segunda-feira, 22 de março de 2010

Qualificação técnica incentivará a cultura do dendê na Amazônia

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), deverá efetivar o "Programa de Qualificação de Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural na Cultura do Dendê na Região Amazônica". O programa é formado por atividades de capacitação e aperfeiçoamento de extensionistas em várias áreas do conhecimento, que atuam em instituições de assistência técnica e extensão rural pública e privada na região amazônica.

O objetivo é formar consultores para assessorar agricultores familiares. A qualificação será oferecida em um curso, cujo teor está sendo definido pelos governos estadual e federal, e por empresas ligadas ao setor agrícola no Pará.

A metodologia do curso foi debatida por técnicos do Estado e da União, e de organizações não governamentais, em reunião realizada no último dia 18, no Centro Integrado de Governo (CIG), em Belém. O curso deve qualificar 120 técnicos de nível superior e médio, em 176 horas de aulas.

Protocolo - Segundo Igor Galvão, coordenador do programa Pará Rural, vinculado à Secretaria de Estado de Projetos Estratégicos (Sepe), "o governo já vem trabalhando com ONGs e empresas do setor na construção de um protocolo de responsabilidade produtiva e socioambiental, que irá nortear a cadeia produtiva do dendê".

A cultura do dendê é vista como uma alternativa viável para produção de biodiesel pela agricultura familiar. Atualmente, o Brasil é o 13º produtor de dendê, com cerca de 70 mil hectares plantados e grande potencial de expansão, aproveitando inclusive áreas degradadas.

Segundo Marco Antonio Viana Leite, coordenador Geral de Biodiesel do MDA, "a parceria com o governo do Pará tem se mostrado estratégica para o fomento à produção familiar". Ele enfatizou que "as ações do governo dão tranquilidade fundiária e ambiental para desenvolvermos o nosso programa de forma sustentável para a produção e uso do biodiesel, tendo como balizadores a inclusão social e o desenvolvimento regional com geração de emprego e renda na área da agricultura familiar".

Segundo o coordenador, Belém foi escolhida pelo MDA como sede do lançamento do Plano Nacional do Dendê, em maio próximo.

Tecnologia - O pesquisador Ronaldo Andrade, da área de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), disse que o "papel da instituição é gerar tecnologia e repassá-la para outro segmento, que são as empresas de assistência técnica rural (Ater), e estas, por sua vez, numa articulação entre entes públicos e privados, repassam estes conhecimentos para a agricultura familiar".

Quanto à segurança alimentar questionada pelos ambientalistas, Ronaldo Andrade foi enfático: "Esta é uma questão de política de governo. A geração de informações com dados científicos é a melhor estratégia para a questão de segurança alimentar e para que os governos tomem suas decisões".

A questão do plantio e da produção de alimentos, como o dendê, também foi destacada por Vicente de Paula, técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/Pará). Segundo ele, a proposta da Emater é "quebrar a monocultura do dendê, para garantir segurança alimentar com a diversificação da produção agrícola do dendê com outras culturas, para plantio inclusive em área degradada, evitando novos desmatamentos".

Edson Gillet - Sepe/Pará Rural
Fonte: Agência Pará

Nenhum comentário: