quinta-feira, 25 de março de 2010

Macaúba como alternativa para alavancar a produção brasileira de biodisel

Versátil, a palmeira tem potencial de produção cinco vezes maior que o da soja

Belo Horizonte — Nativa do cerrado, a macaúba (Acrocomia aculeata) é a nova aposta de especialistas e pesquisadores do setor de energia para alavancar a produção de biodiesel no país. Investimentos em pesquisas, conquistas científicas e plantações comerciais bancadas por capital estrangeiro, ainda que a passos lentos, começam a ocorrer com mais frequência no Brasil. Em Lima Duarte, na Zona da Mata mineira, o plantio de 1,5 milhão de mudas da palmeira em viveiro é resultado de uma parceria entre investidores europeus e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), na qual pesquisadores brasileiros desenvolveram a técnica de germinação da planta em laboratório. O objetivo é criar um complexo agroindustrial para a produção de óleo vegetal e coprodutos, tendo como matéria-prima principal o coco da macaúba.

O projeto em Lima Duarte foi criado pela Entaban Ecoenergéticas do Brasil, empresa do grupo espanhol Entaban, considerado o maior produtor de biodiesel da Europa, com capacidade instalada de processar 700 mil toneladas de óleo por ano. A meta é implantar 60 mil hectares de macaúba em Minas Gerais e no norte do Rio de Janeiro, em cinco módulos de 12 mil hectares. “Para cada módulo, será implantado uma usina de extração de óleo. O primeiro já está em andamento. Neste ano, vamos plantar 3 mil hectares da palmeira na Zona da Mata (mineira)”, explica o diretor da Entaban Brasil, Orlando Arruda.

Além da alta produtividade de óleo comparado ao de outras oleaginosas — em relação à soja, principal matéria-prima de óleo vegetal para biodiesel no Brasil atualmente, a variação de quilo de óleo por hectare pode quintuplicar —, a macaúba tem o potencial de produzir pelo menos outros cinco produtos (dois tipos de óleo, dois tipos de torta utilizada para ração animal e o carvão do endocarpo). “As pesquisas iniciais apontam potencial de produção variando de 2,5 mil a 6 mil quilos de óleo por hectare, dependendo do material genético, dos tratamentos silviculturais e da densidade de plantio. A produção da soja é de cerca de 500kg a 600kg de óleo vegetal por hectare”, compara o pesquisador da Embrapa Cerrados José Mauro Moreira.

Segundo o pesquisador, o mercado para aproveitamento da planta para produção de óleo vegetal está focado principalmente em Minas, no Pará e em Mato Grosso. No entanto, o óleo produzido é de alta acidez e não poderia ser inserido no processo de transesterificação (reação química em que o álcool do éster reagente é substituído por outro álcool), utilizado para converter o óleo vegetal em biodiesel sem um pré-tratamento. “A maioria dos óleos de alta acidez têm sido destinados às indústrias de sabão, cosméticos, asfalto e cerâmica”, explica Moreira.

Na Grande Belo Horizonte, em Jaboticatubas, uma empresa privada conseguiu desenvolver a produção do óleo vegetal de macaúba de baixa acidez. “Foram três anos de desenvolvido de processo e somos a única empresa a extrair o óleo de baixa acidez da polpa da macaúba. Até então, não existia um processo para extração do óleo de alta qualidade, em escala industrial”, revela o engenheiro e sócio-diretor da Paradigma Óleos Vegetais, Marcelo Araújo. A pesquisa envolveu a Embrapa, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Renascimento

De acordo com o coordenador do Programa de Energia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) de Minas Gerais, Marcelo Franco, a macaúba pode reativar o renascimento do programa do biodiesel no país. O primeiro passo, segundo ele, já foi dado, com o início da domesticação da palmeira, ou seja, com o desenvolvimento da técnica de germinação em laboratório por pesquisadores da UFV. “Era preciso romper com essa dormência da capacidade reprodutiva da macaúba”, afirma.

A germinação natural da semente da palmeira é pobre, alcançando no máximo 3%. A técnica desenvolvida na UFV consiste em um conjunto de sete tratamentos e eleva a taxa de germinação para 80%. “O produto dessa técnica é a semente pré-germinada, que tem potencial de estabelecimento superior a 90% em viveiro”, afirma o professor e pesquisador Sérgio Motoike. A técnica foi patenteada pela UFV, que assinou convênio de transferência de tecnologia e concedeu licença à Acrotech — empresa de produção de sementes de macaúba — para que pudesse utilizar comercialmente o processo, mediante recolhimento de royalties, o que foi feito com a Entaban Brasil.

“Várias universidades estão pesquisando o assunto. Há estudos que demonstram que o biodiesel da macaúba atende a todas as especificações, além de ser estável e de alta durabilidade”, diz o economista Francisco Augusto Oliveira, presidente da ONG Trem dos Macaubeiros, que reúne pesquisadores, empresários e governo para a formação de parceiras e trocas de informações sobre as potencialidades da palmeira. Segundo o professor Motoike, as pesquisas na UFV agora se direcionam para o desenvolvimento da primeira variedade de polinização aberta de macaúba. “É um projeto de oito anos, que busca produzir 8 milhões de sementes selecionadas, de qualidade genética conhecida. Estamos apenas aguardando recursos da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais)”, diz.

Avaliação


A Petrobras Biocombustível afirma que avalia as potencialidades de diferentes oleaginosas e, em Minas, encontrou potencial na macaúba. A estatal, que mantém a usina de biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros, no norte do estado, explica que, na área industrial, uma das principais linhas de pesquisa é o desenvolvimento de tecnologia para a extração do óleo da palmeira. Em parceria com a Embrapa e outras instituições públicas de pesquisa, o trabalho é feito em duas frentes: com o processamento integral do coco da macaúba e com o aproveitamento dos diversos componentes do coco, incluindo a possibilidade de extração separada dos óleos da castanha e de palmiste, que têm qualidade superior.

Segundo o coordenador do Programa de Energia da Sectes, o governo de Minas deve construir uma estação experimental (unidade de pesquisa) da macaúba, mas é preciso também haver investimentos do setor privado. “A Entaban chegou para botar lenha na fogueira, nada melhor do que estimular a competição”, declara Franco. Para ele, o futuro promete. “Daqui a 20 anos, a macaúba será a cana-de- açúcar do Brasil no setor do óleo”, projeta o especialista. Segundo a Petrobras, o objetivo é alcançar a médio prazo resultados que viabilizem a utilização da macaúba para produção de biodiesel no país.


Tetê Monteiro

Fonte:

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog.
Aprendi muitas coisas!
Sobre a Macaúba, gostaria de saber se existe uma lei específica que fale que o óleo já transesterificado pode ser comprado pela Petrobrás? Eu tinha uma informação que havia um limite de 4 ou 5 matérias-prima...
Outra questão que eu tenho é sobre qual sobre é o regime de chuvas que é ideal para a Macaúba?
Um abraço,
Fernando
Brasília - DF

Peruchaenexilio disse...

Oi biodiesel

vc nao tenh um correio, email, quero te perguntar muitas coisas mas nao se se vc ...if u read me.
Can u post something or ghelp me by finding out, which regions or federal states are the most deforastated due to the plantation of sugar cane for the final production of bioethanol? the resolution/lei that lula threw end of 2007 about prohibiting deforestation in the amazonia legal bring something? was there less deforestation really? what were the real impacts of PAC1 towards the bioethanol market and who, Again, was the most benefitet from it. Of course petrobras and mutsui and mybe the other Brazilian one, do u think monsantos would me another winner from PAC1?

espeo que vc pode me responder, I would really appreciate it.
Meu mail e: rosa.ramirez@gmx.de