quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A vez da canola

A implantação da indústria de biocombustíveis BSBios possibilitou um salto na área plantada e na produtividade da região de Passo Fundo. Em quatro anos, a produção de Canola (Brassica napus L. e Brassica rapa L.) passou de zero para 10 mil hectares, diversificando o perfil agrícola. No ano passado, foram fabricados 90 milhões de litros de biodiesel pela usina.

Até o final de 2009, a empresa pretende produzir 115 milhões de litros, o que equivale a cerca de 75% da capacidade autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de 159 milhões de litros. Os investimentos feitos no Rio Grande do Sul abrem uma nova perspectiva de oferta do produto para um mercado em franca expansão. A partir de 2010, entra em vigor o B5, a mistura de 5% de biodiesel no diesel.

- Temos um mercado ilimitado, baseado no número de empresas autorizadas a produzir biodiesel e em novos projetos para a região, comparando a capacidade produtiva ao consumo do produto no Estado e já considerando o mercado de B5
para 2010 - afirma o superintendente da BSBios, Erasmo Carlos Battistella.

Segundo estimativas da empresa, cerca de 20 mil famílias gaúchas, direta ou indiretamente, fornecem matéria-prima para a usina. No Rio Grande do Sul, o percentual de produtores da agricultura familiar é expressivo.

- Acreditamos que 50% dessas famílias sejam de pequenos produtores - diz Batistella.

A matéria-prima da BSBios é a soja, principalmente por causa do volume de grãos disponíveis - são cerca de 4,5 milhões de hectares plantados anualmente no Estado -, da liquidez de mercado e da grande quantidade de produto final, o biodiesel. Em todo o Brasil, a soja representa 85% da fonte do biocombustível, sendo o restante composto por gorduras animais, óleos reciclados e uma pequena parte de óleos de culturas alternativas.

A indústria tem programas de incentivo a culturas alternativas. A partir deste ano, como segunda matéria-prima, a canola será a alternativa à soja. Atualmente, 10
mil hectares de canola são dedicados à produção
de biodiesel, plantados por redes de cooperativas. Outras plantas, como mamona e girassol, ainda carecem de maior

- A canola é a melhor alternativa porque não concorre com a soja, nossa principal cultura - explica o superintendente da BSBios.

Os grãos de canola produzidos no país têm 38% de óleo, segundo informações da Embrapa/Trigo, de Passo Fundo. A soja tem 18%. Além disso, como biocombustível, é possível aproveitar os grãos que não tem excelente qualidade para a venda.

Outro ponto a favor é que a canola constitui a terceira maior commoditie do mundo, responsável por 16% da produção de óleos vegetais. Estima-se em 2 milhões de hectares a área anteriormente utilizada pelo trigo no Estado e agora disponível para as lavouras de canola.


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