quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Inajá é a nova matéria-prima da Petrobras para biodiesel

A Petrobras Biocombustível está ampliando seus investimentos e diversificando a utilização das matérias-primas na fabricação do biodiesel. A estatal acaba de firmar um acordo com a Prefeitura do Município de Mucajaí, em Roraima, para a construção de uma usina para a produção de biodiesel a partir do inajá, uma palmeira oleaginosa nativa da região Amazônica cuja utilização para fins combustíveis ainda é inédita. O anúncio oficial do empreendimento, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), deve ser feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 14 de setembro, durante sua visita ao estado. O custo inicial da planta é estimado em R$ 7 milhões.

Pesquisadores da unidade da Embrapa em Roraima defendem o potencial energético da planta que pode chegar a produzir 3.690 litros de biodiesel por hectare ao ano, superando em produtividade outras fontes de óleo. No caso da soja - que representa cerca de 90% da produção nacional - a produtividade é de aproximadamente 500 litros por hectare. "A palmeira oleaginosa pode ser cultivada em todo o estado, com manejo barato, acessível ao pequeno produtor. Assim ela pode representar uma grande mudança na condição econômica do estado", disse Otoniel Ribeiro Duarte, pesquisador da Embrapa.

Ontem o braço de biocombustíveis da Petrobras e o Banco do Brasil assinaram o convênio de integração (BB Convir) voltado ao financiamento da agricultura familiar. Cerca de 60 mil famílias de pequenos agricultores poderão ter acesso à linha de crédito. Serão destinados R$ 90 milhões ao cultivo de oleaginosas, como a mamona e o girassol, para a produção de biodiesel nas usinas dos municípios de Quixadá, no Ceará, Montes Claros, em Minas Gerais, e Candeias, na Bahia.

Segundo a Petrobras, além de viabilizar condições de acesso ao crédito, por meio da parceria firmada com o BB, será assegurado o fornecimento de sementes, assistência técnica e logística para transporte da produção. Os agricultores conveniados assumem o compromisso de entrega de sua produção à empresa que, por sua vez, garantirá a compra dessa produção por preço de mercado ou pelos valores estabelecidos no Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF) caso seja mais vantajoso para os agricultores.

De acordo com Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, a companhia também está flertando com várias possibilidades de aquisição ou composição de parcerias de unidades de produção, além de estudos para construir usinas de biodiesel. Nesta última alternativa já há, inclusive, a localização desta que seria a quarta unidade da empresa nesta área. "Estamos estudando o Pará", confirmou o diretor.

Pelos planos da Petrobras, há a intenção de dobrar a atual produção de biodiesel de 1,3 milhão de metros cúbicos por ano para 2,6 milhões de metros cúbicos por ano em 2013. "Isso virá das novas parcerias, das aquisições, construção de novas e velhas usinas e até do desengargalamento das unidades já existentes, que podem aumentar sua produção em até 50%", comentou o executivo.

Apesar de a produção de biodiesel hoje no Brasil estar muito além da demanda, novos investimentos continuam sendo anunciados. No Rio Grande do Sul, o grupo Camera Agroalimentos S.A. comunicou um aporte de R$ 30 milhões para a construção de uma indústria na cidade de Ijuí. A planta, que terá capacidade para produzir 300 mil litros por dia, deve começar a operar em abril de 2010. Atualmente a empresa é responsável por mais de 30% do volume de óleo de soja, canola e girassol produzido e comercializado no estado.

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