segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Petrobras aumenta participação de mamona em biodiesel para 30%

Ampliação do percentual da mamona é um grande avanço, diz presidente da empresa
A Petrobras Biocombustível informou nessa terça, dia 8, ter concluído, no último dia 15 de novembro, todo o processo tecnológico que permite à empresa produzir biodiesel a partir do óleo de mamona - dentro das especificações técnicas da Agência Nacional do Petróleo (ANP) - que estipula o limite de 30% do óleo de mamona em cada litro de biodiesel.

A empresa já vinha produzindo biodiesel na usina de Candeias, na Bahia, utilizando a mamona como matéria-prima, mas com um percentual de 10,5% de mamona para cada litro. No último dia 30 de novembro, a unidade fez a primeira entrega de biodiesel com óleo de mamona.

As pesquisas que levaram ao domínio tecnológico do processo de produção do biodiesel a partir da mamona foram desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), na Usina de Guamaré, no Rio Grande do Norte – unidade experimental da companhia para o desenvolvimento do processo de produção do biodiesel.

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que ampliar o percentual da mamona no biodiesel é um avanço tecnológico importante.

– Com essa ampliação, nós conseguimos consolidar um avanço tecnológico importante na utilização da mamona como fonte para a produção de biodiesel nas especificações da ANP.

Para o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rosseto, a obtenção da tecnologia comprova a capacidade da empresa de produzir biodiesel a partir da mamona.

– Estamos com duas misturas. Misturamos 70% de óleo de girassol à mamona, misturamos soja com mamona e melhoramos características físico-químicas desse biodiesel produzido. Não há dúvida em relação à capacidade de produzir biodiesel com mamona e nós estamos fazendo isso com qualidade – avaliou.

Segundo informações da subsidiária da Petrobras para o setor de biocombustíveis, o óleo de mamona é produzido pela empresa desde o dia 28 de outubro. Já foram processadas, até o momento, 2,112 mil toneladas de mamona.

“Toda a matéria-prima vem do programa de suprimento de oleaginosas, desenvolvido pela Petrobras Biocombustível em parceria com a agricultura familiar. Este domínio de tecnologia fortalece a estratégia da empresa de diversificação de matérias-primas para a produção de biodiesel, estimulando os mercados agrícolas regionais”.

Fonte:

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Consórcio Vale/Biopalma adquire sementes para plantio de mais de 12 mil hectares de mudas

O Consórcio Brasileiro de Produção de Óleo de Palma - Vale/Biopalma acaba de adquirir mais de dois milhões de sementes pré-germinadas de palma, quantidade suficiente para o preparo de mudas que resultarão no plantio de 12,5 mil hectares em janeiro de 2011, no centro-norte do Estado de Pará. Cerca de 1400 empregos serão gerados durante essa etapa do projeto, que prevê a extração, a partir das mudas, do óleo de palma, matéria-prima para a produção de biodiesel.

Até 2013, serão plantadas 9,3 milhões de mudas de palma, numa área de 60 mil hectares. No total, serão gerados cerca de 6 mil empregos diretos no campo e a possibilidade de renda para duas mil famílias de pequenos produtores.

A partir de 2014, o insumo energético irá abastecer toda a frota de 216 locomotivas da Estrada de Ferro Carajás (EFC), além de máquinas e equipamentos do Sistema Norte.

As sementes foram obtidas por meio de melhoramento genético utilizando matrizes de dendê nativo da Amazônia brasileira em cruzamento com o dendê nativo da África. Com isso, a palmeira se torna mais produtiva, com maior longevidade, mais resistente e muito mais adaptada à Amazônia brasileira.

Projeto Biodiesel - Em junho deste ano, a Vale anunciou consórcio com a Biopalma da Amazônia S.A para a produção de biodiesel na Região Norte do país. Serão produzidas 500 mil toneladas por ano de óleo de dendê, sendo parte dessa produção transformada em 160 mil toneladas de biodiesel para a Vale, que serão utilizadas para autoconsumo. O restante do óleo de palma será comercializado pela Biopalma.

Este volume de biodiesel corresponde à redução de cerca de 12 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera durante a duração do projeto, em relação às emissões do diesel comum, desconsideradas as emissões relativas à cadeia produtiva do biodiesel. Esse quantitativo corresponde à emissão de mais de 200 mil carros circulando no mesmo período.

O consórcio, que tem 41% de participação da Vale, será o maior produtor de óleo de palma das Américas e investirá cerca de US$ 500 milhões. O investimento da Vale será de US$ 305 milhões, que engloba a participação no consórcio e também a implantação e operação da planta de biodiesel, que será 100% Vale.

Linha do tempo - Nos últimos anos, a Vale utiliza o biodiesel em suas operações em diferentes concentrações.

Veja o histórico a seguir: 2007 - Vale se antecipa à Lei Federal 11.907/05 e passa a utilizar o B2 (mistura 2% de biodiesel e 98% de diesel comum) em suas locomotivas, caminhões fora-de-estrada e na geração elétrica e, além disso, firma parceria com a Petrobras para uso do B20 (20% de biodiesel e 80% de diesel comum) nas locomotivas das estradas de ferro Vitória a Minas e Carajás. A Vale utilizou a mistura B20 até dezembro do mesmo ano;

2008 - O B2 é substituído pelo B3 (3% biodiesel e 97% diesel comum) | 2009 - Assinatura do contrato Vale e Biopalma para produção de óleo de palma, para posterior transformação em biodiesel. Já foi realizado o plantio de 800 mil mudas em 5.000 hectares e estão sendo preparadas mais de 2 milhões e 300 mil mudas de palma para o plantio de 12.500 hectares no início de 2010 | 2011 - Será realizada a colheita dos primeiros frutos e a produção do óleo | 2014 - Produção do biodiesel. A Vale se tornará autosuficiente na produção do combustível e, com isso, passará a utilizar o B20, antecipando-se à legislação.

Consórcio em números até 2010: Projeto de US$ 500 milhões, mais de US$ 120 milhões já investidos até abril de 2009 | Cerca de 130.000 ha de terras adquiridas, sendo 60 mil ha (5 mil já plantados) para plantio e 70 mil para preservação | Viveiro para 12.500 ha para plantio em 2010 | Um polo em funcionamento – Moju.

Até 2022 (maturidade): Seis pólos e seis usinas. 36 MW de co-geração de energia nas seis usinas | Produção de cerca de 500 mil toneladas de óleo de palma | Mais de 6 mil empregos diretos gerados | 15 mil ha de agricultura familiar, envolvendo até 2 mil famílias

Fonte:

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Biodiesel direto do galinheiro

Resíduos da criação de galinhas, como as penas, podem ser usados para produzir biodiesel de baixo custo e boa qualidade, de acordo com um estudo realizado na Universidade de Nevada, nos Estados Unidos. Os pesquisadores ferveram as vísceras e resíduos de galinhas, que contêm 11% de gordura e são usados como alimento ou fertilizante, por causa do alto teor de nitrogênio. Extraíram a gordura em água fervente e a converteram em biodiesel usando hidróxido de potássio e metanol. Esse processo produz biodiesel de boa qualidade, comparável a equivalentes de soja e óleo de palma, de acordo com um artigo publicado em julho na revista Journal of Agricultural and Food Chemistry. A meta é atingir um custo de produção de US$ 0,20 por litro, abaixo do biodiesel de soja, que custa de US$ 1,8 a US$ 2,1 por litro. A estimativa é que esse método possa gerar de 500 milhões a 750 milhões de litros de biodiesel nos Estados Unidos e 2 bilhões mundialmente.

Fonte: FAPESP

Consórcio vai plantar 60 mil hectares de palma

Projeto do Consórcio Brasileiro de Produção de Óleo de Palma/Dendê (Elaeis guineensis, Jacq.) - Vale/Biopalma prevê o plantio de 12,5 mil hectares da oleaginosa no centro-oeste do Pará em janeiro de 2011. Para tanto, a organização acaba de adquirir mais de 2 milhões de sementes pré-germinadas. A proposta do consórcio, que será o maior produtor de óleo palma das Américas, é a de ter 9,3 milhões de mudas plantadas em uma área de 60 mil hectares até 2013.

Na fase do projeto que cobre o período até 2011, está prevista a geração de 1.400 empregos. Com a fase seguinte - até 2013 -, esse número deve subir para 6 mil empregos diretos no campo, com geração de renda para 2 mil famílias de pequenos produtores rurais.

A empresa prevê que a partir de 2014 poderá usar o biocombustível no abastecimento da frota de 216 locomotivas da Estrada de Ferro Carajás (EFC).

As sementes foram obtidas por meio de melhoramento genético utilizando matrizes de dendê nativo da Amazônia brasileira em cruzamento com o dendê nativo da África. Com isso, a palmeira se torna mais produtiva, com maior longevidade, mais resistente e muito mais adaptada à Amazônia.

Histórico - Em junho, a Vale anunciou a formação do consórcio com a Biopalma da Amazônia S/A para a produção de biodiesel na Região Norte do País. Serão produzidas 500 mil toneladas por ano de óleo de dendê, sendo parte dessa produção transformada em 160 mil toneladas de biodiesel para a Vale, que serão utilizadas nas atividades da empresa. O restante do óleo de palma será comercializado pela Biopalma.

Este volume de biodiesel corresponde à redução de cerca de 12 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera durante a duração do projeto, em relação às emissões do diesel comum, desconsideradas as emissões relativas à cadeia produtiva do biodiesel. Esse quantitativo corresponde à emissão de mais de 200 mil carros circulando no mesmo período.

Fonte: DiárioNet

A vez da canola

A implantação da indústria de biocombustíveis BSBios possibilitou um salto na área plantada e na produtividade da região de Passo Fundo. Em quatro anos, a produção de Canola (Brassica napus L. e Brassica rapa L.) passou de zero para 10 mil hectares, diversificando o perfil agrícola. No ano passado, foram fabricados 90 milhões de litros de biodiesel pela usina.

Até o final de 2009, a empresa pretende produzir 115 milhões de litros, o que equivale a cerca de 75% da capacidade autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de 159 milhões de litros. Os investimentos feitos no Rio Grande do Sul abrem uma nova perspectiva de oferta do produto para um mercado em franca expansão. A partir de 2010, entra em vigor o B5, a mistura de 5% de biodiesel no diesel.

- Temos um mercado ilimitado, baseado no número de empresas autorizadas a produzir biodiesel e em novos projetos para a região, comparando a capacidade produtiva ao consumo do produto no Estado e já considerando o mercado de B5
para 2010 - afirma o superintendente da BSBios, Erasmo Carlos Battistella.

Segundo estimativas da empresa, cerca de 20 mil famílias gaúchas, direta ou indiretamente, fornecem matéria-prima para a usina. No Rio Grande do Sul, o percentual de produtores da agricultura familiar é expressivo.

- Acreditamos que 50% dessas famílias sejam de pequenos produtores - diz Batistella.

A matéria-prima da BSBios é a soja, principalmente por causa do volume de grãos disponíveis - são cerca de 4,5 milhões de hectares plantados anualmente no Estado -, da liquidez de mercado e da grande quantidade de produto final, o biodiesel. Em todo o Brasil, a soja representa 85% da fonte do biocombustível, sendo o restante composto por gorduras animais, óleos reciclados e uma pequena parte de óleos de culturas alternativas.

A indústria tem programas de incentivo a culturas alternativas. A partir deste ano, como segunda matéria-prima, a canola será a alternativa à soja. Atualmente, 10
mil hectares de canola são dedicados à produção
de biodiesel, plantados por redes de cooperativas. Outras plantas, como mamona e girassol, ainda carecem de maior

- A canola é a melhor alternativa porque não concorre com a soja, nossa principal cultura - explica o superintendente da BSBios.

Os grãos de canola produzidos no país têm 38% de óleo, segundo informações da Embrapa/Trigo, de Passo Fundo. A soja tem 18%. Além disso, como biocombustível, é possível aproveitar os grãos que não tem excelente qualidade para a venda.

Outro ponto a favor é que a canola constitui a terceira maior commoditie do mundo, responsável por 16% da produção de óleos vegetais. Estima-se em 2 milhões de hectares a área anteriormente utilizada pelo trigo no Estado e agora disponível para as lavouras de canola.


Fonte:

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Inajá é a nova matéria-prima da Petrobras para biodiesel

A Petrobras Biocombustível está ampliando seus investimentos e diversificando a utilização das matérias-primas na fabricação do biodiesel. A estatal acaba de firmar um acordo com a Prefeitura do Município de Mucajaí, em Roraima, para a construção de uma usina para a produção de biodiesel a partir do inajá, uma palmeira oleaginosa nativa da região Amazônica cuja utilização para fins combustíveis ainda é inédita. O anúncio oficial do empreendimento, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), deve ser feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 14 de setembro, durante sua visita ao estado. O custo inicial da planta é estimado em R$ 7 milhões.

Pesquisadores da unidade da Embrapa em Roraima defendem o potencial energético da planta que pode chegar a produzir 3.690 litros de biodiesel por hectare ao ano, superando em produtividade outras fontes de óleo. No caso da soja - que representa cerca de 90% da produção nacional - a produtividade é de aproximadamente 500 litros por hectare. "A palmeira oleaginosa pode ser cultivada em todo o estado, com manejo barato, acessível ao pequeno produtor. Assim ela pode representar uma grande mudança na condição econômica do estado", disse Otoniel Ribeiro Duarte, pesquisador da Embrapa.

Ontem o braço de biocombustíveis da Petrobras e o Banco do Brasil assinaram o convênio de integração (BB Convir) voltado ao financiamento da agricultura familiar. Cerca de 60 mil famílias de pequenos agricultores poderão ter acesso à linha de crédito. Serão destinados R$ 90 milhões ao cultivo de oleaginosas, como a mamona e o girassol, para a produção de biodiesel nas usinas dos municípios de Quixadá, no Ceará, Montes Claros, em Minas Gerais, e Candeias, na Bahia.

Segundo a Petrobras, além de viabilizar condições de acesso ao crédito, por meio da parceria firmada com o BB, será assegurado o fornecimento de sementes, assistência técnica e logística para transporte da produção. Os agricultores conveniados assumem o compromisso de entrega de sua produção à empresa que, por sua vez, garantirá a compra dessa produção por preço de mercado ou pelos valores estabelecidos no Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF) caso seja mais vantajoso para os agricultores.

De acordo com Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, a companhia também está flertando com várias possibilidades de aquisição ou composição de parcerias de unidades de produção, além de estudos para construir usinas de biodiesel. Nesta última alternativa já há, inclusive, a localização desta que seria a quarta unidade da empresa nesta área. "Estamos estudando o Pará", confirmou o diretor.

Pelos planos da Petrobras, há a intenção de dobrar a atual produção de biodiesel de 1,3 milhão de metros cúbicos por ano para 2,6 milhões de metros cúbicos por ano em 2013. "Isso virá das novas parcerias, das aquisições, construção de novas e velhas usinas e até do desengargalamento das unidades já existentes, que podem aumentar sua produção em até 50%", comentou o executivo.

Apesar de a produção de biodiesel hoje no Brasil estar muito além da demanda, novos investimentos continuam sendo anunciados. No Rio Grande do Sul, o grupo Camera Agroalimentos S.A. comunicou um aporte de R$ 30 milhões para a construção de uma indústria na cidade de Ijuí. A planta, que terá capacidade para produzir 300 mil litros por dia, deve começar a operar em abril de 2010. Atualmente a empresa é responsável por mais de 30% do volume de óleo de soja, canola e girassol produzido e comercializado no estado.

Fonte:

sábado, 5 de setembro de 2009

Abacate gera biodiesel e álcool etílico

Pesquisa destaca viabilidade do uso do abacate para produção de biocombustível. Do fruto se extrai as duas principais matérias-primas do biodiesel: óleo (da polpa) e álcool etílico (do caroço).


O abacate apresenta uma vantagem em relação a outras oleaginosas estudadas ou usadas para a produção de biocombustível, como a soja. O motivo é que do mesmo fruto é possível extrair as duas principais matérias-primas do biodiesel: óleo (da polpa) e álcool etílico (do caroço).

A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que afirmam que o abacateiro pode ser uma cultura alternativa para a produção de biodiesel.

Óleo e álcool da mesma fonte

"O objetivo principal da pesquisa era a extração do óleo para produção de biodiesel. Mas, ao tratarmos o resíduo, que é o caroço, conseguimos obter álcool etílico. Isso, por si só, é uma grande vantagem, já que da soja é extraído somente o óleo e a ele é adicionado o álcool anidro", explicou Manoel Lima de Menezes, professor do Departamento de Química da Faculdade de Ciências da Unesp, em Bauru, e coordenador da pesquisa.

O Brasil é o terceiro produtor mundial de abacate, com cerca de 500 milhões de unidades produzidas por ano. Cultivado em quase todos os estados, mesmo em terrenos acidentados, a produção se dá o ano todo, com 24 espécies que frutificam a cada três meses.

Óleos para produção de biodiesel

Não são todos os óleos vegetais que podem ser utilizados como matéria-prima para produção de biodiesel, pois alguns apresentam propriedades não ideais, como alta viscosidade ou quantias elevadas de iodo, que são transferidas para o biocombustível e o tornam inadequado para o uso direto em motor de ciclo diesel.

Segundo Menezes, o teor de óleo do abacate varia de 5% a 30%. As amostras coletadas na região de Bauru (SP) apresentaram, no máximo, 16% de teor de óleo. "Esse índice é similar ao teor de óleo da soja que, na mesma região, é de 18%", comparou.

Rendimento do abacateiro

"Teoricamente, é possível extrair de 2,2 mil litros a 2,8 mil litros de óleo por hectare de abacate", disse. O número é considerado por ele elevado quando comparado com a extração de outros óleos: soja (440 a 550 litros/hectare), mamoma (740 a 1 mil litros/hectare), girassol (720 a 940 litros/hectare) e algodão (280 a 340 litros/hectare).

Já o caroço do abacate tem 20% de amido. Com base nesse percentual, estima-se que seja possível extrair 74 litros de álcool por tonelada de caroço de abacate. Valor próximo ao da cana-de-açúcar, que possibilita a extração de 85 litros por tonelada, enquanto a mandioca fornece 104 litros por tonelada.

Apesar da enorme disponibilidade do fruto no Brasil, o óleo do abacate ainda é importado, pela falta de tecnologias adequadas para o processamento. O principal obstáculo para obtenção do óleo é o alto teor de umidade - o abacate tem 75% de água, em média -, que afeta o rendimento da extração. Esse foi um dos desafios que a pesquisa se propôs solucionar: aperfeiçoar as metodologias de extração para obter melhor rendimento.

Extração do óleo da fruta

De todos os métodos estudados pelo grupo orientado por Menezes, o melhor resultado foi obtido com a desidratação. Foi desenvolvido um forno rotativo, com ar quente e, após a secagem, a polpa foi moída e colocada na prensa, seguida do processo de suspensão com solvente. A partir desse momento, foi transferida para uma centrífuga de cesto, desenvolvida pelo grupo. "Com a força centrífuga, a polpa fica bem seca e o rendimento melhora", observou Menezes.

Da extração do óleo, passou-se para a produção do biodiesel, o que inclui uma etapa de purificação. Uma vez purificado, foi feita a síntese do biodiesel, já com o método tradicional utilizado atualmente, que é a reação por transesterificação (conhecido como método Ferrari), seguido pela caracterização por cromatografia gasosa.

Essa é a técnica exigida pela ANP 42, regulamentação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis que define a caracterização e avaliação da qualidade do produto obtido e deve ser seguida pelos mercados comprador e fornecedor.

Hidrólise alcalina e enzimática

O primeiro estudo feito com o caroço foi a hidrólise enzimática, com a qual se obteve rendimento baixo, de cerca de 24 litros por tonelada. Agora, os pesquisadores estão iniciando uma nova etapa, que é a hidrólise alcalina e/ou ácida sob pressão, seguida por hidrólise enzimática para melhorar o rendimento.

Grande parte dos parâmetros físico-químicos está de acordo com as exigências da regulamentação ANP 42, com exceção do teor de glicerina total e acidez, que ficaram um pouco acima, segundo Menezes.

Os teores de enxofre, fósforo e sódio não foram determinados nessa etapa do projeto devido à dificuldade em encontrar laboratórios para executar os ensaios. Esses são aspectos que a pesquisa continuará analisando para que fiquem totalmente compatíveis com os parâmetros da ANP 42.

"Nosso objetivo é propor o emprego da técnica de espectrofotometria de absorção atômica, empregada na determinação de metais e desenvolver uma nova metodologia que possa ser adaptada para análise do fósforo", disse.

Como os demais resultados obtidos estão em conformidade com a regulamentação, os pesquisadores consideram que a metodologia empregada é adequada para realizar a síntese do produto.

Viabilidade econômica

Segundo o estudo feito na Unesp, as características do biodiesel do óleo de abacate são bastante semelhantes às verificadas com o biodiesel de soja, com exceção da coloração, que é esverdeada, diferente do amarelo no caso da soja. Mas isso não afetaria a qualidade.

"Na análise de carbono, a clorofila não alterou o resíduo de carbono que a norma estabelece. Ficou abaixo. Portanto, nesse caso, a cor não interfere na qualidade, é mais uma questão de aparência. Clarificar, portanto, é opcional, diferentemente da aplicação medicinal, em que clarificar levaria à perda de propriedades medicinais, ao passo que a coloração escura não tem apelo comercial na produção de cosméticos", disse Menezes.

A viabilidade econômica do biodiesel de abacate não foi foco dessa etapa do estudo nem é a especialidade desse grupo de pesquisa, segundo o coordenador. O custo do biodiesel ainda é alto. Produz-se óleo de soja a um custo de R$ 1,20 o litro. O álcool anidro para adicionar é comprado a R$ 0,74 o litro. O abacate tem a vantagem de oferecer as duas matérias-primas e, por enquanto, a um custo mais baixo que o da soja, segundo Menezes.

A extração do óleo e álcool do abacate ainda demanda investimentos em equipamentos. De acordo com o professor da Unesp, é necessário estudar o desenvolvimento de um despolpador - para separar a polpa do caroço - e produzir a centrífuga para obter máximo rendimento. O estudo resultou na apresentação de quatro trabalhos em congressos nacionais.

Fonte:

Governo quer começar a exportar biodiesel

BRASÍLIA - O governo quer exportar biodiesel brasileiro produzido a partir da soja e negocia a entrada do produto em vários países. Os principais compradores seriam os Estados Unidos e, principalmente, países da União Europeia, grande consumidora, mas que vem impondo barreiras à compra do produto brasileiro alegando que a produção local não possui sustentabilidade. A informação é do coordenador de agroenergia do Ministério da Agricultura, Tiago Quintela Giuliani, que participa neste quarta-feira, 19, da Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel. "Sustentabilidade é o nosso entrave para a exportação", disse.

Para ganhar o mercado externo, o governo, junto com o setor privado, realiza estudos para mostrar que o produto brasileiro é obtido de forma sustentável na maior parte do País. "O governo quer exportar, mas é possível que tenhamos que adequar a produção em algumas regiões para atender à União Europeia", disse Giuliani.

Em 2008, a produção e o consumo de biodiesel no Brasil foi de 1,1 bilhão de litros, mas a capacidade instalada do setor é de 3,3 bilhões, o que torna a capacidade ociosa em 2,2 bilhões de litros. A expectativa é a de que o consumo interno do produto passe para 1,6 bilhão este ano, com o aumento de 1 ponto porcentual, para 4% (B4), da adição do produto ao diesel usado como combustível de veículos. "Temos uma capacidade instalada bem superior ao consumo local", comentou o presidente da Câmara e coordenador geral de agroenergia do Ministério da Agricultura, Denilson Ferreira.

Para 2010, a expectativa é de um aumento de mais 400 milhões de litros com a possibilidade da entrada em vigor, já em janeiro, de uma fatia de 5% (B5). A decisão de elevar a cota caberá ao Conselho Nacional de Política Energética do Ministério de Minas e Energia, já que, pela legislação em vigor, o aumento pode ocorrer até 2013.

O consumo de diesel no País no ano passado foi de 44 bilhões de litros. "Cada um ponto porcentual de aumento é algo muito significativo", disse o presidente da Câmara. Ele lembrou que, como o Brasil é importador do produto, com o aumento da utilização do biodiesel, a balança comercial também é beneficiada com a redução da necessidade de compra de diesel.

Atualmente, cerca de 80% da produção de biodiesel brasileiro tem a soja como matéria-prima - o grosso da produção restante é proveniente de sebo bovino. Neste momento, o País busca outras fontes de matéria-prima, como o dendê e a canola.

Fonte:

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Biocombustível já alcança o mundo inteiro

Um estudo do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento mostra as perspectivas dos biocombustíveis em todo o mundo. Na busca por energias renováveis e, principalmente, que emitam volume menor de gases que provocam o aquecimento global, o países adotaram programas de produção e uso de álcool para ser adicionado à gasolina e de biodiesel a partir das mais diversas matérias-primas e em porcentagens variadas.

O levantamento foi feito pelo Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia do ministério. Confira:

América Central

El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Costa Rica prevêem uma produção de cerca de 500 milhões de litros até 2010, suficientes para atender a uma mistura de 10% na gasolina.

América do Sul

Argentina - A regulamentação argentina estabelece que a partir de 1º de janeiro de 2010 será obrigatória a mistura de 5% de etanol na gasolina e de biodiesel no diesel mineral. Em 2010, a demanda por etanol será de cerca de 250 milhões de litros e por biodiesel, de cerca de 715 milhões de litros. O país tem planos de atender a demanda doméstica com folga e se tornar exportador de biocombustíveis dentro de poucos anos.

Colômbia - Desde de 2006, já se usa E10 (mistura de 10% de etanol) nas cidades com mais de 500 mil habitantes: Bogotá, Cáli, Medellin, Barranquilla, Cartagena e Bucaramanga. Para atender a demanda são necessários, aproximadamente 150 mil hectares de cana-de-açúcar e 9 destilarias para produzir 985 milhões de litros de etanol ao ano. O país planeja aumentar a mistura para 20% a partir de 2012.

Equador - Estava previsto para julho o projeto piloto na cidade de Guayaquil, misturando 5% de etanol à gasolina. A demanda de 40 mil litros/dia deverá ser atendida por produção doméstica a partir de cana.

Paraguai - O Programa Nacional de Biocombustíveis foi estabelecido em abril de 2008. No ano passado, a produção nacional de biodiesel foi de cerca de 30 milhões de litros e a de etanol, de 70 milhões de litros. Em 2009 definiu-se a mistura obrigatória de 5% de biodiesel no diesel. Em março de 2009 mistura de etanol na gasolina foi elevada de 18% para 24%.

Peru - Em junho de 2006 o uso do etanol foi iniciado em sete regiões e em 2010 todo o país deverá usar E8. O governo peruano pretende exportar cerca de 1,15 bilhão de litros em 2010. No caso do biodiesel, a mistura de 5% será adotada este ano em cinco províncias e partir de 2010 em todo o país.

Uruguai - Em outubro de 2008 foi publicado decreto que regulamenta a Lei Nacional de Agrocombustíveis. A partir de 2009 iniciou-se a mistura obrigatória de 2% de biodiesel, mistura que subirá para 5% em 2012. No caso do etanol, a mistura entrará em vigor em 2015, com 5%.

Venezuela - O país planeja usar a mistura E10 e hoje em dia conta com importações do Brasil e produção doméstica. A Petrobras e a Petroleos de Venezuela S.A firmaram um acordo pelo qual a empresa brasileira já começou a exportar etanol para aquele país em lotes mensais de 25 milhões de litros. O projeto de desenvolvimento agroindustrial na Venezuela deve estar totalmente implantado em 2012, com 14 destilarias. Serão gerados 800 mil empregos diretos e indiretos e produzidos 20 mil barris diários de etanol a partir de 300 mil hectares de cana plantada.

América do Norte

Estados Unidos - O país produziu 34 bilhões de litros em 2008 por conta da entrada em operação de 31 novas destilarias. Atualmente, são 139 destilarias com capacidade de produção de cerca de 38 bilhões de litros. O nível de mistura é diferente de acordo como o Estado, sendo Minnesota o Estado com o maior nível de mistura, 10%. A produção norte-americana ocorre atualmente em 26 diferentes Estados. Existem também incentivos aos veículos E85, mas as 1.900 bombas para este tipo de combustível ainda estão restritas a regiões produtoras de etanol. O RFS (Renewable Fuels Standard) determina um consumo de 42 bilhões de litros de biocombustíveis em 2009 e o etanol deverá responder por cerca de 40 bilhões desta demanda. Os EUA produzem etanol a partir do milho.

Canadá - Para atender aos compromissos do Protocolo de Kyoto, o Canadá pretende substituir o consumo de 35% de sua gasolina com misturas de 10% de etanol, o que vai implicar a produção de 1,3 bilhão de litros. Para isso, sete destilarias são planejadas dentro do programa de expansão do etanol. As novas destilarias terão capacidade de produzir até 760 milhões de litros. Ontário, Saskatchewan e Manitoba já contam com instrumentos de incentivo à produção como subsídios, incentivos fiscais e obrigatoriedade de mistura. Além disso, também têm sido incentivados projetos para carros flex do tipo E85. Embora os projetos estaduais estejam em funcionamento, as perspectivas para adoção da mistura em nível nacional ainda são baixas.

México - O país tem planos de produzir 200 milhões de litros de etanol para atender a uma mistura de 2% na cidade de Guadalajara, a partir do quarto trimestre de 2010. Dependendo do resultado, a mistura pode ser estendida para a Cidade do México (demanda adicional de 530 milhões de litros ao ano) e para a cidade de Monterrey (demanda adicional de 150 milhões de litros ao ano) a partir de 2012. Para atender a tal demanda será necessário modernizar as usinas que já produzem álcool para outros fins. No caso do biodiesel, o México pretende misturar 5% a partir de 2012, mas a indústria ainda está em fase muito inicial. O governo mexicano planeja investir na produção de oleaginosas para biodiesel também: seriam 300 mil hectares de palmáceas cultivadas em 2012 em nove Estados.

Ásia/Oceania

China - Desde 2001, a China promove o uso de etanol em projetos piloto em 5 cidades da região central e nordeste do país (Zhengzhou, Luoyang e Nanyang na província de Henan e Harbin e Zhaodong na província de Heilongjiang). A destilaria de Jilin Tianhe, a maior do mundo, está produzindo cerca de 900 milhões de litros por ano, mas tem capacidade para produzir até 1,2 bilhão de litros. A China aprovou a mistura de 10% de etanol na gasolina em seis províncias e regiões, com a meta de misturar 2,5 bilhões de litros de etanol na gasolina até 2010 e 12,5 bilhões de litros até 2020. No entanto, sua capacidade de produção de etanol gira em torno de 1,9 bilhão de litros por ano, sendo 1,6 bilhão de litros a partir de grãos. Com a decisão de somente apoiar a produção de etanol com matérias-primas que não causem conflito com a produção de alimentos, o programa de etanol do país deve estagnar no curto prazo. No caso do biodiesel, a China vai começar a mistura B5 como projeto piloto em Beijing, Shanghai e Guanghzou. Em 2010, o país pretende consumir 200 mil toneladas de biodiesel e em 2020, 2 milhões de toneladas.

Índia - Desde de 2003, o governo indiano determinou o uso de mistura E5 em dez estados, além de beneficiar o etanol com isenção de imposto sobre valor agregado. Os produtores de açúcar planejam construir 20 novas destilarias. As 10 destilarias existentes estão em Uttar Pradesh, Maharashtra e Tamil Nadu. O E5 representa uma demanda anual de 600 milhões de litros, porém problemas de safra canavieira e alta demanda por álcool para fins industriais têm dificultado a oferta de álcool combustível no país. A capacidade de produção atual é de cerca de 1,7 bilhão de litros, com capacidade instalada para até 2,7 bilhões.

Tailândia - O país estabeleceu a mistura E10 desde 2007, o que representava uma demanda de 1,5 bilhão de litros. Já foram construídas nove novas destilarias. Os produtores contam com diversos incentivos tributários, assim como os veículos flex. As matérias-primas usadas são melaço de cana e mandioca e a capacidade total de produção deve chegar a 3 milhões de litros ao final de 2009.

Austrália - O governo australiano vem tentando estimular o uso do etanol desde de 2000 por meio de incentivos tributários e subsídios aos produtores, visando produzir 350 milhões de litros até 2010, o que seria suficiente para substituir 1% de toda a demanda por combustível. O governo continua dando suporte aos biocombustíveis por meio de isenção tributária, embora este benefício deva começar a diminuir em 2011/12 até terminar em 2015/16. A capacidade estimada de produção de etanol é de 180 milhões de litros e de biodiesel, de 75 milhões de litros. A produção de etanol deverá crescer em 2010. No total, a produção de etanol e biodiesel em 2010 deverá exceder em 15 milhões de litros. O objetivo de governo seria produzir 350 milhões de litros.

Indonésia - O governo da Indonésia, por meio de decreto presidencial, resolveu que em 2030 a participação dos biocombustíveis na matriz energética do país deverá ser de 5%. As matérias-primas com as quais se tem trabalhado atualmente visando à produção de biocombustíveis são: cana-de-açúcar e mandioca, para produção de etanol; palma e pinhão manso, para o biodiesel. Outras fontes estão sendo estudadas, como sorgo doce e milho, para o caso do etanol; e coco, sementes de Hevea braziliancis, Aleurites molucana e alga, para o biodiesel. As metas de uso de biocombustíveis são misturas de etanol e biodiesel de 10% em 2010, 15% em 2015 e 20% em 2020.

Malásia - Continua a intenção do governo da Malásia de adotar a mistura de 5% de biodiesel no diesel mineral, mas por enquanto o foco da produção tem sido para exportação para União Européia e Estados Unidos. A capacidade de produção das 12 usinas do país é de cerca de 1,35 bilhão de litros de biodiesel.

Europa

União Européia - Uma diretiva não-obrigatória da Comissão Européia de 2003 sugeriu aos países da UE que substituíssem em 2% a demanda de combustíveis veiculares por biocombustíveis até o final de 2005 e 5,75% até 2010. Em 2007, uma nova diretiva traçou o plano de uso de energias renováveis: a UE deverá ter 20% de energias renováveis em sua matriz em 2020, sendo a participação mínima dos biocombustíveis de 10% do consumo de combustíveis do setor de transportes.

França - Permanece como o segundo maior produtor e consumidor europeu de biocombustíveis, devido aos incentivos fiscais. Em 2007, os biocombustíveis alcançaram uma participação de 3,5% do consumo total. Embora, tenha surgido uma preocupação com relação à sustentabilidade da produção, a indústria francesa continua avançando para cumprir a meta nacional de 7% de participação de biocombustíveis em 2010. As cotas de produção são de 3,2 milhões de toneladas de biodiesel e de 1,5 bilhão de litros de etanol.

Alemanha - A Alemanha reviu seus planos de mistura de biocombustívies em 2008. As metas foram reduzidas. Outra mudança importante foi que a partir de 2015 o parâmetro que vai definir o nível de mistura vai mudar de conteúdo energético para nível de redução de emissões de gases de efeito estufa. Entre 2010 e 2014 as metas de mistura de biodiesel e etanol serão respectivamente, 4,4% e 2,8%.

Espanha - Aprovou o uso compulsório do biocombustível numa proporção de 3,4% em 2009, subindo para 5,8% em 2010, e 7% em 2011.

Suécia - A Suécia é um dos países mais favoráveis e que mais incentivam a produção de uso de biocombustíveis na Europa. O E5 tem sido usado em diversos locais do país desde 2003 e o E85 agora está disponível em cerca de 280 postos de abastecimento. Grande parte do etanol consumido no país é importado do Brasil. Carros que usam biocombustíveis recebem isenção de impostos. A Suécia espera alcançar a mistura de 10% de etanol e 7% de biodiesel a partir de julho de 2010.

África

África do Sul - A estratégia do país é de avaliar a possibilidade da produção e uso de biocombustíveis por meio de um projeto piloto de cinco anos para inserir cerca de 400 milhões de litros ou 2% na matriz de combustíveis líquidos. O projeto faz parte do plano em nível nacional de contar com 30% de energia renovável em 2013. As propostas de mistura são de 2% de biodiesel e 8% de etanol. As matérias-primas para a produção destes biocombustíveis serão soja, canola e girassol para biodiesel e cana-de-açúcar e beterraba para etanol.

Zimbábue - Nos últimos 20 anos, o país tem utilizado uma mistura de etanol na gasolina: começou em 15% e passou para 12% devido ao aumento na demanda por combustíveis. No caso do biodiesel, o país tem planos de substituir 10% do diesel mineral com biodiesel de pinhão manso, soja, algodão e girassol até 2017, o que representaria cerca de 100 milhões de litros ao ano.

Nigéria - Memorando de entendimento entre a Petrobrás e a estatal nigeriana NNPC (Nigerian National Petroleum Corporation) estabelece meios de cooperação para implementação da mistura de etanol na gasolina na Nigéria. Além das importações, o país está investindo na produção doméstica, usando o sorgo-doce como matéria-prima. Há um projeto em andamento para construção de dez destilarias em dez Estados da Nigéria, num valor estimado de US$ 100 milhões.

Sudão - O Sudão inaugurou em 2009 a primeira destilaria de etanol da África construída por uma empresa de equipamentos brasileira. O país aproveitou sua já existente produção de cana-de-açúcar para produção de açúcar e incorporou a produção do combustível renovável. A produção da destilaria vai começar com 65 milhões de litros e será expandida para 200 milhões de litros ao ano até 2011.


Fonte: DiárioNet

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Biodiesel de Abacate

O abacateiro (Persea americana (sin.Laurus persea)) pode ser uma nova alternativa para a produção de biodiesel, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da UNESP

Segundo eles, o abacate apresenta vantagem em relação a outras oleaginosas estudadas ou usadas para a produção de biocombustível, como a soja. O motivo é que do mesmo fruto é possível extrair as duas principais matérias-primas do biodiesel: óleo (da polpa) e álcool etílico (do caroço).

“O objetivo principal da pesquisa era a extração do óleo para produção de biodiesel. Mas, ao tratarmos o resíduo, que é o caroço, conseguimos obter álcool etílico. Isso, por si só, é uma grande vantagem, já que da soja é extraído somente o óleo e a ele é adicionado o álcool anidro”, explicou Manoel Lima de Menezes, professor do Departamento de Química da Faculdade de Ciências da Unesp, em Bauru, e coordenador da pesquisa que teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio a Pesquisa - Regular.

O Brasil é o terceiro produtor mundial de abacate, com cerca de 500 milhões de unidades produzidas por ano. Cultivado em quase todos os estados, mesmo em terrenos acidentados, a produção se dá o ano todo, com 24 espécies que frutificam a cada três meses.

Não são todos os óleos vegetais que podem ser utilizados como matéria-prima para produção de biodiesel, pois alguns apresentam propriedades não ideais, como alta viscosidade ou quantias elevadas de iodo, que são transferidas para o biocombustível e o tornam inadequado para o uso direto em motor de ciclo diesel.

Segundo Menezes, o teor de óleo do abacate varia de 5% a 30%. As amostras coletadas na região de Bauru (SP) apresentaram, no máximo, 16% de teor de óleo. “Esse índice é similar ao teor de óleo da soja que, na mesma região, é de 18%”, comparou.

“Teoricamente, é possível extrair de 2,2 mil litros a 2,8 mil litros de óleo por hectare de abacate”, disse. O número é considerado por ele elevado quando comparado com a extração de outros óleos: soja (440 a 550 litros/hectare), mamoma (740 a 1 mil litros/hectare), girassol (720 a 940 litros/hectare) e algodão (280 a 340 litros/hectare).

Já o caroço do abacate tem 20% de amido. Com base nesse percentual, estima-se que seja possível extrair 74 litros de álcool por tonelada de caroço de abacate. Valor próximo ao da cana-de-açúcar, que possibilita a extração de 85 litros por tonelada, enquanto a mandioca fornece 104 litros por tonelada.

Apesar da enorme disponibilidade do fruto no Brasil, o óleo do abacate ainda é importado, pela falta de tecnologias adequadas para o processamento. O principal obstáculo para obtenção do óleo é o alto teor de umidade - o abacate tem 75% de água, em média -, que afeta o rendimento da extração. Esse foi um dos desafios que a pesquisa se propôs solucionar: aperfeiçoar as metodologias de extração para obter melhor rendimento.

Extração do óleo

De todos os métodos estudados pelo grupo orientado por Menezes, o melhor resultado foi obtido com a desidratação. Foi desenvolvido um forno rotativo, com ar quente e, após a secagem, a polpa foi moída e colocada na prensa, seguida do processo de suspensão com solvente. A partir desse momento, foi transferida para uma centrífuga de cesto, desenvolvida pelo grupo. “Com a força centrífuga, a polpa fica bem seca e o rendimento melhora”, observou Menezes.

Da extração do óleo, passou-se para a produção do biodiesel, o que inclui uma etapa de purificação. Uma vez purificado, foi feita a síntese do biodiesel, já com o método tradicional utilizado atualmente, que é a reação por transesterificação (conhecido como método Ferrari), seguido pela caracterização por cromatografia gasosa.

Essa é a técnica exigida pela ANP 42, regulamentação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis que define a caracterização e avaliação da qualidade do produto obtido e deve ser seguida pelos mercados comprador e fornecedor.

O primeiro estudo feito com o caroço foi a hidrólise enzimática, com a qual se obteve rendimento baixo, de cerca de 24 litros por tonelada. Agora, os pesquisadores estão iniciando uma nova etapa, que é a hidrólise alcalina e/ou ácida sob pressão, seguida por hidrólise enzimática para melhorar o rendimento.

Grande parte dos parâmetros físico-químicos está de acordo com as exigências da regulamentação ANP 42, com exceção do teor de glicerina total e acidez, que ficaram um pouco acima, segundo Menezes.

Os teores de enxofre, fósforo e sódio não foram determinados nessa etapa do projeto devido à dificuldade em encontrar laboratórios para executar os ensaios. Esses são aspectos que a pesquisa continuará analisando para que fiquem totalmente compatíveis com os parâmetros da ANP 42.

“Nosso objetivo é propor o emprego da técnica de espectrofotometria de absorção atômica, empregada na determinação de metais e desenvolver uma nova metodologia que possa ser adaptada para análise do fósforo”, disse.

Como os demais resultados obtidos estão em conformidade com a regulamentação, os pesquisadores consideram que a metodologia empregada é adequada para realizar a síntese do produto.

Viabilidade econômica

Segundo o estudo feito na Unesp, as características do biodiesel do óleo de abacate são bastante semelhantes às verificadas com o biodiesel de soja, com exceção da coloração, que é esverdeada, diferente do amarelo no caso da soja. Mas isso não afetaria a qualidade.

“Na análise de carbono, a clorofila não alterou o resíduo de carbono que a norma estabelece. Ficou abaixo. Portanto, nesse caso, a cor não interfere na qualidade, é mais uma questão de aparência. Clarificar, portanto, é opcional, diferentemente da aplicação medicinal, em que clarificar levaria à perda de propriedades medicinais, ao passo que a coloração escura não tem apelo comercial na produção de cosméticos”, disse Menezes.

A viabilidade econômica do biodiesel de abacate não foi foco dessa etapa do estudo nem é a especialidade desse grupo de pesquisa, segundo o coordenador. O custo do biodiesel ainda é alto. Produz-se óleo de soja a um custo de R$ 1,20 o litro. O álcool anidro para adicionar é comprado a R$ 0,74 o litro. O abacate tem a vantagem de oferecer as duas matérias-primas e, por enquanto, a um custo mais baixo que o da soja, segundo Menezes.

A extração do óleo e álcool do abacate ainda demanda investimentos em equipamentos. De acordo com o professor da Unesp, é necessário estudar o desenvolvimento de um despolpador - para separar a polpa do caroço - e produzir a centrífuga para obter máximo rendimento. O estudo resultou na apresentação de quatro trabalhos em congressos nacionais.

Fonte: Agência FAPESP

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Coquetel de enzimas transforma biomassa em combustível para carros a hidrogênio

Ao imaginar o carro do futuro, no que você apostaria: em um carro com células a combustível alimentadas por hidrogênio ou em um carro a lenha?

Não esteja tão certo da resposta, porque é bem possível que as duas sejam apenas faces diferentes de uma mesma moeda - é uma questão de esquecer a imagem de toras de madeira crepitando para alimentar uma caldeira a vapor.

Pesquisadores norte-americanos criaram uma complexa mistura de enzimas que é capaz de consumir a celulose de pedaços de madeira, capim e diversos outros tipos de biomassa e liberar hidrogênio, que pode ser consumido diretamente pelas células a combustível.

Poção mágica
Com uma mistura de 14 enzimas, uma coenzima, biomassa de plantas não-alimentícias e água aquecida a 32º C, os pesquisadores produziram hidrogênio puro o suficiente para ser injetado diretamente em uma célula a combustível.

A célula a combustível usa o hidrogênio para produzir eletricidade, liberando água como subproduto. A eletricidade é usada para alimentar os motores elétricos do carro.

O processo é tão rápido quanto a produção natural do hidrogênio por fermentação e tem um rendimento energético maior do que a energia química armazenada em açúcares - o mais elevado rendimento na produção de hidrogênio já reportado até hoje a partir de materiais celulósicos.

Hidrogênio de alta qualidade
"Além de converter a energia química do açúcar, o processo também converte a energia termal, de baixa temperatura, em energia contida em um hidrogênio de alta qualidade," diz o professor Percival Zhang, da Universidade Virginia Tech.

A pesquisa é resultado do aprimoramento da descoberta original, anunciada há cerca de dois anos, quando o processo ainda era ineficiente e pouco robusto e era baseado em amido extraído de plantas utilizadas na alimentação.

Fonte:
Da:

Pesquisa da UFRJ busca produzir etanol a partir de alga marinha

Cientistas estudam espécie que já tem outros usos na indústria.

Perto de cana, produção por área 'plantada' seria maior.

Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) usa um tipo de alga que não se encontra em qualquer lugar. Tem origem na Ásia, mas no Brasil é que se revelou a possibilidade de se extrair álcool combustível delas.

Nem dá tempo de se distrair com a paisagem. Estamos navegando nas águas de Itacuruçá, litoral sul do estado do Rio de Janeiro.

Nosso destino não é uma praia. Estamos atrás de uma plantação: discreta, perto de um costão - dentro d’água, de algas. O que também pode surpreender alguns é a serventia dessas plantas.

As algas são as maiores produtoras de oxigênio do planeta.

Ajudam a limpar as águas, por se alimentarem de matéria orgânica, esgoto. Acredite: com a Kappaphycus alvarezii, nós temos contato todos os dias. Ela já é conhecida e explorada há anos em diferentes pontos do mundo, especialmente na Ásia. Dela se extrai uma geléia, a carragena, que é utilizada em vários produtos: pasta de dente, presunto, xampu e sorvete.

No Brasil, até agora, só houve autorização de plantio entre a Baía de Sepetiba, no Rio, e Ilhabela, em São Paulo. O cultivo é fácil e rápido. Em 45 dias, a alga está no ponto da colheita. Feita no braço, trazendo a rede que as mantêm na superfície. Você não sabia, mas já existe uma pesquisa para extrair da Kappaphycus alvarezii mais um produto.

ALGA SECA

A pesquisa do professor Maulori Cabral, da Universidade Federal do Rio, já dura dois anos. “A partir dessa alga seca, a primeira coisa é fazer a reidratação, com a lavagem para tirar sais. Ao lavar, você tem as algas que começam a ser reidratadas", mostra Maulori Cabral.

A fervura desse material é a próxima etapa - adicionando ácidos para "quebrar" a carragena, transformando-a em um líquido.

Depois, nova mistura, agora com leveduras, células que fermentam e produzem álcool a partir de moléculas de açúcar. Após 26 minutos, na estufa a 30ºC, em uma temperatura agradável, a quantidade de gás no tubo mostra que houve uma fermentação perfeita.

“Se tem gás na parte de cima, isso significa que o líquido tem uma mistura de água e etanol. Para ser utilizada como biocombustível, a mistura precisa ser destilada”, explica Maulori Cabral. Segundo o professor Maulori, se tudo der certo, em 2013 o projeto sai do papel. Ainda é preciso aumentar a produção de algas, melhorar as técnicas, investir em novas pesquisas. Só assim, teremos a que está sendo considerada a terceira geração do álcool combustível.

Ainda falta muito para isso se tornar realidade. Mas, segundo os pesquisadores, existem vantagens de se retirar álcool de alga, se comparado com o de cana: é possível uma produção bem maior na mesma área plantada e não ocupa terra, solo. Não é preciso usar água doce para irrigar. E ainda: a cana tem de ser colhida e moída rapidamente. Já a alga, depois de seca, pode ser estocada, servindo para regular a safra .

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terça-feira, 31 de março de 2009

No Brasil, a Mamona atrai produtor, mas não vira biodiesel

Produtores de regiões áridas do país investem na resistente oleaginosa e a vendem para a indústria ricinoquímica, que paga preços mais altos do que a indústria de biodiesel

Por Verena Glass

Semi-árido baiano - A Bahia é historicamente o maior Estado produtor de mamona do país. A cultura, que é uma tradicional alternativa para lugares de pouca chuva, chegou a ocupar 340 mil hectares do território baiano na safra 1984/85, época em que o Brasil ainda dominava o mercado internacional de óleo de rícino, principal destino do produto. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acompanha o plantio desde 1977.

Apesar de o país ter perdido a liderança do mercado de óleo para a Índia e a China na década de 1990, quando houve uma diminuição significativa da área plantada de mamona na Bahia, a oleaginosa passou a compor a cultura produtiva do sertanejo baiano assim como o milho e o feijão, formando a "tríade de sustentação" da agricultura familiar do semi-árido da Bahia.

Isto se deu, de forma geral, em função de alguns fatores: a relativa resistência à seca, o conhecimento empírico do cultivo, a produção das próprias sementes, a facilidade de armazenamento, a boa produtividade e um mercado sempre demandante. Tudo isso transformou a mamona, plantada em sistema de consórcio com as culturas alimentares, em uma espécie de fonte fixa de renda, disponível ao longo do ano e mesmo em períodos em que a estiagem maltratava as culturas alimentares.

Dados de acompanhamento de plantio divulgados em março deste ano pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) sustentam essa boa fama da mamona. Tomando-se como base as safras de feijão, milho e mamona de 2007/08 na região de Irecê, maior produtora do Estado, por exemplo, foram perdidos, em função da seca neste período, 56,8 mil hectares de feijão e 69,8 mil de milho, contra perdas de apenas mil hectares de mamona.

Já a relação de preços das três culturas favoreceu, em termos de maior valor, o feijão, cuja saca de 60 kg foi vendida, em média, a R$ 150. A saca de milho atingiu um preço médio de R$ 25, e a de mamona, R$ 73. Se compararmos as 2.017 toneladas de feijão colhidas na região com as 55.770 toneladas de mamona, no entanto, houve um rendimento de R$ 5,04 milhões para a primeira cultura e de R$ 66,9 milhões, para a segunda - um diferencial significativo para o orçamento dos agricultores.

Na safra deste ano (2008/09), ainda mais castigada pela estiagem, dados da EBDA apontam que, dos 45,4 mil hectares de feijão plantados na região de Irecê, 23,8 tinham sido perdidos até meados de fevereiro. As perdas do milho no mesmo período atingiram 25,5 mil dos 154,9 mil hectares plantados, e apenas a mamona resistiu.

Entretanto, apesar do bom desempenho agrícola e econômico da mamona, os agrônomos da EBDA Valfredo Vilela e Ariosvaldo Morais avaliam que a oleaginosa não tem suplantado ou substituído as culturas alimentares em termos de área plantada. Hoje, como na década de 1970, o sertanejo vê a mamona como um complemento da economia familiar - baseada no milho e no feijão -, mesmo porque a alta do preço é um fenômeno mais recente, desencadeado pela entrada da indústria do biodiesel num mercado dominado pela ricinoquímica até 2005.

Opção do biodiesel não alterou rotina
A longa convivência do sertanejo baiano com a mamona criou uma cultura muito própria de comercialização, que pouco se preocupa com o destino final do produto. Quando há uma organização maior dos agricultores, algumas cooperativas negociam diretamente com a indústria, mas no geral o destino da produção que sai da propriedade são os galpões dos atravessadores.

Em pequenos municípios como Itaitê (localizado na macrorregião produtora de Itaberaba) ou Cafarnaum (região de Irecê), o atravessador é quase uma entidade bancária, que recebe qualquer quantia de mamona e paga na hora, ou até adiantado. Mamona pode virar moeda de troca - três quilos de mamona por um quilo de arroz -, o dinheirinho da feira, ou a primeira mesadinha das crianças, que juntam restos e vendem no comércio por dois reais, explica o agrônomo da EBDA Valfredo Vilela.

Na opinião de muitos pequenos produtores do semi-árido baiano, a entrada da Petrobras no mercado de mamona do Estado, após a inauguração de uma usina de biodiesel no município de Candeias em 2008, resultou, até agora, numa oscilação favorável de preços - a saca de 60 kg atingiu um pico de R$ 86,00 no ano passado. Mas não foi suficiente para alterar a cadeia produtiva da cultura em termos de área plantada ou mesmo quanto às formas de comercialização.

A entrada da Petrobras no mercado de biodiesel está em linha com o plano estratégico 2009/2013 da empresa, divulgado em janeiro deste ano. Dos US$ 174,4 bilhões de investimentos previstos para o período, US$ 2,8 bilhões serão aplicados em agrocombustíveis. Uma das metas da empresa é atingir em 2013 a produção de 640 milhões de litros de biodiesel no país.

Apesar da atuação no mercado, a mamona não será transformada em biodiesel tão cedo. Com valor muito maior no mercado da indústria ricinoquímica, a parcela da oleaginosa adquirida pelas empresas de biodiesel também acaba destinada a ele, mesmo porque, no caso da Petrobras, as três usinas da empresa -Candeias, BA, Montes Claros, MG e Quixadá, CE - não tem equipamentos de esmagamento, operando apenas com óleo de soja comprado no mercado.

Apesar disso, a Petrobras planeja reforçar sua posição na Bahia. De acordo com o coordenador da Diretoria de Desenvolvimento Agrícola, Suprimento e Comercialização da Petrobras Biocombustível S/A, David Leal, a companhia tem a intenção de implantar um projeto amplo de parcerias com cooperativas, organizações sindicais e movimentos sociais para a promoção da mamona na agricultura familiar, tendo em vista principalmente o atendimento das exigências do Selo Combustível Social de aquisição de matéria-prima do setor para a usina de Candeias.

Segundo Leal, a empresa, que precisa comprovar a inclusão da agricultura familiar em até 30% do total de negócios da Petrobras para honrar as exigências do Selo, iniciou em 2007 um trabalho de divulgação de seu projeto de parceria que, a partir de 2009, inclui distribuição de sementes, assistência técnica, manejo de solo (principalmente descompactação das terras em áreas de menor produtividade) e contratos de compra e venda que garantem o preço de mercado ou um preço mínimo (calculado sobre a média dos preços dos últimos 36 meses) mais 10%, caso o mercado esteja pagando abaixo desse valor. Todos os contratos teriam vigência de cinco anos.

Movimentos sociais de olho na mamona
Com auxilio de entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento de Luta pela Terra (MLT), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Bahia (FETAG) e de cooperativas independentes, a Petrobras cadastrou, até final de fevereiro, 31,2 mil agricultores, afirmou Leal. Mas nem todos fecharam contrato com a empresa.

Na região de Itaitê, onde há nove assentamentos e um acampamento, o MST pretende estreitar as relações com a Petrobras através da Cooperativa Regional de Reforma Agrária da Chapada Diamantina (Coopracd, que tem um projeto de cultivo de mamona com a empresa através do programa Petrobras Fome Zero desde 2003). Mas, até o momento, os novos contratos ainda não foram formalizados em função da necessidade de ajustes, como os valores disponibilizados à assistência técnica e as formas de pagamento.

No assentamento do Baixão, um dos mais organizados da região e que comporta hoje 140 famílias, a mamona sempre foi um cultivo importante, apesar de complementar às culturas alimentares. Segundo o presidente da Coopracd, Edivando dos Santos, que também preside a Associação dos Assentados do Baixão e coordena o setor de produção do MST na região, apesar do projeto da Petrobras Fome Zero (que incluiu a construção de três galpões, a aquisição de vários veículos, um escritório em Itaitê e assistência técnica), a cooperativa acabou vendendo em 2008 a maior parte de sua produção para a indústria de óleo de mamona Bom Brasil, sediada em Salvador. Essa companhia pagava preços mais altos (até R$ 80 a saca de 60 kg) do que os oferecidos pela Petrobras (R$ 55, em média).

"A Bom Brasil também pagava na hora, enquanto a Petrobrás demorava até 30 dias para efetuar os pagamentos. Como é a cooperativa que compra a mamona dos produtores e repassa à indústria, se não tivermos dinheiro em caixa para remunerar os agricultores, a coisa fica muito complicada", explicou Edivando. Segundo ele, houve pequenas vendas para a Petrobras para garantir a diversificação do mercado, mas em 2009 a política de comercialização continuará baseada nas melhores condições de oferta.

Já em Cafarnaum, município que é um dos maiores produtores de mamona do país e com cerca de 17,5 mil habitantes, a maioria na zona rural, a Petrobras ou outras indústrias de biodiesel, como a Brasil Ecodiesel, ainda não entraram no mercado, afirma o agricultor Iranildo Alves dos Santos.

Considerado um "grande" produtor - em seus 380 hectares, 70% da produção agrícola são de mamona não consorciada com milho e feijão, culturas que ocupam o restante da área -, Santos tem investido em melhoramentos de sementes e manejo, e comemora a alta dos preços impulsionados pelo biodiesel, mas de resto não vê diferença no mercado com a chegada das indústrias de agroenergia na Bahia.

"A Petrobras esteve aqui no ano passado, mas fez apenas uma explanação do projeto do biodiesel. Até o momento não me interessei, porque aqui temos grande desconfiança depois dos fracassos dos contratos com a Brasil Ecodiesel no passado, que não renderam nada a quem fez", explicou Santos.

Já o agricultor Firmino Rosa de Souza, que tem 43 hectares divididos com seu filho Joselito, não sabe o que é biodiesel nem quem são os compradores finais de uma pequena produção que é vendida aos atravessadores. Com a estiagem deste ano, a família de Joselito perdeu praticamente toda a produção de milho e feijão, e a mamona passou a ser um tipo de "seguro de vida", explica o agricultor. "Aqui, quando tudo acaba, a nossa sobrevivência depende da mamona, que ainda se segura. Sobre o biodiesel, fico só parado escutando. Não me preocupo para onde vai a minha mamona, na roça eu só penso mesmo em trabalhar".

Clique aqui e leia o último relatório sobre mamona produzido pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis da Repórter Brasil.

Fonte:

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pesquisa mostra que palmeira inajá serve para biocombustível

A palmeira Inajá (Maximiliana maripa) pode ser uma das opções de oleaginosas para a produção de biodiesel no estado de Roraima, onde a planta se desenvolve em grandes áreas.

A constatação faz parte da tese de doutorado do pesquisador Otoniel Ribeiro Duarte, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-Roraima), dentro do Programa de Biocombustíveis com a orientação da pesquisadora Ires Paula de Andrade Miranda do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT)

Os resultados mostraram que a palmeira passa a ocupar posição privilegiada na lista das oleaginosas promissoras, tornando-se estratégica dentro do Programa Nacional de Produção e usos de Biocombustíveis. Além disso, preenche quesitos relativos ao desenvolvimento regional, inclusão social e preservação ambiental.

O estudo mostrou ainda que o inajá, por meio de seus resíduos das sementes e frutos, também aponta grandes possibilidades de inserção na dieta de aves e suínos em mistura nas rações tradicionais desses animais.

Duarte enfatiza que o manejo desta palmeira em pastagens e roçados se torna uma alternativa interessante, pois devido a alta regeneração que ocorre nestes ambientes abertos, adaptação em solos pobres quimicamente, ausência de espinhos e a alta produtividade em óleos permite um manejo barato e fácil, gerando renda aos pequenos produtores rurais.

Segundo o pesquisador o inajá tem potencial para produzir mais de 3500 litros de óleo por hectare, baseado apenas na seleção de plantas promissoras existentes na região.

De acordo com Ires Miranda, responsável pelo Laboratório de Estudos em Palmeiras da Amazônia (LabPalm) do Inpa, o grupo desenvolve pesquisas de identificação, mapeamento com coordenadas geográficas e estudos ecológicos de palmeiras, considerando Roraima possuidor de grande incidência de inajá a qual tornou-se, segundo o grupo, a palmeira indicada para o aproveitamento racional, oferecendo possibilidades para a fixação do homem no campo e com isso evitando o êxodo e o aumento do desmatamento na Amazônia.

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia

quinta-feira, 26 de março de 2009

Óleo de dendê do Pará vira biodiesel na Europa

BELÉM - Representantes do governo do Estado reuniram sexta-feira com a empresa europeia ACM Bio-Tech, com o objetivo de protocolar intenções para construção de usinas de beneficiamento de dendê no Pará, nos municípios de Moju, Igarapé-Mirim e Mocajuba.

A produção e o beneficiamento de dendê serão realizados por meio de um acordo entre a companhia europeia e pequenos produtores paraenses, intermediado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e com o apoio estruturante do governo do Estado.

Os pequenos produtores cultivam em suas terras mudas de árvores compradas pela companhia europeia, que também cederá máquinas e equipamentos de cultivo. Em contrapartida, a produção dos agricultores deve estar comprometida com a ACM Bio-Tech.

A preços anteriormente concordados com as cooperativas dos pequenos agricultores, o pagamento será efetuado pelo Pronaf de forma adiantada, por meio de acordo feito entra a ACM e o MDA.

Em fase de instalação em Belém, a ACM já acordou com 450 famílias dos municípios de Moju, Igarapé-Miri e Mocajuba para a plantação de 3 milhões de mudas em uma área de 15 mil hectares. Em dois anos, na mesma área, devem ser plantados mais 6 milhões de mudas de dendê, algumas importadas do Equador.

Até o fim do ano, a empresa espera ter uma usina de beneficiamento capaz de produzir 500 toneladas de óleo por dia em cada município.

"O objetivo é exportar 20 mil toneladas de óleo bruto por mês, em um espaço de tempo de pelo menos 18 anos", explica Carmelo Màngiola, representante da ACM Bio-Tech no Pará.

O valor total do investimento, do qual participam bancos suíços e italianos, é avaliado em cerca de 45 milhões de dólares.

Os pequenos agricultores interessados em participar do projeto podem entrar em contato por meio do e-mail acmbiotech@gmail.com.

Ver ainda: ENTREVISTA-Brasil deve ver expansão de óleo de palma em breve

Fonte:

Sabesp anuncia início de coleta de óleo de fritura em Registro

Segundo superintendente Irineu Yamashiro, um litro de óleo é suficiente para poluir 25 mil de litros de água

O Programa de Reciclagem de Óleo de Fritura (Prol) já é realidade em Registro. Seu lançamento foi anunciado última sexta-feira, 20 de março, durante a abertura da 6ª Semana da Água do Vale do Ribeira, pelo superintendente regional da Sabesp, Irineu Yamashiro.

“Trata-se de um programa relativamente simples, mas de expressivo impacto positivo, pois com ele conseguiremos evitar que muitos litros do óleo usado em cozinha contaminem rios, mar, solo e lençol freático”, explicou Yamashiro. Segundo ele, um único litro de óleo é suficiente para poluir 25 mil de litros de água.

A implantação do Prol em Registro é uma iniciativa da Sabesp, em parceria com a Prefeitura, a Associação Comercial (Aciar) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Cidadania do Vale do Ribeira (Idesc).

De acordo com a Assessoria de Meio Ambiente da Sabesp, o óleo de fritura polui os rios por conter carga orgânica elevada que, em sua digestão, requer oxigênio dissolvido, essencial à respiração dos peixes e outras formas de vida. O óleo também contribui para formar uma camada na superfície, que prejudica a oxigenação das águas.

Estima-se que 4 bilhões de litros de óleo de fritura sejam produzidos ao ano no Brasil, 2 bilhões dos quais são descartados após o uso. Do total descartado, estima-se que somente 5% sejam reciclados.

“Com o desafio de reduzir e até eliminar a poluição, o programa de reciclagem de óleo de fritura baseia-se em informação, conscientização e na implantação de um sistema de coleta do óleo usado”, explicou Irineu Yamashiro.

Segundo ele, 30 mil folhetos informativos impressos pela Sabesp estão sendo distribuídos de casa em casa, junto com a conta mensal de serviços de água e esgoto, e três pontos de coleta instalados em Registro estão aptos a receber o óleo usado. São eles: a sede do Cidadão Catador, na Rua Chile, nº 48, Vila Ribeirópolis (Pedreira); a agência de atendimento da Sabesp, à Avenida Prefeito Jonas Banks Leite, 400, centro; e o Departamento Municipal do Bem Estar Social, à Rua São Francisco Xavier, 165, centro.

Além disso, integrantes do projeto “Cidadão Catador”, que já recolhem papelão, alumínio e plástico na cidade, começaram a coletar também o óleo usado de cozinha.

De acordo com o superintendente da Sabesp, todo o óleo coletado no município será encaminhado para reaproveitamento na produção de biodiesel. “Além de reduzir a contaminação do ambiente, o programa ainda contribuirá para gerar renda aos catadores”, concluiu Irineu Yamashiro.

Fonte: Diário de Iguape

Pesquisas com pinhão manso avançam na Embrapa


A Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, coordena atualmente um programa de pesquisa com ações em todas as áreas da cadeia produtiva, envolvendo melhoramento genético, biologia avançada, desenvolvimento de sistema de produção, colheita e pós-colheita que visa a qualidade do óleo, destoxificação da torta e estudos sócio-econômico-ambientais.

Participam do programa diversas unidades da Embrapa, presentes nas regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e Norte, e parceiros do setor público e privado que dão suporte ao desenvolvimento das ações locais de pesquisa.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Agroenergia e coordenador do programa, Bruno Laviola, considerando que o pinhão manso é uma cultura perene, estima-se que serão necessários entre 2 a 5 anos para que se tenham as primeiras cultivares melhoradas e informações científicas embasadas sobre o sistema de produção nas diversas regiões do Brasil. A Embrapa Agroenergia, em parceria com a Embrapa Cerrados, está trabalhando na caracterização e enriquecimento de uma coleção pinhão manso, com acessos de origem de diversas regiões do Brasil e exterior. Também, desenvolve ações para dar suporte técnico-científico à caracterização botânica e molecular de espécies e cultivares, visando subsidiar o registro de cultivares e encurtar caminhos para a obtenção de uma genética melhorada. A coleção de germoplasma caracterizada servirá de base para implantação de um programa de melhoramento genético do pinhão-manso visando à obtenção de cultivares com maior produtividade e qualidade de óleo, tolerantes a estresses bióticos e abióticos e com outras características de interesse agronômico.

Para o pinhão manso se tornar viável com a produção de óleo combustível, alguns desafios já foram lançados. De acordo com Laviola, existem diversos aspectos que podem dificultar da cultura na cadeia produtiv. “Há grandes desafios. Não existe cultivares, sendo que a diversidade ainda desconhecida. Há carência de informação e domínio tecnológico desta cultura. A colheita ainda é desuniforme, o que onera o custo de produção”, ressalta o pesquisador. Além disso, o pinhão manso é susceptível a pragas e doenças e a torta obtida após extração do óleo é tóxica, o que impede a agregação a este co-produto pela sua utilização na ração animal.

No Brasil já existem alguns plantios distribuídos principalmente nas regiões Sudeste, Centro-oeste e Nordeste. Os plantios comerciais de pinhão manso ainda estão em fase inicial de implantação, com idade menor ou igual a três anos. Embora o pinhão manso esteja sendo amplamente adotado por produtores é importante ressaltar que a espécie ainda não possui domínio tecnológico que garanta rentabilidade no seu cultivo. Laviola destaca que o pinhão manso se tornou uma matéria prima atrativa para produção de biodiesel por apresentar um elevado potencial de rendimento de grãos e óleo: a produtividade do pinhão manso pode ser de três a quatro vezes superior a da soja, que está em torno de 500 litros/ha. Além disso, o pinhão manso é uma espécie não alimentar, ou seja, não concorre diretamente com a agricultura de alimentos. A espécie possui, também, características compatíveis com o perfil da agricultura familiar: é uma espécie perene, não necessita de renovação anual do cultivo, dependente de mão-de-obra e os espaçamentos adotados permitem, nos primeiros anos de cultivo, o consórcio com outras culturas, podendo se produzir em uma mesma área energia e alimento. Estas características somadas a outras fazem com que o pinhão manso se torne uma oleaginosa com potencial para atender ao Programa Nacional de Produção de Biodiesel. | www.cnpae.embrapa.br

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O bagaço de cana como alternativa energética

25/03/09 - Tornou-se preocupação mundial a busca por fontes seguras, limpas e renováveis de energia elétrica, de forma a se reduzir efetivamente a emissão na atmosfera de gases que contribuem para o chamado efeito estufa. No Brasil, mesmo com o descompasso existente entre o crescimento econômico e o fornecimento de eletricidade necessário ao desenvolvimento, vivemos uma situação privilegiada para enfrentar este desafio.

Os projetos de geração de eletricidade a partir da queima do bagaço de cana-de-açúcar representam um diferencial para o desenvolvimento sustentável no País. Segundo avaliação do Instituto Brasil Acende, os canaviais brasileiros existentes poderiam gerar energia equivalente a cerca de 14.000 MW. É uma capacidade semelhante à da usina hidrelétrica de Itaipu à disposição dos agentes privados, esperando para ser desenvolvida.

Ainda tímida diante do potencial, a cogeração seguramente vai crescer exponencialmente e se consolidar como fonte importante de energia. Atualmente, a participação da bioeletricidade na matriz energética brasileira é de 3%, o que equivale a aproximadamente 1.400 MW médios. Em 2020, serão 14.400 MW. Segundo dados da Associação Paulista de Cogeração de Energia (Cogen-SP), o setor sucroalcooleiro deverá investir R$ 45 bilhões até 2015 em projetos de cogeração.

Quanto maior o incentivo à produção de etanol e açúcar, maior o potencial de energia elétrica gerada a partir da queima do bagaço. Somente entre 2005 e 2007, a energia elétrica gerada a partir da biomassa no Brasil cresceu aproximadamente 20%.

A safra de cana-de-açúcar passou de 318 milhões de toneladas para 514 milhões de toneladas, devendo chegar à impressionante marca de 730 milhões em 2010, segundo estimativas recentes. A cogeração pode ser um dos grandes pilares do setor elétrico brasileiro. Sendo assim, o desenvolvimento da cogeração no País terá o efeito benéfico de alavancar a indústria brasileira de equipamentos. As usinas de cogeração usam tecnologia 100% nacional. Desde as caldeiras, turbinas, o projeto de engenharia utilizado, o insumo (cana-de-açúcar), todos os componentes são brasileiros.

Condição que já transformou o Brasil no maior especialista de geração de energia elétrica por meio da biomassa. Equipar usinas de açúcar e álcool para gerar energia a partir da queima do bagaço de cana no futuro será um fator preponderante de geração de empregos e renda, aumentando a ocupação da capacidade industrial brasileira.

A cogeração também cria uma oportunidade para a venda de créditos de carbono. O conselho da Organização das Nações Unidas (ONU) que avaliza mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) aprovou mais de 140 projetos brasileiros de geração de energia, aproximadamente a metade deles de cogeração.

Além disso, há uma complementaridade única entre a energia elétrica gerada a partir de hidrelétricas e a partir do bagaço de cana. O regime de chuvas nas regiões Sul e Sudeste concentra a maior frequência de precipitações de novembro a abril. Nos demais meses, os reservatórios das hidrelétricas ficam reduzidos e diminuem a produção de eletricidade, algumas vezes a níveis preocupantes, obrigando o acionamento de usinas termelétricas movidas a gás natural.

Na cultura de cana-de-açúcar, por sua vez, a safra se desenvolve predominantemente entre abril e novembro, ou seja, teríamos uma carga adicional de energia gerada a partir do bagaço justamente quando o regime de chuvas nos principais centros consumidores é menor.

Gargalos existentes à geração de eletricidade aos poucos vão sendo solucionados. O custo de conexão das usinas de biomassa ao sistema elétrico nacional, alto para um único produtor, poderá ser compartilhado entre vários empreendedores, segundo regulamentação recente. A discussão agora avança para a precificação da bioeletricidade, que precisa ser competitiva.

A biomassa como fonte de energia renovável tem papel de extrema relevância no cenário brasileiro. Cabe aos principais agentes do País não perder essa excelente oportunidade.


Paulo Cezar Coelho Tavares - Vice-presidente de Gestão de Energia do Grupo CPFL Energia - 18/03
Fonte:

Pesquisadores da Embrapa discutem avanços da pesquisa em agroenergia

A equipe do projeto de pesquisa "Fontes alternativas potenciais de matérias-primas para produção de agroenergia", estudo conduzido por vinte e uma Unidades da Empresa Brasileira de Agropecuária - Embrapa e parceiros, está reunida nesta semana, na Embrapa Cerrados (Planaltina - DF), para avaliar as pesquisas conduzidas com pequi, macaúba, tucumã, entre outras espécies, e definir ações a serem executadas ao longo do ano.

A pesquisa está avaliando, entre outros aspectos, o teor e qualidade do óleo, viabilidade para produção de biodiesel e resistência a pragas e doenças das espécies. "A pesquisa começou como uma corrida. Largaram várias plantas, hoje algumas lideram", diz o pesquisador Nilton Vilela Junqueira, da Embrapa Cerrados, líder do projeto.

Junqueira comenta que as pesquisas visam domesticar espécies silvestres de plantas nativas do Brasil para produção de óleo. Para o pesquisador, o estudo, que prossegue até 2011, já evolui e a equipe irá selecionar duas ou três espécies para aprimorar as pesquisas. Ao longo da semana, os pesquisadores farão o relato das atividades desenvolvidas nos planos de ação de pesquisa em pequi, macaúba, tucumã e pinhão-manso.

Outros assuntos abordados no primeiro dia do encontro foram proteção intelectual e registro comercial de cultivares. José Robson Sereno, chefe geral da Embrapa Cerrados, e Frederico Ozanam Durães, chefe geral da Embrapa Agroenergia, destacaram na abertura do evento a importância do trabalho em parceria em torno de um tema capaz de contribuir para a diversificação da matriz energética brasileira.”O Brasil tem uma agenda pública para o negócio de agroenergia”, afirma Frederico Durães. Ele salienta que agroenergia é um negócio de alta competitividade e cooperação, com o incremento do fator inovação para fazer diferença no mercado.

Para Durães, a substituição da matriz fóssil por combustíveis renováveis é possível com competitividade, inovação e cooperação. O pesquisador defende os arranjos produtivos locais e regionais de biocombustíveis para produção e consumo no mesmo local. "É um princípio básico da energia renovável", diz.

Alexandre Strapasson, diretor do departamento de cana-de-açúcar e agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), destaca que "há grande expectativa em torno das pesquisas da Embrapa", tanto no âmbito nacional como também em outros países. “A Embrapa tem condições de atender a toda essa expectativa de desenvolvimento de tecnologia para a agroenergia, trabalhando em conjunto com o Ministério”, diz o diretor. Strapasson salienta ainda que as novas espécies para produção de biocombustível podem ser uma alternativa de renda para os produtores. "Para não derrubar floresta, é preciso convencer o produtor sobre a viabilidade econômica".

O diretor do MAPA lembra que o "cenário de muita demanda para a pesquisa e a crise mundial" é um momento propício para reflexões conjuntas sobre políticas públicas para a agroenergia. Em 2008, segundo dados do Ministério das Minas e Energia, o uso do biocombustível evitou a importação de 1,1 bilhão de litros de diesel de petróleo, o que rendeu aproximadamente US$ 976 milhões para o Brasil. O país bateu recorde na exportação de etanol com um total de 5,16 bilhões de litros vendidos no ano passado. Por: Gustavo Porpino e Daniela Garcia Collares .

. [ Chefe da Embrapa Agroenergia fala da importância da cooperação e da competitividade no negócio agroenergético].

Fonte:

segunda-feira, 23 de março de 2009

Projeto experimenta cultivo de pinhão manso associado a pastagem

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) participa de um projeto para o cultivo de pinhão manso consorciado a braquiária, que está sendo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Refinaria Nacional de Petróleo Vegetal - Fusermann Biodiesel, e a Universidade Federal de Viçosa (UFV). O objetivo é associar o cultivo da planta, de cujo fruto se extrai o óleo para fabricação de biocombustível, à pecuária leiteira.

O sistema traz vantagens adicionais para o produtor familiar, ao proporcionar diversificação de renda, segundo técnicos especialistas. O programa é financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que investiu R$ 45 mil no projeto.

Segundo o coordenador técnico regional da Emater-MG de Juiz de Fora, Antônio Domingues de Souza, tudo começou a partir de uma parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Fusermann Biodiesel, empresa sediada no município de Barbacena. Há 15 anos, a refinaria procurou a Embrapa, que trabalha com sistemas silvipastoris (pastagens consorciadas com espécies arbóreas/arbustivas), para propor um convênio de cooperação técnico-científica, com vistas a aprofundar conhecimentos referentes à viabilidade da associação do pinhão manso com a produção de forragem.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Carlos Renato Tavares de Castro, membro da equipe responsável pelo projeto, a intenção "é gerar informações que possam esclarecer sobre a polêmica de que áreas destinadas à cultura de matéria-prima para biocombustíveis competem, ou não, pelo espaço destinado à produção de alimentos para a sociedade".

As atividades do projeto começaram no mês de janeiro deste ano, com o plantio consorciado de pinhão manso e braquiária, numa área de dois hectares e meio, em um campo experimental da Embrapa, no município de Coronel Pacheco, Zona da Mata mineira. No local, estão sendo testados diversos espaçamento do consorcio. Tanto pelo método tradicional (semeadura a lanço) ou conforme os preceitos da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, conhecida nos meios técnicos como ILPF, em que se aplicam sub-doses de herbicida na pastagem já existente e faz-se o plantio direto na palha (no caso, a semeadura do milho), sem arar e nem gradear o solo.

A proposta é que a área destinada à pesquisa seja utilizada como unidade demonstrativa para treinamento dos extensionistas da Emater-MG e em futuras visitas técnicas de produtores rurais. As atividades estão sendo negociadas entre os parceiros envolvidos no projeto, segundo informações da Embrapa. A empresa considera que o pinhão manso é uma das mais promissoras espécies oleaginosas passíveis de utilização como matéria-prima para fabricação de biodiesel.

Para o coordenador técnico regional de Meio Ambiente da Emater-MG, o engenheiro florestal Gilberto Malafaia, além dos aspectos econômicos e estratégicos envolvidos, o uso de combustíveis de origem não fóssil é uma das formas de preservação ambiental. "A liderança brasileira na produção e o uso de biocombustíveis já é reconhecida internacionalmente", argumenta. "Ademais, o sistema de consorciação proposto é de adoção viável para a agricultura familiar, possibilitando a diversificação de renda, por meio da obtenção de dois produtos: animal e florestal", reforça o pesquisador a Embrapa, Carlos Renato Tavares de Castro.

Segundo o coordenador da Emater-MG, Souza, apesar de o sub-produto da extração do óleo de pinhão para fabricação de cosméticos (torta), ser tóxico para os animais, é rico em proteína e já existem estudos para torná-lo viável ao consumo animal. "Existem resultados parciais promissores quanto ao desenvolvimento de técnicas de destoxificação desse material para viabilizar o seu uso na alimentação animal", informa.

De acordo com os técnicos envolvidos no projeto, o os resultados do projeto deverão ser conhecidos num prazo de até três anos e caberá à Emater-MG divulgar o sistema silvipastoril entre os produtores rurais. "Vamos avaliar se a alternativa é realmente interessante para o pecuarista e, se for, vamos divulgar", informa o coordenador da Emater-MG, Antônio Domingues. Segundo ele, os extensionistas irão receber treinamento específico sobre a nova cultura e orientação sobre o manejo do sistema proposto, para posterior divulgação da tecnologia e assistência técnica aos produtores interessados em adotá-la.

PINHÃO MANSO

De acordo com a publicação Cultivo de Pinhão Manso Para Produção de Óleo Combustível, de Luiz Antônio dos Santos Dias e colaboradores, a planta pertence à família Euphorbiaceae, a mesma da mandioca, mamona e seringueira, sendo um arbusto de crescimento rápido, que pode atingir de três a cinco metros de altura. Ao ser consorciado com pastagens, o gado pode ser inserido no sistema tão logo as plantas atinjam altura de 50 cm.

Essa espécie arbustiva libera látex, um líquido leitoso que é tóxico e pode queimar a pele. Mas segundo o pesquisador da Embrapa, Carlos Renato Tavares de Castro, a presença do látex pode estar relacionada ao fato de os animais não consumirem as folhas quando ainda verdes e presas à planta mãe, vantagem adicional ao sistema por possibilitar a introdução precoce dos animais nas áreas consorciadas, sem necessidade de proteção das mudas contra pastejo ou danos físicos causados pelos animais. Ainda, relatos de pecuaristas que já possuem o Pinhão Manso em suas pastagens atestam que as folhas secas, caídas ao chão, são frequentemente consumidas pelos animais, não causando-lhes qualquer problema aparente.

Segundos técnicos da área, os lucros obtidos com a cultura de pinhão manso variam conforme a região de cultivo devido a flutuações nos valores de insumos, mão-de-obra e mudas. Na região de Barbacena, o Projeto Jatropha, que incentiva o plantio de pinhão manso, e é liderado pela Fusermann Biodiesel, vem analisando o cultivo da planta desde 2005. Foi observado que o lucro do produtor deve girar em torno de R$ 963,00/ha/ano com a exploração da cultura destinada à produção de biodiesel.

Com informações da Embrapa Gado de Leite.

FONTES:

Emater-MG
Assessoria de Comunicação da Emater-MG
Telefone: (31) 3349-8021

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Algodão tem potencial para produção de biodisel no PI

07/01/09 - O pesquisador José Lopes Ribeiro, em pesquisa, informa que o algodão e o girassol têm potencial para a produção de biocombustíveis no estado do Piauí e Maranhão. Estudos desenvolvidos pela Embrapa Meio-Norte ao período de 8 anos revelaram uma produtividade média no Piauí de 4,3 toneladas de algodão caroço por hectare.No maranhão, esse número chega a 4,2 toneladas. Tendo o caroço de algodão um teor de 18% à 20%.

Nesses 8 anos de estudos em 7 cidades de cada estado, foram implantados 82 experimentos. No Piauí Baixa Grande do Ribeiro e Uruçuí foram os municípios que tiveram a melhor média de produtividade. No Maranhão, as melhores produtividades foram registradas nos municípios de Tasso Fragoso, com uma variação de 2,7 toneladas por hectare a 4,2 por hectare.

As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Meio-Norte indicam que o girassol é a mais novo opção para a produção de biocombustíveis,os estudos conduzidos em 5 municípios do Piauí e em e 5 do Maranhão, reforça a tese do pesquisador José Lopes Ribeiro: “ as condições de clima e sol, principalmente nos cerrados, são favoráveis ao desenvolvimento da cultura”.

Em 29 experimentos de avaliação de genótipos de girassol, conduzidos num período de nove anos, a produtividade variou de 1,1 tonelada de grãos por hectare a 1.9 tonelada de grãos por hectare. Mas a cultura do girassol ainda está em desenvolvimento no Brasil. De acordo com o levantamento do IBGE em 2008 a área colhida do Brasil com girassol foi de 90.493 hectares, sendo superior a 139 mil toneladas.


Fonte: Diário do Povo