segunda-feira, 22 de março de 2010

Biodiesel Aquícola: A Partir de Resíduos de Pangasius e Tilápia

Tecnologias atuais de transesterificacão e gaseificação (pirolosys e plamalysis) permitem que os resíduos, restos, escórias, amparas e outras sobras de cultivo e processamento de Pangasius, Tilápia e outros tipos de peixes sejam usados como excelentes matérias primas para produção no chamado Biodiesel Aquícola e outros tipos de biocombustíveis.

O uso de gordura animal para produção de biodiesel não é uma tecnologia nova, entretanto a capacidade de adaptação desta tecnologia para produir o Biodiesel Aquícola (Piscícola) tem recentemente atraído o interesse da indústria de produção de pescados.

A controvérsia da produção de alimentos versus combustíveis ou seja a competição de produtos agrícolas para produzir bioenergia está se tornando bastante significativa e será ainda mais nos próximos anos. Tanto nos USA como em várias partes do mundo há uma corrida para achar feedstock (matéria prima) para biocombustíveis que não competem com a produção de agricultura alimentar.

Fazendo Todo Sentido: Tanto Ecológico, como Econômico
Sendo assim, o uso de resíduos de produção (excrementos, mortalidade de cultivo) e processamento (escórias, amparas, restos) oriundos da aquicultura para a produção de bioenergia faz todo sentido tanto ecológico, como econômico e inclusão social.

O processo de conversão de óleo de origem vegetal ou animal em biodiesel é conhecido a mais de 150 anos. O biodiesel não foi inventado recentemente como alguns querem afirmar. A tecnologia é direta e existem sistemas modulares prontos para ser usados.
Após o óleo de peixe ser produzido (extraído) a partir dos resíduos de processamento do pescado, o mesmo passa por um processo químico chamado de transesterificação com o uso de um catalizador (normalmente soda potássica ou cáustica) e adição de um álcool (metanol ou ethanol), o biodiesel é produzido. Dez litros de óleo de peixe + um litro de alcool produzem cerca de 10 litros de Biodiesel Aquícola e 1 litro de glicerina. Dependendo do conteúdo de óleo nos resíduos aquícolas, é possível produzir até meio litro de biodiesel para cada kg de resíduos de pescados.
Como resultado do agressivo programa de aquicultura do bagre Pangasius, empresas no vale do Rio Mekong na Ásia estão utilizando restos de produção e processamento do bagre vietnamita (tanto no próprio Vietnam com em outros países asiáticos) para produção de Biodiesel Aquícola a nível local.

Somente uma das dezenas de processadoras de Pangasius em operação neste país asiático, chega a processar 120 ton de resíduos aquícolas diariamente.
Biodiesel Aquícola no Vale do São Francisco no Nordeste Brasileiro

Processadora de Pescados Planejada Desenvolvida por Nosso Time para O Polo de Aquacultura de Paulo Afonso - Jatobá - Itaparica - Brasil
Alguns anos passados, tentamos introduzir o Biodiesel Aquícola no Vale do São Francisco no Nordeste Brasileiro.

Tínhamos e temos uma das mais avançadas e custo-efetivo tecnologias de transesterificação e gaseificação para produção de biocombústiveis.

Aliado a isto, queríamos que o Brasil fosse um dos pioneiros nos uso de restos aquícolas na industrialização de biocombustiveis. Neste época poucos falavam de Biodiesel no Brasil, muito menos de origem píscicola.

Tendo isto em mente, assim que iniciamos o planejamento em 1997 da implantação do Pôlo de Aquacultura de Paulo Afonso, Petrolândia, Jatobá, Itaparïca e Itacuruba, colocamos no projeto uma unidade de produção de Biodiesel Aquícola junto à processadora que hoje pertence a Netuno em Paulo Afonso, na Bahia.

Infelizmente os investidores não acreditaram e tivemos de tirar a bio-refinaria que colocaria o Brasil à frente de todo o mundo na produção de Biodiesel Aquícola a partir de resíduos de tilápia.

Baseado no volume de tilápia projetado a ser processado diariamente neste Pólo de Aquicultura, a produção de Biodiesel Aquícola seria suficiente para abastecer boa parte da cidade de Paulo Afonso e regiões circunvizinhas com biocombústiveis produzidos a nível local.

Hoje presenciamos o Vietnam e outros países do mundo fazendo aquilo que o Brasil deveria ter feito há muito tempo. Mais uma vez estamos a beira do progresso vendo os outros fazerem o que teríamos e temos condição de fazer desde a muito tempo.
Pólo de AquaFuelsPonics Systems no Sudoeste dos Estados Unidos

Planta Modular de Produção de Biodiesel

Muito breve estaremos iniciando a implementação de um Pólo de AquaFuelsPonics Systems agora no deserto do Sudoeste dos Estados Unidos.

Este novo Polo AquaFuelsPonics funcionará integrado com pequenos-médios produtores e vai produzir-processar peixes, hortaliças, verduras, algas, algal-químicos e biocombústiveis.

Os resíduos tanto de produção, como de processamento serão transesterificados ou gaseificados para producão de biocombústivies para abastecer todo o complexo e ainda suprir parte da demanda de um grupo de cidades locais.

O Brasil com este imenso potencial de recursos hídricos, humanos e naturais tem tudo para ser uma potência em aquacultura e biocombustiveis vindos do setor aquícola. Para isto precisa agir e compensar o tempo perdido dinamizando e apoiando estes setores tão importantes da economia nacional.

Na Ásia a produção de Biodiesel Aquícola a base de restos de processamento de Pangasius está crescendo exponencialmente e tornando-se uma atividade econômica. O mesmo pode acontecer no Brasil.

Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel no Brasil. Vamos Agir? Sugestões:
Vamos lutar para que a aquicultura brasileira receba o mesmo suporte e apoio que são dados aos produtores do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). Vamos lutar por legislação que incluia a aquacultura e especificamente a produção de Tilápia como uma das diferentes fontes “oleaginosas” ou matérias primas a ser estimuladas tanto para a produção de peixe como Biodiesel Aquícola de alta qualidade.
Vamos incluir associacoes de piscicultores como as do Padre Antonio e Ivone Lisboa no programa de agricultura familiar visando a produção de alimentos e biocombustiveis. Teriamos muito mais probabilidades de sucesso do que com o uso da mamona.

Enquanto isto não acontece continuamos vendo a banda passar e importando pescados congelados da China, Chile, Noruega e até Pangasius do distante Vietnam. Tudo isto para acomodar acordos comerciais que promovem uma atividade em completo detrimento do fomento da aquicultura na nação brasileira.

Se você acredita na potencial da aquicultura no Brasil e todas suas possibilidades, divulgue e reproduza este artigo como poder. Vamos lutar para mudar esta atual realidade nacional. A Aquicultura Brasileira agradece antecipadamente.

Fonte: My Belo Jardim

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