quinta-feira, 3 de julho de 2008

Algas contra a crise alimentar mundial

A alga age seqüestrando o CO2, necessário para seu crescimento, e produz o óleo para ser usado na fabricação de biodiesel. Além disso, por não competir com as culturas alimentares, podem tornar-se numa melhor opção do que o milho ou o girassol na produção de biocombustíveis.


"Quando estamos a produzir microalgas não estamos a produzir nada que seja necessário para a alimentação e essa produção pode ser feita em qualquer tipo de terreno, inclusivamente em zonas áridas". Apontou a responsável pela investigação com microalgas no Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), Fernanda Rosa.

Acrescentou, ainda, que, por se tratam de microrganismos, as algas se reproduzem "de uma forma exponencial" e a sua duplicação se faz num dia ou dia e meio. Além de se desenvolverem em qualquer tipo de água - salgada, salobra, residual - necessitando de pouco mais do que somente luz solar e dióxido de carbono (CO2).

No INETI, a investigação e o trabalho de extração de óleo de microalgas para a produção de biocombustível já se faz há quase trinta anos, o que dá a Portugal o `know-how` consolidado no crescimento de microalgas e que poderá ser agora utilizado nesta nova oportunidade dada aos biocombustíveis.

O INETI tem uma coleção enorme de microalgas que são mantidas liofilizadas ou então, dormentes em meio propicio. "Quando queremos começar o crescimento dessas microalgas vamos-lhes fornecer meio ou nutrientes, meio novo que as faz replicar-se e crescer", explicou Fernanda Rosa.

"Depois passam para pequenos reatores verticais onde há borbulhamento de ar ou CO2, replicando-se assim com maior intensidade, sendo que o crescimento é feito depois em mangas plásticas, muito econômicas, ainda dentro do laboratório(...) quando estão em crescimento forte e em bom estado passam então para fotobioreatores ou lagoas", explicou.


No Algarve, encontra-se o quartel-general da Necton, uma empresa que desenvolve o seu ramo de atividade no sector da biotecnologia marinha e que se especializou na produção de microalgas.

Foi formada em 1997 e a partir de Janeiro deste ano deu origem à Algafuel que se dedica especificamente à industrialização de biomassa de microalgas para a produção de biocombustível.

Outra vantagem das microalgas que, contrariamente a todas as outras culturas, podem ser produzidas ininterruptamente em qualquer altura do ano e podem, por isso, serem recolhidos todos os dias.

Segundo João Navalho, a empresa tem uma unidade de produção que pode atingir as duas toneladas por ano, no entanto esse valor pode variar exponencialmente em detrimento do tipo de alga ou das condições em que ela é produzida.

O diretor-geral da Algafuel sublinhou que o rendimento, em biodiesel, é de 100% a partir do óleo de microalgas.

Apesar das inúmeras vantagens, o processo de obtenção de óleo através de microalgas apresenta desvantagens que, no final, torna o óleo duas vezes mais caro do que o óleo obtido através de qualquer outra oleaginosa.

Por crescerem num meio aquoso, que não pode ter uma densidade de microalgas muito alta para a radiação atingir, de forma homogênea, em todo o fotobioreator, há a necessidade de se ter alguma diluição no meio. Para produzir o óleo tem que ser feita uma concentração, o que é feita com uma centrifugadora, através de um processo que não ainda não é barato.

Além do fato que a produção ainda esta muito aquém do nível da procura.

"Porque toda a produção mundial nunca foi pensada para este fim, mas sim para fins alimentar, aqüicultura, cosmética, que têm condicionantes de preço completamente diferentes das dos biocombustíveis", defendeu Nuno Coelho.

Outro uso muito importante que tem sido apontado é o de captura de CO2 proveniente da queima do carvão mineral, combustível fóssil altamente poluente. Que faz com que o biodiesel seja apenas um subproduto do processo de diminuição de emissão de gases NOX. A china, por exemplo, teria muito a ganhar com isso já que sua matriz energética tem no carvão o principal componente.

Fonte:

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