfradas.

Entre as experiências feitas com vegetais para uma futura substituição do óleo diesel como combustível, destacaram-se como plantas de alta possibilidade o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), também conhecido como pinhão-de-purga, pinhão-paraguai, manduri-graça, mandobi-guaçu e pião, e o pinhão-bravo (Jatropha pohliana M.), também conhecido como pinhãobranco.

Tanto o pinhão-manso como o pinhão-bravo vêrn sendo utilizados comumente como cerca viva, mas o pinhão-manso é usado também para a extração de óleo que serve para a fabricação de sabão e como purgativo para o gado bovino. Ensaios feitos com o óleo extraído do pinhão-manso (óleo-de-purgueira), comparando-o com o diesel, deram bons resultados.

Num motor diesel, para gerar a mesma potência, o consumo de óleo-de-purgueira foi 20% maior, o ruído mais suave e a emissão de fumaça, semelhante. Considerou-se também possível o uso desse óleo não apenas como combustível, mas também na indústria de tintas e de vernizes. Análises posteriores mostraram que o óleo de pinhão-manso tem 83,9% do poder calorífico do óleo diesel e o óleo de pinhão-bravo, 77,2%. Se o óleo de pinhão-manso for usado como substituto do diesel, o consumo será 16,1% maior; se a experiência for feita com o óleo de pinhão-bravo, será 21,8% maior. Além disso, a torta que resta é um fertilizante rico em nitrogênio, potássio, fósforo e matéria orgânica. Desintoxicada, a torta pode também ser transformada em ração, como tem sido feito com a torta de mamona. E a casca dos pinhões pode ser usada como carvão vegetal e matéria-prima na fabricação de papel.

Vantagens:


  • Severo na natureza; pode crescer e sobreviver com poucos cuidados em terra marginais (de pouco fertilidade).
  • Crescimento rápido e planta de vida longa.
  • Planta de fácil de propagação.
  • Sementes não comestíveis (tóxica), nem levadas por pássaros ou animais.
  • Suportou com sucesso secas em Orissa, Índia.
  • Biodiesel produzido foi testado analiticamente por Daimler-Chrysler e recebeu status de promissor.
  • Controle de erosão (redução da erosão do vento ou da água).
  • Melhoria da fertilidade do solo.
  • Aumento da renda para produtores rurais.
  • Redução da saída de dinheiro das áreas rurais para os centros urbanos.
  • Produção de energia nas áreas rurais.
  • A torta é muito valiosa como adubo orgânico e fertilizante.
  • Planta altamente adaptável, com grande habilidade para crescer em locais pobres, secos.

Desvantagens:

  • Baixa resistência ao frio.
  • Má qualidade da madeira.
  • Sementes tóxicas.
  • A torta que sobra não pode ser usada para alimentação animal, devido as suas propriedades tóxicas.


Utilização e Aproveitamento Industrial do Pinhão-Manso

Nos países importadores, basicamente Portugal e França, as sementes de pinhão-manso sofrem o mesmo tratamento industrial a que são submetidas às bagas de mamona, isto é cozimento prévio o esmagamento subseqüente em prensas tipo "expeller", para extração do óleo, que em seguida, e filtrado, centrifugado e clarificado, resultando, afinal , um produto livre de impurezas.
A torta, que contém ainda aproximadamente 8% de óleo, é re-extraída, desta vez com solventes orgânicos, de modo geral hexano sendo o farelo residual ensacado para aproveitamento como fertilizante natural, tendo-se em vista os teores elevados de nitrogênio fósforo e potássio.
O óleo de pinhão-manso, assim produzido, destina-se quase que à fabricação do sabão, não obstante tenha sido empregado durante a segunda guerra mundial, nos países colonizados da África, em Madagascar e na então África Ocidental Francesa, como sucedâneo do óleo lubrificante ou como carburante, diretamente nos motores de ciclo diesel. Neste último emprego os resultados foram considerados satisfatórios, comparáveis aos apresentados com óleo diesel derivado do petróleo. Além de sua utilização na indústria textil, o óleo de pinhão-manso, adicionado ao óleo de tungue em proporções até 5%, constitui matéria-prima para a fabricação de tintas de impressão ou de vernizes, que são usados em revestimentos de lonas e de caixas condicionadoras.

No Brasil, não há registro de nenhuma experiência de beneficiamento industrial das sementes de pinhão-manso, sendo que o interesse maior da planta reside na formação de cerca viva divisória ou de proteção contra ventos e animais, prática bastante difundida nas fazendas e localidades distantes do Norte e Nordeste de Minas Gerais.

Eventualmente, os moradores dessas áreas colhem as sementes maduras e delas extraem o óleo para fazer sabão ou para iluminação das casas, em candeias, cuja combustão, se realiza sem produzir fumaça nem odor. A extração caseira do óleo requer, inicialmente o esmagamento das sementes em monjolos ou pilões; depois, cozesse a massa oleosa em água até à fervura; separa-se, afinal o óleo com emprego de colher de pau.

Segundo se registra na literatura científica, o óleo de pinhão-manso já foi empregado no passado para a iluminação pública nas zonas rurais do Rio de Janeiro e até mesmo em Lisboa.

Outras aplicações da euforbiácea, sobre tudo nas áreas pobres do Jequitinhonha, devem-se ao efeito medicinal que apresentam certas partes da planta, tais como as folhas, que têm ação anti-sifilítica, e a seiva, que possui propriedades hemostáticas, isto é, cura e cicatriza as feridas; ou ainda as raízes que apresentam atividade anti-leucêmica, conforme mostram estudos recentes desenvolvidos no Japão.

O emprego medicinal das sementes do pinhão-manso, especialmente no tratamento de bovinos, baseia-se em sua ação purgativa bastante enérgica, que pode até causar a morte do animal, desde que a ingestão de grãos seja exagerada.

Pinhão Manso para produção de Biodiesel

Embora o índice de iodo seja o mesmo do óleo da polpa de dendê, indicativo, portanto, para ambos, de uma estrutura química de mesmo grau de insaturação, a diferença marcante entre os correspondentes óleos reside no baixo ponto de solidificação do óleo de pinhão manso, inferior a 10oC negativos, bastante diferente dos valores atribuídos aos óleos de macaúba e de dendê, em torno de 15oC positivos, aspecto que pode favorecer o emprego direto do óleo de pinhão-manso, puro ou em mistura com diesel, nos motores de combustão interna, mesmo nas regiões de clima temperado.

Os valores referentes à composição química em ácidos graxos do óleo de pinhão-manso, determinados com base na análise por cromatografia em fase gasosa. As diferenças verificadas entre os dados obtidos em laboratórios diversos são pouco significativas; basicamente, representam modificações nos teores de ácido linoléico, cuja estrutura é mais susceptível a alterações químicas, dependendo da origem e do estado de conservação das sementes. Além das vantagens apresentadas, que certamente colocam o pinhão-manso entre as oleaginosas mais promissoras, as variações de acidez nas sementes são pouco expressivas, mesmo nos períodos longos de armazenamento.

Com efeito, sementes condicionadas em sacos, durante mais de 1 ano, por moradores de Riacho da Cruz, apresentaram acidez livre inferior a 6%. Por outro lado, a manutenção de grãos recém coletados em dissecadores por períodos até 6 meses não implica em alterações substanciais do grau de acidez das amostras, cujo teor em ácidos graxos livres foi sempre inferior a 2%. A preservação das sementes do pinhão-manso durante longos períodos de tempo constitui, efetivamente, num dos aspectos mais favoráveis da euforbiácea, o que resultará em menores custos de sua produção agrícola, certamente bem inferiores aos de outras culturas oleaginosas, como dendê ou macaúba, cujos frutos são rapidamente deterioráveis, motivo por que se exige seu processamento no máximo 48 horas após a coleta.

A auto-oxidação do óleo de pinhão-manso durante a estocagem pode, contudo, ser acelerado por ação de calor, oxigênio ou traços de metais pesados, e de seus cátions, comumente presentes nos materiais empregados na fabricação dos tanques de armazenagem, o que pode conduzir ao desenvolvimento de reações laterais, como a formação de aldeídos saturados, por exemplo, hexanal, heptanal ou nonanal, ou de compostos corrosivos. Por tais razões, os estudos preliminares devem ser conduzidos também para avaliar e minimizar, talvez por adição de inibidores, os efeitos da auto-oxidação dos óleos insaturados.

Além da utilização como biodiesel, esta planta tem um alto potencial agroindustrial, a pasta residual rica em proteína (60-65%), depois da extração do óleo, pode ser transformada em um excelente alimento balanceado para aves, gado e peixes. Além disso, a planta pode ser uma excelente alternativa no reflorestamento de zonas degradadas, e para aquelas terras que não são aptas para a agricultura, é uma excelente alternativa para as zonas semi-áridas uma vez que é capaz de estabelecer-se em regiões com apenas 300 mm/ano. Vários outros produtos da planta poderão ter uso industrial e farmacêuticos (Heller, 1996). Os resíduos desta planta são em algumas variedades considerados tóxicos devido a presença de alcalóides conhecidos como ésteres de forbol, que provocam efeitos purgantes e alguns outros sintomas.


Fonte: RETEC/BA – Rede de Tecnologia da Bahia

Ler também: Artigos sobre Pinhâo-Manso

2 comentários:

Anônimo disse...

boa tarde,
por favor me falem se a petrobras esta desenvolvendo algum programa de reflorestamento ou de colonização , para cultivo de pinhao bravo ou manso para fazer biodiesel.
pois em cuiaba, ja tem uma empresa, que esta cobrando r$ 580,00 de cada pessoa, em nome da petrobras, mas com recibo assinadompor associação de moradores, na região sul de cuiaba, mt,
se os srs. nao podem informar-me, por gentileza me falem onde devo procurar informações, pois alguns amigos, pobres, que estao pagando na esperança de recberem 20 ha, de terra para plantar e receberaõ 01 salario minimo para cuidar de cada 01 ha plantado e cuidado, dizem que a petrobras vai entregar a arvore plantada e a pessoa so vai cuidar.
está muito estranhp isso.

agradeço seu apoio e informações,

abraços
figueredoi@terra.com.br

Anônimo disse...

MANOEL, seria de bom alvitre que você citasse as fontes de consultas e referências bibliográficas após os textos, pois não me parece justo usar e vejo tal atitude como apropiação indevida de trabalhos alheios, a menos que tenhas autorização dos autores para assim proceder.