quinta-feira, 3 de julho de 2008

Arroz para Biodiesel


25/9/2006
Marcos Siqueira - Equipe Biotec AHG

A Faculdade de Química da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) vem se juntar às muitas outras instituições que têm preocupação com o meio ambiente e pretendem dentro do meio acadêmico estudar e por em prática fontes não-renováveis como os biocombustíveis que já são desenvolvidos em várias regiões do planeta. Porém a originalidade reside na matéria-prima, o arroz, cereal de grande expressão agrícola no Rio Grande do Sul.

O projeto, Obtenção de biodiesel a partir do óleo do farelo de arroz, levou Tatiana Magalhães da Silva, mestranda em Engenharia e Tecnologia dos Materiais da PUCRS, a receber o 1º lugar na categoria Química Industrial do Prêmio Associação Brasileira de Química. O projeto financiado pela Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana tem todo o interesse dos agricultores, e as pesquisas decorrem desde agosto de 2005.

Além do uso de arroz o projeto conta com outra particularidade. O método para chegar ao biocombustível passa pelo uso do etanol (mais conhecido como álcool etílico) que é proveniente da cana-de-açúcar. Na maior parte dos processos de biodiesel usa-se o metanol (derivado do petróleo) no processo de transesterificação. O problema da utilização do etanol é o seu grau de pureza, pois caso não seja de 99% ou mesmo 100% puro, torna inviável a produção de biodiesel ou indispensável a sua purificação (destilação). Também complica muito o processo de produção, pois deve-se ter a garantia que o etanol não vá absorver água em todo o processo. O metanol por sua vez é um líquido inflamável e extremamente venenoso, é absorvido pela pele e pode causar cegueira.

Apesar da eficiência do processo de conversão e do aproveitamento da glicerina, o biodiesel brasileiro ainda é mais caro do que o diesel comum. Para qualificar um produto desta natureza a sua eficácia precisa ser comprovada través de testes em motor para avaliar o desempenho do produto. Os ensaios normalmente ficam a cargo de Departamentos de Mecanização e Laboratórios credenciados. Os veículos podem ser avaliados em condição de campo sob cinco tipos de mistura biodiesel-óleo, por exemplo: B100 (apenas biodiesel), B25 (25% de biodiesel e 75% de óleo), B50 (metade biodiesel e metade óleo), B75 (75% de biodiesel e 25% de óleo) e apenas óleo diesel.

No caso específico deste biodiesel proveniente de arroz os testes devem passar por níveis semelhantes a estes, correspondentes às porcentagens estabelecidas pelo Programa Nacional do Biodiesel. Se os resultados forem positivos o biodiesel desenvolvido poderá entrar no mercado assim que houver estrutura para ser fabricado em grande escala.

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