sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Zoneamento agroecológico do dendê é tema de oficina em Rondônia

Pesquisadores e técnicos discutiram nesta terça-feira, 26, os resultados preliminares do zoneamento agroecológico do dendê durante a VII Oficina Técnica do projeto Zondendê. O evento acontece na sala de treinamento da Embrapa Rondônia em Porto Velho das 8h30 às 12h.

Foi exposto o zoneamento agroecológico para a cultura do dendê em áreas desmatadas da região Amazônica, no caso no estado de Rondônia, pelo pesquisador da Embrapa Solos, Antônio Ramalho Filho, coordenador do projeto. Será feita apresentação geral do projeto Zondendê, Zoneamento Agroecológico do Dendê em Áreas Desmatadas da Amazônia Legal, e um balanço das atividades bem como os procedimentos metodológicos utilizados. Este projeto visa conhecer o potencial das terras para a cultura do dendê visando à produção de biodiesel. O projeto Zondendê é uma demanda do Ministério da Ciência e Tecnologia e é financiado pela Finep. Esse zoneamento, que teve início em 2005 e está na fase final, foca dois níveis tecnológicos, com alto nível e com baixos insumos, de forma a atender condições para a agricultura de larga e pequena escala.

Questiona-se a viabilidade da cultura no Estado em decorrência de significativo período de estiagem, explica o pesquisador, porém, espera-se que a resposta possa vir desse zoneamento, que será apresentado na oficina e discutido entre técnicos de instituições de Rondônia que poderão validar estes resultados.

O dendê apresenta alta produtividade de óleo, o qual é muito superior se comparado a outras oleaginosas com potencial para produção de biocombustível, além do fato de ser uma cultura já domesticada e de utilização comprovada na região. O pesquisador adianta que o Brasil tem potencial comparável a outros grandes produtores, como Malásia e Indonésia. No país, o cultivo do dendê está concentrado no Pará e sul da Bahia.

Com relação ao biocombustível, a Embrapa Rondônia, sob a coordenação do pesquisador Rodrigo Barros, em parceria com a Universidade Federal de Rondônia, UNIR, e a Embrapa Agropecuária Oeste, desenvolve pesquisas com as culturas do pinhão manso, pupunha, buriti e outras oleaginosas alternativas da região amazônica.

Fonte: Rondonoticias

Crambe é aposta para biodiesel

SÃO PAULO, 27 de agosto de 2008 - Uma nova alternativa para a produção de biodiesel no Brasil foi plantada no sul de Goiás: o Crambe. Com o nome científico de Crambe abyssinica, essa planta é da família das brassicaceae e tem a vantagem de ser tolerante à seca e às geadas. Ela floresce em 35 dias e a colheita pode ser em até 90 dias.

Os testes foram feitos durante a safrinha e tiveram bons rendimentos, segundo o analista e chairman da BiodieselBR, Univaldo Vedana. 'Foram empresas privadas que acreditaram no projeto, sem apoio governamental.'

De acordo com Vedana, o Crambe pode ser plantado até o início de abril no Centro-Oeste, epóca em que a soja já foi colhida 'Por ser uma cultura de inverno se torna um alternativa para a safrinha.'

Mas para melhorar a produção, o analista diz que são necessárias políticas públicas claras e objetivas. 'É preciso organizar as cadeias produtivas para cada produto.'

Vedana também defende a plantação de Cramber para a agricultura familiar. Ele afirma que a planta tem maior rendimento de óleo por hectare e exige o uso de mão-de-obra. 'Outras alternativas para a agricultura familiar são o dendê, pinhão manso, babaçu e macaúba, ou plantas em consórcio com alimentos.'

Univaldo Vedana participou do 4º Biodiesel Congress, que termina amanhã, em SãoPaulo.

(Sérgio Toledo - InvestNews)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Falta de tecnologia impede biodiesel de girassol

SAFRAS (26) - A falta de controle sanitário na produção de girassol impede o expansão dessa cultura no País, o que dificulta a extração de biodiesel a partir dessa planta. Segundo o pesquisador e membro do Painel Científico Internacional de Energias Renováveis da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Décio Gazzoni, o Brasil não conseguiu resolver problemas tecnológicos 'simples' que permitiriam o melhoramento da produção.

'O girassol pode disputar o espaço da safrinha do milho para biodiesel.' O girassol responde por 8% do total de biodiesel produzido no mundo. Décio Gazzoni participou do 4 Biodiesel Congress, que começou hoje e termina no dia 28 de agosto, em São Paulo. As informações partem da InvestNews.

Fonte:

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Ambientalistas pedem explicação para Carlos Minc

25/08/08 - Alvo de críticas dos ambientalistas, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, tem encontro marcado na tarde desta segunda-feira com dirigentes das ONGs que atuam no setor. Os ambientalistas acusam o ministro de fazer seguidas concessões ao lobby ruralista, e vão entregar um manifesto em que condenam seu apoio ao plantio de espécies exóticas, como o dendê, em áreas desmatadas da Amazônia.

De acordo com os ativistas, Minc está contrariando seu discurso de posse, quando afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não permitiria a redução da reserva legal de áreas verdes na maior floresta tropical do mundo. O documento já circula na internet e traz a assinatura de 13 entidades, como WWF Brasil, Greenpeace, Amigos da Terra e Instituto Socioambiental.

Neste domingo, o ministro negou que seu aval à liberação de novas áreas de plantio de cana - em acordo com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes - ponha em risco a proteção do Pantanal. De acordo com Minc, o novo zoneamento da cana, que permitirá o plantio em terras do Planalto Pantaneiro, não ameaça as riquezas naturais da região.

- O Pantanal não vai virar canavial. Não vai haver nenhuma nova usina de cana no Pantanal - afirmou Minc.


O ministro negou que o acordo atenda a interesses da bancada ruralista no Congresso, como acusam as ONGs. Ele disse que o plantio da cana só será liberado em áreas hoje ocupadas por pastagens e outras lavouras.

Minc contestou trechos de reportagem publicada sábado no jornal "O Globo", informando que o presidente Lula assinará, nos próximos dias, um decreto com novas regras para o plantio de cana no Pantanal e na Amazônia.

- Isso ainda não está decidido. Pode ser um decreto ou uma portaria conjunta entre mim e o Stephanes - disse.

Leia a íntegra do manifesto das ONGs ambientalistas.

Fonte: - Bernardo Mello Franco

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Bioenergia recebe reforço de 25 toneladas de mamona

“O projeto de bioenergia no Piauí nunca parou, mas faltava uma coordenação. Outro problema é a assistência aos cerca de cinco mil agricultores familiares na região de São Raimundo Nonato”, explicou o coordenador adjunto do programa de biodiesel no Piauí, José Wellington Dias, durante a instalação de uma câmara técnica instalada na última quinta-feira (14) no auditório da Secretaria de Planejamento.

Ao final da reunião, o governo estadual e a Brasil Ecodiesel garantiram a entrega de 25 toneladas de sementes de mamona e outras 25 toneladas de feijão para os agricultores familiares utilizarem na safra 2008/2009. Além disso, segundo o secretário de Planejamento, foi sanada a dúvida no que diz respeito à coordenação do projeto. “havia uma expectativa de que o Sérgio Vilela (superintendente de Assuntos Estratégicos) fosse deslocado para outra missão. .

Técnicos do Emater, Embrapa, MDA e da Brasil Ecodiesel também discutiram sobre a o uso das oleaginosas na produção do biocombustível. Para eles, deve ser seguido o exemplo da Bahia, que não está fechado apenas na monocultura da mamona. A desinformação acerca do projeto tem, segundo José Wellington, levado a interpretações erradas não só por parte da imprensa, mas da própria Agência Nacional de Petróleo. “Dizer que a mamona não serve mais para o biodiesel me incomoda. Até porque é uma informação equivocada. Temos estudos avançados que comprovam, por exemplo, que a mamona também pode ser plantada em áreas baixas e não só acima dos 300 metros do nível do mar. Com isso, tivemos boa experiência no litoral e isso significa que toda a região norte do Piauí tem potencial para o plantio da mamona, em consórcio com outra cultura, de acordo com a característica do município, tomando por base o zoneamento”, explicou.

A iniciativa do deputado João de Deus (PT) em pedir audiência pública para discutir a viabilidade da mamona como matriz energética na produção do biodiesel foi comemorada. Presente à instalação da câmara técnica, o líder do governo na Assembléia Legislativa foi escolhido como interlocutor, uma vez que o projeto “carece de um respaldo político”.

“A audiência está confirmada para ao próximo dia 27 (quarta-feira) no Plenarinho da AL, às 15 horas. Queremos discutir não só a viabilidade da mamona, mas também a sua utilização em outras áreas. É importante ainda entender o papel de outras oleaginosas, como o etanol, soja e o girassol, na produção do biodiesel”, disse o parlamentar, cujo gabinete possui técnicos que vão acompanhar as discussões em torno do projeto, abastecendo o parlamentar de informações.
Wesslley Sales

Fonte: TV Canal 13

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Biodiesel de algas

Agência FAPESP – Os ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Pesca e Aqüicultura (MPA) publicaram o primeiro edital para seleção de projetos de pesquisa que contemplem a aqüicultura e o uso de microalgas como matéria-prima para a produção de biodiesel.

Ao todo, serão repassados R$ 4,5 milhões por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As propostas devem ser apresentadas sob a forma de projeto e encaminhadas ao CNPq exclusivamente pela internet, por intermédio do formulário de propostas on-line.

Segundo o CNPq, serão admitidos projetos que englobem todo o processo de produção e transformação em temas como: desenvolvimento de técnicas de cultivo de microalgas de baixo custo e que visem a produção de óleo como matéria-prima para a produção de biodiesel; estudos de potencial de cepas de microalgas; avaliação da viabilidade econômica do processo global do cultivo à obtenção de biodiesel; processos mais econômicos e eficientes do que os convencionalmente usados para a coleta de microalgas e extração do óleo para a produção de biodiesel.

A data-limite para submissão das propostas é 25 de setembro. Os resultados serão divulgados no Diário Oficial da União e na página do CNPq na internet a partir de 27 de outubro. Os primeiros projetos começarão a ser contratados a partir de 1º de dezembro.

Mais informações: www.cnpq.br/editais/ct/2008/026.htm

Fonte:

Mamona gera emprego e renda na região do semi-árido

O Brasil dispõe de diversas oleaginosas para a produção de biodiesel. Além de ser extraído de gordura animal, o combustível é derivado de óleos vegetais como os de soja, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão manso. No semi-árido, a mamona representa uma oportunidade de geração de emprego e renda porque a planta é resistente ao clima seco e tem mercado diversificado e crescente.

O Nordeste concentra 93% da produção de mamona que é direcionada a diferentes segmentos como a indústria de cosméticos e lubrificantes, além de usinas de biodiesel. Cerca de 29 mil agricultores familiares da Bahia e Sergipe vão produzir, até dezembro, 48,8 mil toneladas de grãos para a primeira usina de biodiesel da Petrobras, inaugurada em julho, em Candeias (BA). Deste total, 30,6 mil toneladas são de mamona e 18,2 de girassol.

Para o funcionamento da unidade, 58% do total de compra da matéria-prima foi adquirido da agricultura familiar, o suficiente para obtenção do Selo Combustível Social.

Safra - De acordo com a Conab, a produção de mamona no Brasil nesta safra será de 146 mil toneladas, 55,8% a mais que no ciclo passado. O aumento é resultado de um crescimento de área de 7,3% e melhora de 45,3% na produtividade, comparada ao período anterior. Os agricultores estão colhendo em média 875 quilos por hectare. Durante a safra 1997/98, por exemplo, a colheita rendia apenas 142 quilos por hectare.

Fonte:

sábado, 9 de agosto de 2008

Safra de soja atinge recorde de 60 milhões de toneladas

A safra de soja do Brasil na temporada 2007/08 foi estimada em um recorde de 60 milhões de toneladas, informou nessa quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu décimo primeiro levantamento de produção.

A estatal elevou a sua previsão em relação ao mês anterior, quando havia estimado a safra em 59,8 milhões de toneladas.

A colheita da soja em 07/08 já foi encerrada no Brasil, o segundo produtor mundial da oleaginosa atrás dos Estados Unidos.

Na temporada passada (2006/07), o Brasil produziu 58,4 milhões de toneladas.

Fonte:

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

São Paulo testa ônibus a hidrogênio

07/08/08 - Entre setembro e dezembro o ônibus movido a hidrogênio será testado pela empresa Metra, que opera no corredor São Mateus-Jabaquara, zona leste de São Paulo, com extensão de 32 km, abrangendo a área do Grande ABC. Nesta fase, o teste será sem passageiros. A partir de dezembro, será disponibilizado para os 285 mil passageiros diários que utilizam o corredor. A informação é do gerente de desenvolvimento da EMTU e responsável do projeto, Carlos Zundt. A tarifa será a mesma.

O executivo diz que é cedo para falar em frota, mas adianta que o contrato prevê a montagem de mais quatro unidades até chegar ao ponto de propor ao governo do estado um plano de médio e longo prazo de implantação efetiva do projeto. Por questões de cláusulas de confidência, fixadas entre os participantes do consórcio, não é permitido citar valores, embora Zundt deixe escapar que ele ultrapassa a casa dos R$ 22 milhões, em montagem , desenvolvimento, instalação do posto de abastecimento, entre outros itens.

O custo unitário por veículo, conforme o executivo, fica próximo do valor de dois trolebus, somando aí o valor da energia elétrica para movimentação. "O trolebus e o hidrogênio não poluem. A diferença é o custo da energia elétrica e o custo do hidrogênio. O processo e a tecnologia que estamos usando fogem de tudo o que se viu até hoje no mundo. Ele permite que qualquer fornecedor de células participe. Somado a isso temos montadoras de ônibus com preços relativamente baixos e alta qualidade. No cotação com americanos e alemães, nossos preços são mais satisfatórios." "Este projeto tem possibilidade de criar nova atividade econômica para o Brasil", vislumbra o presidente da EMTU, José Ignácio Sequeira de Almeida.

Fonte:

Da Agência

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A pergunta que não quer se calar: O biodiesel a partir da mamona é viável?

Ao prestarmos atenção nos jornais, revistas e telejornais nos depararemos com várias matérias sobre o biodiesel.

Em outros casos encontraremos manchetes dizendo que o preço do petróleo se aproxima dos 150 dólares o barril. Por esse motivo, o biodiesel já pode ser considerado uma alternativa a essa crise.

Nosso país possui diversidade de solos, de climas e de culturas. Podemos explorar o biodiesel a partir da mamona, da soja, do girassol, da palma, do dendê e, até mesmo, de produtos de origem animal, como é o caso do sebo.

A cultura da mamona, além de ser uma alternativa para a produção de biocombustível, pode ser um potencial no resgate econômico e social das famílias rurais. O plantio da mamona pode ser um forte instrumento de renda para os produtores familiares que se inserirem no programa.

Esse nobre óleo feito a partir da mamona é utilizado pela indústria química e pela indústria de lubrificantes, entretanto pode ter sua demanda aumentada conforme prevê a “Lei da Oferta de Procura”, assim, o preço de mercado da mamona pode dobrar.

Esse programa, pela sua magnitude, pode ter estar apenas engatinhando. Hoje ele só está ocorrendo graças a subsídios. Há redução fiscal que chega até a isenção de 100% em alguns casos e claro há o financiamento do BNDES com juros baixos. O governo traçou a meta ambiciosa de produzir 800 milhões de litros de biodiesel por ano, o que significa uma redução de 160 milhões de dólares na importação de diesel. Diante disso, podemos afirmar que o impacto econômico é enorme, seja na redução das importações de petróleo e diesel refinado, seja na melhoria na balança comercial e no desenvolvimento regional fixando o homem no campo.

Há um grande risco de que a meta imposta pelo governo não seja cumprida, pois vem estimulando a produção do biodiesel a partir do óleo da mamona, principalmente na região do semi-árido do Nordeste. O risco está no fato de que para a mamona ser competitiva o subsídio deverá ser um tanto quanto “milagroso”.

O Jornal O Globo trouxe uma matéria dizendo que o mercado internacional de mamona paga aproximadamente mil dólares por uma tonelada de mamona (para produção de óleo de mamona) e o biodiesel produzido a partir de uma tonelada de mamona renderia quinhentos dólares, diferença essa que poderá inviabilizar o cumprimento da meta governamental. Para atingir o objetivo inicial o governo precisaria desembolsar aproximadamente dois bilhões de dólares em subsídios. Questionamento: O governo terá condições de manter o programa de pé? Esperamos que sim, mas vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos!

Marçal Rogério Rizzo: Economista, Professor Universitário, Especialista em Economia do Trabalho, Mestre em Desenvolvimento Regional pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Fonte: artigos.com

Mamona é viável para produzir biodiesel

As recentes polêmicas em torno da viabilidade da mamona como matéria-prima para o biodiesel não alteraram a posição do governo em relação à oleaginosa. Reunidos no III Congresso Brasileiro de Mamona, que acontece em Salvador até hoje, com participação de cerca de mil envolvidos na cadeia produtiva, técnicos da Embrapa e diretores da Petrobras reforçam a viabilidade da mamona como peça-chave do Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB). Segundo a Embrapa, os avanços tecnológicos em melhoramento genético estão permitindo superar as limitações da planta para a produção do biocombustível.

Na avaliação da Embrapa, o entendimento de que a mamona seria inviável para a produção de biodiesel por causa da alta viscosidade é uma "leitura precipitada" da Resolução nº 07 de 20.03.2008 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que estabelece as especificações de qualidade para o biodiesel. "Na verdade, nada muda na estratégia do uso de mamona, porque o problema só ocorreria se esse óleo fosse usado puro, o chamado B100. Mas, na mistura com outros óleos, como o de coco, soja ou dendê até 40%, obtêm-se um biodiesel de excelente qualidade", afirma o chefe-geral da Embrapa Algodão, Napoleão Beltrão.

O blend com outros óleos pode ser a saída inicial, mas a Embrapa aposta ainda no melhoramento genético para superar definitivamente o problema. "Um grupo de pesquisas na Espanha chegou a uma nova linhagem de mamona com baixa viscosidade. Estamos trabalhando no desenvolvimento de uma cultivar adaptada às condições de clima e solo do Brasil, que será plantada exclusivamente para o biodiesel", diz Beltrão.

A mamona começou a ser estudada no Brasil há quase um século, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Apesar disso, o conhecimento sobre a planta está em constante evolução. "Em ciência, tudo o que se sabe dobra a cada dois anos. Há muita coisa ainda por descobrir e por desenvolver. Há 20 anos, ninguém acreditava na soja, porque ela precisava de latitudes altas, e hoje esse grão é plantado em todo o país", lembra Beltrão.

Outra alegação contrária à mamona, a desestruturação da cadeia produtiva e o cumprimento dos contratos pelos pequenos produtores, também foi rebatida. O ex-ministro de Desenvolvimento Agrário e atual diretor da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, defende que a oleaginosa seguirá sendo a opção estratégica da nova subsidiária da estatal, a Petrobras Biocombustível, e aposta no associativismo e no cooperativismo.

"Estamos garantindo a compra da produção, com preço justo, e já planejamos fazer contratos com prazo de até cinco anos. Queremos estabelecer com esses produtores uma relação de longo prazo, economicamente justa, social e ambientalmente correta", disse Rosetto. A Petrobras Biocombustível paga cerca de R$ 0,88/kg pela mamona em baga. A semente utilizada é fornecida pela empresa.

Fonte: (José Pacheco Maia Filho)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Diversos sobre Mamona e biodiesel

O blog do Luis Nassif* faz uma ótima analise sobre a questão da mamona como matéria-prima para o biodiesel e trás um apanhado sobre a questão.

Afinal, a mamona é a oleaginosa adequada para o biodiesel? Esta semana, uma reportagem da “Folha” informava que a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) considerou-a inapropriada.

Em março deste ano, a ANP divulgou a resolução nº 7, indicando que a mamona não se enquadraria nos parâmetros técnicos para a produção do biocombustível. Isso por causa da alta densidade do insumo, diferente dos óleos extraídos, principalmente, da soja, pinhão manso e algodão.

A mamona é de alta viscosidade, servindo para aplicações muito mais nobres. Embora esse mercado especial não seja dos mais relevantes, é provável que uma produção mais sistemática de óleo de mamona acabaria sendo desviada para aplicações de melhor rentabilidade.

Mesmo assim, a Embrapa mantém pesquisas e defende matéria-prima

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Em entrevista a Lílian Milena, do Projeto Brasil), o Chefe de Negócios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/ Embrapa Algodão, Liv Soares Severino, continua apostando na planta. Há 18 anos ele realiza pesquisas com mamona. E, para ele, a alta viscosidade não cria problema para continuar a utilizar o seu óleo.

“O Brasil, por exemplo, sempre produziu o óleo a partir da planta, temos tradição no cultivo sendo que entre as décadas de 70 e 80 o país era o principal produtor no mundo. Já a partir de 6 há 7 anos para cá, a mamona passou a ser aplicada na fabricação do biodiesel”, explicou.

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A quantidade do óleo que pode ser adicionado ao diesel convencional e sem comprometer a qualidade de combustível é de até 40%. Se hoje a indústria do setor utilizasse toda a mamona produzida para este fim, chegaríamos a um índice de 6% em relação ao total de oleaginosas usadas no biocombustível, “mesmo com a densidade natural do insumo”, ressalta o pesquisador.

Por enquanto, o problema maior é que o país não consegue produzir o suficiente para atender a demanda atual, a maior parte da qual para a indústria química.

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A Embrapa Algodão participa de um grupo de pesquisas na Espanha. Lá, foi descoberta uma linhagem de mamona típica do país europeu que não tem o mesmo problema de viscosidade que as espécies brasileiras. “É claro que antes de aplicarmos essa nova variação no país precisamos respeitar um processo legal de quarentena da planta em laboratórios onde serão feitas investigações para ver se a espécie carrega algum tipo de inseto ou doença”, complementou.

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O Ministério de Minas e Energia também rebateu a informação de que o governo federal teria desistido de trabalhar em pesquisas e na possível implantação da mamona. Segundo o MME, ainda há alternativas e ajustes que precisam ser feitos para adequação.

Para utilizar a mamona seria necessário adicionar outro tipo de produto até chegar a uma densidade compatível para misturar ao diesel ou para se obter o biodiesel, de acordo com dados da ANP.

Até fevereiro, a mamona participava apenas com 0,17% da produção total do biodiesel que atende o mercado, enquanto a soja representava cerca de 68,41% do setor (hoje tem participação de 77,35% dos insumos usados).
Mas o próprio MME explica que a queda da participação da mamona se deve ao aumento de preços no mercado internacional.

Por Tio Almir da Bahia

Para quem quiser mais informações sobre o tema, estará acontecendo na semana que vem, de 04 a 07 de agosto, o III Congresso Brasileiro de Mamona aqui em Salvador, no Bahia Othon Palace ( não é brinquedo não!). Veja mais informações no link abaixo. clique aqui

Eu participo de um projeto de biodiesel a partir da mamona lá nos sertão da Bahia, no Raso da Catarina (terra aonde Lampião se escondia).

Todos os pesquisadores me alertam sobre este detalhe de que a mamona presta mais para lubrificante do que para combustível. Porém, o que vejo mais vantagem na mamona é o fato de ser um combustível social: ela nasce até no meio da caatinga!

Como diria Djavan: Qualquer sujeito, sem eira nem beira, tem lá no fundo do quintal, um pé de macaxeira....

Nassif,

V. faz muito bem de trazer a mamona à baila. O commoditie traz oportunidade rara p/ produtores no NE, inclusive, como se sabe, uma componente de fator social extraordinária.

Por Xikito Affonso Ferreira

Vc. faz bem de apontar a notícia da Folha porque arriscamos nos deixar arrastar, de novo, pelo jornalismo do catatstrofismo. Se mamona vale mais p/ lubrificante do que como combustível, ótimo. Mas a grande notícia p/ o país é a saca a R$ 45 ou 70, que assim se habilitam um monte de terras hoje sem uso.

Andei pesquisando ensaiando p/ entrar no mercado da mamona, nele impera a improvisação completa. Não se questiona produtividade, não se ousa no investimento com melhores sementes e práticas, etc. Mamona no Brasil ainda é pouco mais do que extrativismo.

Por Dalmace

Se a mamona é tão ruim assim como estão falando, porque a Petrobrás acabou de inaugurar uma fábrica de biocombustíveis em Candeias, na Bahia ?

A fábrica tem capacidade para produzir 57 milhões de litros de biodiesel por ano, que vai se basear quase exclusivamente na agricultura familiard, no total, 55 mil agricultores 215 municípios da Bahia e de Sergipe foram cadastros para fornecer as matérias-primas para a usina. Clique aqui.

Por Adrian Hänzi
Diretor Gerente BOM Brasil Óleo de Mamona

Prezado Sr. Nassif,

leitor assiduo do seu blog, gostaria de passar informações sobre o setor da Ricinoquimica. anexo segue um artigo de entrevista recente.

Brasil tem grande potencial para rícinoquimica

A cultura da mamona tem um potencial ainda não mensurado para a economia brasileira. Apesar dessa oleaginosa ter entrado recentemente na pauta nacional para a produção de biodiesel, ela tem de longa data uma grande importância na produção de derivados (ricinoquímica) e em outros setores da indústria. Essa constatação pode ser feita com os grandes investidores do setor que estarão em Salvador, entre os dias 04 e 07 de agosto, participando do 3º Congresso Brasileiro da Mamona.

“A produção nacional de baga de mamona pode tranqüilamente crescer para 200.000 toneladas métricas, beneficiando a agricultura familiar e o parque industrial instalado. O que precisamos realmente hoje no país é aumentar a safra e a produtividade da cultura no campo, o que pode ser alcançada fazendo com que os resultados das pesquisas da Embrapa cheguem ao produtor”, diz Adrian Hanzi, diretor-executivo da BOM - Brasil Óleo de Mamona.

O crescimento da demanda pelos derivados da mamona pode ser notado observando-se apenas os dados de importação de óleo de mamona pela empresa dirigida por Hanzi no primeiro semestre deste ano. Foram dez mil toneladas métricas compradas diretamente da Índia. Pelo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional deve girar em torno das 70 mil toneladas de baga de mamona em 2008.

“Os derivados de óleo de mamona produzidas pela ricinoquímica agregam muito mais valor ao óleo de mamona. A empresa continua investindo em novos produtos e melhoria de processos, para se ter uma idéia, só neste ano serão mais de 800 mil reais”, revela o industrial. Hanzi enfatiza que a safra brasileira de mamona precisa crescer, porque a demanda internacional esta crescendo, sobretudo na China, devido a alta dos preços de petróleo, o desenvolvimento de suas aplicações, e porque Índia, o maior produtor mundial de mamona, precisa produzir mais alimentos, incluindo mais óleos vegetais comestíveis, e portanto a possibilidade de crescimento da safra neste pais começa a ficar limitado.

“Precisamos juntar os esforços entre Embrapa, Secretarias estaduais de agricultura, MDA, Conab, indústrias, municípios e agricultores para trabalhar as deficiências que o setor tem, como carência de semente certificada a preços accessiveis, manejo e rotação, assistência técnica e credito, entre outras. Considero que é uma grande oportunidade de gerar renda para o campo, e para todo o setor, uma oportunidade que não deve ser desperdiçada.

A Embrapa deve, na minha opinião, coordenar um programa de pesquisa e promoção da mamona igual que a Índia está fazendo nos últimos 35 anos, com melhoria permanente da semente, em beneficio do agricultor”, defende o executivo.

Vantagens da mamona

Adrian Hanzi diz que o óleo extraído da mamona é “único” entre todos os óleos vegetais por causa de sua composição química especial, por ser o único que contém um ácido graxo hidroxilado (ácido ricinoléico) “Ele confere uma grande versatilidade e permite substituir derivados de petróleo, tendo como grande vantagem o fato de se tratar de uma fonte de matéria prima renovável. O óleo da mamona é muito utilizado na produção das graxas para motores, como também na composição de tintas, cosméticos, poliamidas, detergentes, pigmentos, colas, resinas, poliuretanos, peças automotivas, cabos para telefonia etc. “Há uma pesquisa na USP que desenvolveu próteses à base do óleo da mamona, ficando comprovado que esse material agride muito menos o corpo humano”, acrescenta.

Fonte: Blog do Luis Nassif

* Luis Nassif foi introdutor do jornalismo de serviços e do jornalismo eletrônico no país. Vencedor do Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se em 2003 e 2005, em eleição direta da categoria.

Ler também:
Os percalços enfrentados pelo Biodiesel no Brasil
MAMONA PERMANECE COMO OPÇÃO PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O poder do grão que hoje ocupa 21 milhões de hectares no país

O Brasil só começou a produzir soja em escala comercial nos anos 60. No início, semeou o grão no Rio Grande do Sul. Foi necessária uma década de pesquisas genéticas até que surgissem sementes adaptáveis ao clima tropical e técnicas de correção de solo para permitir o plantio do grão no Centro-Oeste. Nos anos 90, a soja chegou à Amazônia. Nesta década, passou a injetar prosperidade até em alguns dos rincões mais pobres do Nordeste. Converteu-se na principal atividade econômica da região que se estende do oeste da Bahia ao sul do Maranhão. O Brasil se tornou o maior exportador e o segundo maior produtor do grão. Por enriquecer o solo onde é cultivada, a soja ressucitou as lavouras de milho e algodão, que a substituem nos períodos de descanso da terra. Seu farelo é um dos principais ingredientes da ração de animais. Item básico da cozinha, seu óleo é também matéria-prima do biodiesel. Por tudo isso, a sja fez brotar, nos últimos anos, muitas cidades. Hoje, suas lavouras cobrem 21 milhões de hectares em 1 877 municípios de vinte estados.


CASO EXEMPLAR 1
Luís Eduardo Magalhães (BA)
Era só um posto de gasolina de beira de estrada. Em 1970, converteu-se em ponto de parada dos imigrantes do Sul que iam para o oeste baiano. Virou vilarejo quando a soja apareceu, no fim dos anos 80. Há sete anos, transformou-se no município de Luís Eduardo Magalhães, o centro da soja do Nordeste. Hoje, é a sede de vinte grandes empresas de processamento de grãos e fibras, com 44 000 habitantes. Na área de prestação de serviços, um dos destaques é o luxuoso Hotel Saint Louis, uma torre de sete andares com 76 suítes e um centro de convenções

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CASO EXEMPLAR 2
Balsas (MA)
A cidade de 79 000 habitantes, fundada em 1918 no sul do Maranhão, levou sete décadas para começar a prosperar. Isso só aconteceu depois que sulistas trouxeram a soja para a região. Parte da virada se deve à Fapcen, uma fundação de pesquisa dos agricultores que criou sementes adaptadas ao solo e clima locais. A soja pulverizou riqueza por Balsas, o segundo pólo do grão no Nordeste. Há vinte anos, o maranhense Ilson Mateus tinha um mercadinho. Embalado pela soja, transformou sua loja em uma rede de atacado e varejo que faturou 800 milhões de reais no ano passado. “Vou no ritmo da soja”, diz.

Leia também:
De grão em grão
Uso da soja como matéria-prima para a produção de biodiesel

Fonte: Revista Veja - 23/07/2008
Do:

Camalote do Pantanal pode virar bioenergia do futuro

Embrapa estima que anualmente 1 milhão e 700 mil toneladas de camalotes desçam o rio.

Eles fazem parte do cenário do rio Paraguai. Descem mansamente o canal, rio abaixo, com destino incerto. Parecem poucos, porque flutuam isoladamente quando se desprendem das baías, mas são milhares no período do pico da cheia, entre março e junho. Agora são estudados como biomassa para biocombustível

O biólogo Ivan Bergier Tavares de Lima, pesquisador de tecnologias em bioenergia e geociências da Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) estima que anualmente 1 milhão e 700 mil toneladas de camalotes desçam o rio.

É um volume importante para o trabalho que apresentou no final de julho na Conferência Internacional sobre Áreas Úmidas (o 8º Intecol), que reuniu cerca de 600 pesquisadores de todo o mundo em Cuiabá, Mato Grosso. Bergier estuda a utilização do camalote como biomassa para biocombustível.

São dois tipos de plantas flutuantes que crescem nas baías do Pantanal, vão de desprendendo e tomam o canal do rio Paraguai. Levam o nome científico de eicchornia crassipes e ciperáceas, mas são popularmente conhecidas como camalotes ou água-pé, nome indígena que significa “levado pelo rio”, e já estão incorporadas à paisagem pantaneira.

É uma planta de reprodução rápida. “As ciperáceas são diferentes porque possuem solo. Como a cada ano cresce e morre, dentro deste ciclo natural acaba formando um solo submerso, que serve de abrigo para animais, como cobras, e insetos pegam uma carona e descem o rio sobre elas. Até cervos já foram vistos viajando sobre as ciperáceas”, explica o pesquisador ao Diário Corumbaense.

Com a ajuda de uma câmera colocada na margem, na chamada curva da Marinha, em Ladário, Bergier realizou longas filmagens para ter uma idéia do volume de plantas que descem o rio Paraguai – a quantidade é muito maior durante a cheia do Pantanal, inclusive com bancos maiores. Elas seguem a calha do rio na parte mais funda, onde é maior a velocidade.

“Os pilotos pantaneiros costumam dizer que basta seguir o camalote para não se ter problema, porque ele sempre desce pela parte mais funda, e mais rápida, do rio”, destaca o pesquisador.

Grande parte dessas plantas fluem e vão parar em Porto Murtinho. Ainda não se sabe o que ocorre, se elas se decompõem durante o trajeto, no corpo d’água, ou se vão parando e fazem parte na circulação de matéria, de alimento ou de abrigo para algumas espécies.

“A função delas na baía nós já sabemos, é exatamente essa, têm um papel importante na dinâmica do ecossistema. Mas ainda pesquisamos sobre sua função ecológica quando ela entra no canal do rio, principalmente jusante (ao longo do curso do rio até à foz)”, afirma o pesquisador. “Em Porto Murtinho, que recebe um grande volume dessas plantas aquáticas, elas chegam a fechar o canal, provocam bloqueios para a navegação”, acrescenta.

Outra questão em estudo sobre a biomassa é saber se estará sempre disponível para gerar energia, porque o maior volume de camalotes que descem o rio está diretamente associada às cheias do Pantanal. “Vai depender do ciclo hidrológico”, observa Bergier. Por isso o estudo inclui uma pesquisa detalhada sobre a oscilação das cheias. “Depois do período da seca na década de 60, e depois das cheias em 1974 e 1975, os níveis máximos permaceram relativamente mais altos depois do período de seca.

Com a manutenção de volume de água e a flutuação das plantas que descem o rio Paraguai, haveria uma biomassa disponível, para ser usada como fonte de energia para a indústria ou mineração, matéria-prima para o desenvolvimento sócio-econômico regional. Outro estudo importante está focado em se saber a dimensão dos impactos, segundo Bergier.

“Temos alguns cálculos que vão depender do volume e dos impactos, porque eventualmente pode haver uma fauna associada a essas plantas, como cobras, insetos, por isso tudo deve ser muito bem detalhado antes de iniciarmos a 'corrida ao camalote'”, destaca o pesquisador.

Biomassa vegetal - A biomassa formada pelo camalote vem merecendo estudos aprofundados da equipe da Embrapa, segundo o pesquisador Ivan Bergier. Futuramente pode servir como alternativa para o uso do carvão vegetal e a cana-de-açúcar como fonte de energia. “De um lado é muito úmida, mas tem mais celulose. Dependendo da finalidade de energia, pode se produzir hidrogênio, metano ou se fazer carvão de biomassa vegetal. Pode ser utilizada para gerar hidrogênio e metano, para gerar biocombustível.

Deve ser analisado o poder calorífico do camalote. Tudo é questão de demanda e sustentabilidade ambiental. Não se sabe quanto poderia suprir a energia, mas deveria minimizar o desmatamento ou minimizar o uso de carvão de eucalipto. Tudo isso vai depender da quantidade e da sustentabilidade ambiental a jusante (rio abaixo), esse é o ponto crítico.

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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sonho da ''revolução'' do biodiesel de mamona chega ao fim no Piauí

Com a frustração da experiência, agricultores abandonam as terras e sobrevivem da doação de cestas básicas

Depois de três anos, o sonho do presidente Lula de produzir biodiesel de mamona parece ter chegado ao fim. Ao colherem este ano uma safra irrisória, os pequenos agricultores do projeto Santa Clara, localizado entre as cidades de Canto do Buriti e Eliseu Martins, no sul do Piauí, sobrevivem de favores, de cestas básicas, e estão convencidos de que plantar mamona não é um bom negócio.

A própria empresa Brasil Ecodiesel, encarregada do empreendimento, já procura alternativas à mamona e passou a fazer experimentos na região com outras plantas, como o girassol e o pinhão manso. Mas as iniciativas são preliminares, pois ainda faltam conhecimentos técnicos mais profundos sobre as culturas alternativas.

Como resultado do fracasso do empreendimento, a usina de produção de biodiesel mantida pela empresa em Floriano, a 260 quilômetros de Teresina, capital do Piauí, está em ritmo lento e vem utilizando basicamente a soja como matéria-prima, na ausência da mamona. No projeto Santa Clara, a imagem é de abandono, com muitas famílias deixando a área e as casas, construídas no início do projeto, desocupadas e destelhadas.

PRIMEIRA COLHEITA

No dia 4 de agosto de 2005, Lula participou da primeira colheita de mamona no projeto Santa Clara, que serviria de modelo para a integração da agricultura familiar ao programa do biodiesel. Na época, o entusiasmo do presidente era grande. Ele chegou a dizer aos pequenos agricultores presentes na solenidade que era possível fazer "uma revolução" a partir da mamona. A realidade, porém, mostrou-se bastante diferente do sonho vendido pelo presidente.

"Não colhi mamona nenhuma este ano", disse o agricultor Pedro José de Souza Filho, que guarda uma foto de Lula, quando o presidente visitou a sua modesta casa, durante a solenidade da colheita de 2005. "Só colhi mesmo dois sacos de feijão." E Pedro não foi o único que não colheu nada ou quase nada.

No início do ano, uma praga de lagartas dizimou os primeiros plantios de mamona do assentamento. A empresa Brasil Ecodiesel, parceira dos agricultores no empreendimento, foi obrigada a fazer o replantio. Mas não houve tempo. Em algumas áreas, a empresa chegou a arar a terra, mas a maior parte ficou sem plantio, o que afetou o rendimento dos agricultores.

O montante da safra deste ano ainda não é conhecido, mas as evidências indicam enorme frustração. "A safra de 2008 foi um desastre", disse Lino Hipólito Neto, um dos líderes dos agricultores. Ele próprio não colheu uma saca sequer de mamona. A empresa Brasil Ecodiesel informou ao Estado que "os volumes são relativamente baixos frente ao tamanho do projeto de agricultura familiar que a empresa desenvolve no Brasil, com cerca de 30 mil famílias". Os agricultores, que são chamados de "parceiros", dizem que a produção vem caindo ano após ano.

Em 2005, o primeiro ano do empreendimento, a colheita foi excepcional. Um levantamento feito pelos próprios agricultores indica que a safra do ano em que Lula visitou o empreendimento foi de 1,8 mil toneladas. No ano seguinte, a produção caiu para 1,2 mil toneladas. Em 2007, ano de pouca chuva, a produção caiu para somente 643 toneladas. Este ano, acredita-se que a colheita não tenha chegado à metade daquela obtida no ano passado.

A expectativa da empresa Brasil Ecodiesel era que cada parceiro conseguisse uma produtividade de pelo menos uma tonelada de mamona por hectare. "Em 2005, alguns parceiros chegaram a colher 2 toneladas por hectare", lembrou Lino Neto. Mas a produtividade foi caindo a cada ano, por causa de uma série de fatores, incluindo a falta de correção do solo e a piora na qualidade das sementes utilizadas, segundo informaram os agricultores.

CÉLULAS

O projeto Santa Clara impressiona por suas dimensões. No início, eram 665 famílias distribuídas em 19 assentamentos, chamados de "células". Cada uma das famílias ganhou um lote de 8,5 hectares. Deste total, 5 hectares deveriam ser destinados ao plantio da mamona e 2,5 hectares ao plantio do feijão.

A empresa ficaria com 30% da produção de cada "parceiro" para cobrir os seus custos com o empreendimento e os adiantamentos de dinheiro feitos aos agricultores. Não seria permitido o cultivo de qualquer outro produto na área. Apenas um hectare ficaria para que o "parceiro" pudesse cultivar o que desejasse. Mas essa regra não foi seguida por todos. Como o cultivo da mamona não apresentou os resultados esperados, alguns agricultores passaram a plantar mandioca e milho para aumentar sua renda. A empresa terminou aceitando a solução.

Porém, mesmo com essa flexibilização, a sobrevivência dos "parceiros" está dependendo da boa vontade da Brasil Ecodiesel, que paga, por mês, R$ 164 para cada família e ainda distribui uma cesta básica. Mas isso é um favor prestado pela empresa, pois não está no contrato, e os agricultores não sabem como irão um dia pagar esses benefícios. Por causa das dificuldades, os agricultores estimam que cerca de 40 famílias já deixaram o empreendimento.

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domingo, 3 de agosto de 2008

Secretaria de Agricultura de Taubaté desenvolvem pesquisa em Pinhão-Manso

Os institutos da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Apta/SAA), em parceria com a Associação dos Amigos dos Bairros Rurais (AABR), sediada em Taubaté, o Núcleo de Sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati/SAA) e o Pólo Apta Vale do Paraíba estão iniciando o projeto “Pinhão-Manso: alternativa econômica, social e ambiental para a produção integrada de biodiesel”.

Aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com financiamento superior a R$ 111 mil, ele vai pesquisar a produção integrada do pinhão-manso à pecuária. O Instituto Biológico (IB) é o responsável pela certificação das sementes, o de Economia Agrícola (IEA), pelo levantamento de custo de produção, e o Agronômico (IAC) pela determinação da composição química das sementes.

Segundo a pesquisadora Cristina Castro, do Pólo Apta, o estudo irá gerar e validar tecnologias e processos para que a cultura da oleaginosa seja uma alternativa de renda aos produtores e pecuaristas da região. Além disso, busca-se reduzir o impacto ambiental gerado pelas áreas de produção de eucaliptos que abastecem a indústria de papel e celulose.

Três etapas

Iniciado em março deste ano, o projeto é composto por três etapas. Nesta primeira, está sendo feito um diagnóstico socioeconômico, tecnológico, cultural e do ambiente da região. Com os dados finalizados, serão estimados o custo de produção e o balanço energético do pinhão manso. A pesquisadora diz que os dados têm extrema importância para a formação da cadeia produtiva e para a determinação do preço final do produto, que ainda não está totalmente inserido no mercado comercial.

Na segunda etapa do projeto, serão monitorados três sistemas de produção silvopastoril, que combinam a produção de árvores, a pastagem e o gado numa mesma área, de forma integrada. Os pesquisadores avaliarão o desenvolvimento do plantio do pinhão-manso sob diferentes espaçamentos, integrado nas propriedades com bovinos de leite, corte e de ovinos.

Eles também vão monitorar o pinhão-manso em sistema de produção de monocultura, onde três tipos de leguminosas perenes serão usados como cultura de cobertura após a colheita das sementes, ou seja, nos intervalos de tempo em que o solo não é cultivado.

A previsão é que o resultado final esteja pronto em 2010, quando será finalizada a terceira etapa do estudo. Dessa forma, será determinada a qualidade do produto, por meio da certificação de sanidade e composição química das sementes colhidas nas lavouras experimentais.

Todo o projeto será executado nas propriedades particulares dos produtores da região do Vale do Paraíba, na cidade de Taubaté, onde já existem duas usinas de extração de óleo para biodiesel. Cristina enfatiza que o projeto objetiva, sobretudo, auxiliar os produtores interessados, atendendo às múltiplas necessidades de estrutura que a cultura do pinhão-manso demanda e com a organização da cadeia produtiva para a bioenergia.

Mais sobre a planta em A CULTURA DO PINHÃO MANSO - Jatropha curcas

Fonte: Diário de Taubaté

Diesel feito de cana

O primeiro diesel renovável, obtido da cana-de-açúcar, começará a ser produzido, em escala piloto, a partir do início de 2009, em Campinas, no Techno Park, anunciou ontem a Amyris-Crystalsev, uma joint-venture recém-formada pela Amyris Biotech, líder mundial no desenvolvimento da próxima geração de biocombustíveis, e a Crystalsev, uma das maiores tradings e comercializadoras de etanol do Brasil. A Santelisa Vale, usina de Sertãozinho, será a primeira produtora no mundo do novo combustível em escala comercial. O diesel de cana chegará ao mercado em 2010. O valor do investimento na joint-venture não foi revelado.

O diesel pertence à segunda geração de combustíveis renováveis a partir da cana (o primeiro foi o etanol). O presidente da Amyris, John Melo, explicou que o diesel é biologicamente formulado por meio da fermentação da cana para criar hidrocarbonetos, a mesma estrutura molecular encontrada em combustíveis tradicionais de petróleo. O processo de produção do novo diesel em uma usina é semelhante ao da produção de açúcar e álcool. A diferença é que, no momento da fermentação, a levedura Sacaromice cerevisiae (tradicional fermento biológico) que passou por um processo de reengenharia, separa o óleo existente no processo do caldo da cana. O óleo passa então pela finalização química obtendo, assim, hidrocarbonos.

Pesquisas e testes indicam que esse combustível alcançará escala comercial de forma mais rápida e econômica do que os biocombustíveis já disponíveis no mercado, além de reduzir em 80% as emissões em relação ao óleo diesel tradicional. A idéia não é a de substituir o diesel convencional, mas misturá-lo em altos níveis com outros combustíveis de petróleo.

BARRIL. Segundo Melo, é possível adicioná-lo a uma taxa de até 80%, mantendo as mesmas características. Para o consumidor, o preço será competitivo em relação ao petróleo fóssil, com barril até US$ 60. Hoje o barril está em US$ 120.

A Amyris investiu cerca de US$ 100 milhões no desenvolvimento de uma plataforma de tecnologia que permitiu a reengenharia de microorganismos em "fábricas vivas" para a produção sem danos ao meio ambiente de inúmeros produtos utilizando matérias-primas renováveis, como cana e celulose.

Essa tecnologia surgiu de um projeto para desenvolver uma fonte secundária de Artemísia, um ingrediente-chave para um remédio contra a malária. Nesse caso, a Amyris fez a engenharia de micróbios que podem produzir sinteticamente Artemísia para suprimir limitações atuais no fornecimento desse ingrediente.

AVIAÇÃO. O processo permite obter, além do diesel, gasolina e combustível de aviação. O foco, no entanto, será o diesel, informou o presidente da Crystalsev, Rui Lacerda Ferraz. O grupo não informou os investimentos que serão realizados no Brasil, mas a Santelisa Vale estima que aplicará entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões nas adaptações da usina para transformá-la em uma biorefinaria para a produção do diesel, diz o presidente da usina, Anselmo Rodrigues.

A meta é produzir um bilhão de galões de diesel de cana em cinco anos, a partir de 2010. Atualmente a Santelisa é a segunda maior produtora de açúcar e etanol do Brasil e primeira em co-geração de energia elétrica a partir do bagaço e espera moer este ano 18 milhões de toneladas de cana, produzindo 25 milhões de sacas de açúcar e 770 milhões de litros de etanol, além de produzir e exportar 420 mil Mwh de energia a partir do bagaço. Essa quantidade de energia é suficiente para abastecer uma população de um milhão de habitantes por ano.

Centro passa a ser vitrine

O centro de pesquisa e desenvolvimento da Amyris-Crystalsev em Campinas será uma espécie de vitrine da tecnologia de produção do diesel de cana, informou o diretor-geral da joint-venture, Roel Collier. A plataforma de tecnologia para fazer a reengenharia das leveduras já está pronta, ou seja, não será necessário desenvolver as leveduras no Brasil. Assim, nos laboratórios em Campinas serão trabalhados métodos e modelos para melhorar a tecnologia para escala comercial. "Em outubro começamos a operar um laboratório-piloto nos Estados Unidos e, a partir de 2009, começamos no Brasil a "tropicalizar" o processo, testando com todo tipo de caldo de cana, por regiões, entre outros", informou.

Ele disse que a Amyris decidiu lançar seu primeiro produto usando matéria-prima de cana-de-açúcar devido aos benefícios ambientais e contando com a posição mundial de liderança do Brasil na produção de combustível alternativo. O plano inicial é abastecer o mercado interno, mas a joint-venture planeja comercializar mundialmente os combustíveis renováveis. O mercado global de diesel é crescente, e a expectativa é de que atinja mais de dois trilhões de litros até 2020. Já no Brasil, projeta-se um crescimento de 45 bilhões de litros em 2007 para mais de 80 bilhões de litros em 2020.

A instalação do centro de pesquisa em Campinas, comentou Collier, levou em conta o fato de a cidade estar em uma região conhecida por ser um pólo de inovação e pela sua localização estratégica, entre São Paulo e o principal centro sucroalcooleiro brasileiro, Ribeirão Preto. O Techno Park hospedará, também, uma instalação piloto que deve começar a funcionar no início de 2009.

AS EMPRESAS

AMYRIS - empresa de tecnologia com sede em Emeryville, nos Estados Unidos, fundada em 2003. É uma empresa de capitais privados que incluem os investidores Kleiner Perkins Caufield & Byers, khola Ventures, TPG Ventures e DAG Ventures. Tem cerca de 150 funcionários e está focada atualmente em trazer para o mercado combustíveis de hidrocarbono renováveis como diesel, gasolina, combustível jato para a indústria de transporte

RYSTALSEV - responsável por comercializar produtos de 17 unidades produtoras no interior de São Paulo, Minas e Goiás, atua também na prestação de serviços para usinas, como uma trading company na compra, revenda de produtos e administração dos ativos do grupo. No ano passado assinou memorando com a Dow Chemical para a construção do primeiro pólo alcoolquímico integrado do mundo para a produção de polietileno com etanol de cana-de-açúcar

Santelisa Vale- segunda maior produtora de açúcar e etanol do Brasil e primeira na co-geração de energia elétrica a partir do bagaço da cana. A empresa, com mais de 70 anos de história, é referência em tecnologia e inovação no segmento, oferecendo soluções de energia renovável. A empresa é resultante da fusão, no ano passado, entre a Companhia Energética Santa Elisa e a Companhia Açucareira Vale do Rosário

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Polinização aumenta produtividade e favorece biodiesel

A apicultura pode ser uma aliada na polinização das culturas para produção do biodiesel. O combustível renovável ainda enfrenta limitações, principalmente o alto custo ligado à disponibilidade de matéria-prima. Por isso, a necessidade de aumentar a produção de oleaginosas por meio do melhoramento genético das plantas e a introdução de polinização com a ajuda de insetos.

Este tema também foi discutido nesta sexta-feira (30), em Cuiabá (MT), pelo professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria (RS), Sílvio Lengler, que também preside a Associação de Apicultores de Santa Maria. Ele ministrou a palestra “A apicultura e sua importância na polinização das culturas para produção de biodiesel”. O professor mostrou que pesquisas em cultivares de soja já comprovaram aumentos entre 8% e 16% na produtividade devido à polinização cruzada. As abelhas procuram as flores de soja em busca de pólen e néctar, cuja concentração de açúcares varia de 31% a 38%.

Lengler citou ainda uma pesquisa com a variedade Santa Rosa, da década de 70, no Rio Grande do Sul, cujo objetivo era verificar se as plantas se beneficiavam da presença de abelhas. Constatou-se que o grupo de plantas com abelhas teve resultado superior ao que não tinha os insetos. O número médio de vagens subiu de 91,68 para 147,49 por pé. O peso médio de vagens saltou de 36,54 gramas para 61,03 gramas e o peso médio de grãos por planta aumentou de 23,85 gramas para 39,65 gramas.

Distribuição - “Para efeitos de programas de polinização recomenda-se que as colméias devam possuir oito quadros cobertos com abelhas, quatro a seis quadros de cria e rainha nova”, sugeriu o pesquisador. Para ter sucesso, o produtor deve trabalhar com população equilibrada das colméias, ambiente com reserva de néctar e pólen, diferenças raciais, linhagens especializadas e ter preferência por diferentes espécies botânicas.

Esses são os fatores internos, mas ainda é necessário observar os externos, como condições climáticas, saturação de floradas, concorrência de espécies botânicas, distribuição das colméias, uso de atrativos e manejo fitossanitário.

Fonte:

sábado, 2 de agosto de 2008

Biodiesel de óleo de soja

Como diz um ilustre colega, o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, “as pessoas em geral não têm noção do tamanho do problema”. Vejamos alguns números da Abiove: na última safra (de fevereiro de 2007 a janeiro de 2008), o Brasil produziu mais de 55 milhões de toneladas de soja. Processou cerca de 30 milhões de toneladas e exportou, na forma de grãos, 25 milhões de toneladas de soja. Consumiu internamente cerca de 10 milhões de toneladas de farelo de soja e pouco mais de 3 milhões de toneladas de óleo de soja. Exportou mais de 12 milhões de toneladas de farelo de soja e pouco mais de 2 milhões de toneladas de óleo de soja.

O teor de óleo no grão de soja é de apenas 18%. Portanto, o principal produto da soja não é o óleo de soja, mas sim o farelo – insumo fundamental para a produção de aves, ovos e suínos, fontes de proteína de baixo custo e alto valor.

Devemos, pois, deixar de exportar matérias primas, aumentar a nossa capacidade de processamento de soja e aumentar ainda mais a nossa capacidade de produção de aves, ovos e suínos, tanto para o mercado interno quanto para a exportação, agregando valor à nossa produção e gerando emprego e renda, tanto no campo quanto na indústria.

Nesse ciclo virtuoso e em função da necessidade de uma alimentação mais saudável e balanceada, cada vez mais vai sobrar óleo: menos frituras, menos gordura vegetal hidrogenada e mais proteína! Sendo assim, creio que devemos ampliar o uso do óleo de soja na produção de biodiesel. Teríamos menos problemas de arteriosclerose e obesidade, além de um meio ambiente mais saudável.

Com as nossas 55 milhões de toneladas de soja, poderíamos produzir anualmente cerca de 10 bilhões de litros de biodiesel e atender 25% do nosso consumo atual de óleo diesel. E para os gourmets, poderíamos produzir tranquilamente óleos vegetais mais finos e mais nobres que o óleo de soja, tais como o de girassol, o de canola, o de dendê, o de algodão, o de milho, etc..

Fonte: Bloomingtrade

Biodiesel de Mamona

Comunicado Brasil Ecodiesel

Diante das recentes reportagens publicadas sobre as novas especificações do biodiesel estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e suas implicações sobre o biodiesel produzido a partir da mamona, a Brasil Ecodiesel vem por meio desta esclarecer que:

A resolução da ANP altera alguns parâmetros, mas não inviabiliza a produção de biodiesel feito a partir desta oleaginosa.

A Brasil Ecodiesel entende que o mercado de biodiesel de mamona continua sendo viável e promissor, através do uso de um mix de oleaginosas, estratégia que é um dos pilares do negócio da companhia. Esta postura sempre foi adotada pela empresa, a fim de evitar a dependência de uma única matéria-prima, resguardando-se de eventuais variações de mercado, bem como da competição com o setor alimentício.

Ainda que a soja seja a base para a produção das seis fábricas da Brasil Ecodiesel espalhadas pelo país - por ser a principal matéria-prima disponível no mercado em escala comercial -, a empresa associa outros tipos de óleos para compor a sua produção de biodiesel. Além da mamona e do girassol, a companhia presta especial atenção ao pinhão manso, oleaginosa com características semelhantes à mamona que vem sendo estudada pela Brasil Ecodiesel há quatro anos. A empresa adquiriu recentemente três novas fazendas, onde cultiva o pinhão manso e intensifica os estudos sobre esta oleaginosa;

Embora enfrente desafios climáticos no mundo todo, o potencial de crescimento do mercado brasileiro de mamona para utilização na produção de biodiesel é significativo. Para atender à nova especificação, é necessário que o óleo de mamona seja misturado a outro tipo de óleo vegetal numa proporção entre 20% e 30%, obtendo um biodiesel de excelente qualidade, ainda mais considerando suas melhores características de elevada estabilidade oxidativa, baixo índice de iodo, alta lubricidade, baixo ponto de congelamento e ponto de entupimento de filtro a frio, além de elevado número de cetanos.

Atualmente, são produzidas cerca de 150 mil toneladas de mamona por ano no Brasil, o que seria suficiente para produzir cerca de 70 mil toneladas de óleo. Para atender a demanda do B3 (3% de biodiesel adicionados ao diesel mineral), serão necessários 1,3 bilhões de litros de biodiesel no país, os quais poderiam ser produzidos com até 350 mil toneladas de óleo de mamona, representando um mercado potencial de aproximadamente 750 mil toneladas de mamona por ano, o que ilustra o tamanho do mercado que ainda pode ser explorado.

Considerando que tal crescimento poderá ocorrer na região do semi-árido, com produtividade média de 800 kg/ha, a produção brasileira de mamona poderia ser expandida para uma área adicional de cerca de 750 mil hectares, o que representaria até 300 mil novas famílias incluídas no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), com renda adicional de pelo menos R$ 600 milhões.

A Brasil Ecodiesel destaca ainda que a mamona foi a base da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) e apresentou-se como iniciativa fundamental para a inclusão do agricultor familiar na cadeia de produção industrial, principalmente no Nordeste brasileiro. A companhia acreditou e investiu nesta proposta ao estruturar uma cadeia integrando milhares de trabalhadores rurais pelo país e segue confiando nesta oleaginosa para aliar desenvolvimento econômico e social.

Do:

Petrobras mantém produção de biodiesel de mamona

A Petrobras Biocombustível divulgou nota informando que manterá a produção de biodiesel a partir de mamona. Segundo a empresa, os planos não serão afetados pela Resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) Nº 7, de 19 de março de 2008, que estabeleceu limites que impediriam a utilização do biodiesel de óleo de mamona puro.

A empresa esclarece na nota que "tanto nas ações em parceria com a agricultura familiar quanto na tecnologia que está sendo implantada nas novas usinas de produção de biodiesel, a meta da Petrobras sempre foi utilizar, inicialmente, misturas de até 30% de óleo de mamona como matéria-prima. O uso de 30% de óleo de mamona na produção de biodiesel atende integralmente à nova especificação da ANP".

Segundo a nota, algumas propriedades importantes serão inclusive melhoradas pela adição da mamona como matéria-prima. "Por exemplo, a adição de 30% de óleo de mamona ao óleo de soja melhora a qualidade do biodiesel produzido, enquadrando-o na norma européia e viabilizando sua exportação para regiões frias da Europa." Pelos cálculos da empresa, para viabilizar misturas nesta proporção, somente para as usinas de Candeias (inaugurada na terça-feira), Quixadá e Montes Claros (que deverão ser inauguradas em agosto), seriam necessárias 49 mil toneladas, mais do que todo o óleo de mamona produzido no Brasil na safra de 2007.

A Petrobras argumenta que a dificuldade para o uso de mamona na produção de biodiesel não ocorre pela viscosidade do B100 (100% de biodiesel) de mamona ou por qualquer outra de suas propriedades físicas ou químicas. "É conseqüência da baixa disponibilidade desta oleaginosa no mercado, uma vez que a indústria do óleo paga pelo óleo de mamona um valor acima do que seria hoje viável, economicamente, pagar para o segmento de combustíveis."

Fonte:

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Biocombustível não ameaça alimentos

Produtividade agrícola aumentou em 11 anos e permite convivência dos dois setores, conclui pesquisa da UnB

Para explicar a alta do preço de alimentos no mundo, o argumento mais comum é jogar a culpa na produção de biocombustíveis. Ou seja, a oferta de comida teria diminuído em decorrência da redução de áreas agriculturáveis para o setor, levando a uma inflação nas gôndolas dos supermercados. No entanto, um estudo feito na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB) mostra que essa explicação está equivocada, pois os dois setores convivem perfeitamente, sem que um afete a produção do outro.

Para que houvesse prejuízo à disponibilidade de alimentos no Brasil, as estatísticas deveriam apontar queda nas safras. Mas o que vem acontecendo é exatamente o contrário, diz a economista Isabel Murillo Hernandez, autora da pesquisa. A produtividade das culturas de milho, arroz e feijão cresceu entre os anos de 1995 e 2006. E o mais surpreendente: a produção agroalimentar tem aumentado sem precisar de novas terras.

As culturas alimentares, sem necessidade de ocupar novas áreas, deixaram disponíveis espaços para o avanço do plantio de matéria-prima para os biocombustíveis, como soja e cana-de-açúcar. “Por isso, não há como se falar em concorrência entre elas”, afirma a economista.

A produção de milho, por exemplo, aumentou de 36,2 milhões de toneladas para 42,6 milhões em uma década, período em que a produtividade cresceu de 2,5 toneladas por hectare (t/ha) para 3,2 t/ha, uma evolução de 27%. Além disso, o espaço ocupado por essa lavoura, que era de 14,1 milhões de hectares, passou para 12,9 milhões de hectares.

Quanto ao arroz, foram colhidas 11,2 milhões de toneladas em 1995 e 11,5 milhões em 2006, com aumento na produtividade, que era de 2,5 t/ha e foi para 3,8 t/ha. Esses fatores fizeram com que essas lavouras liberassem mais de 25% da área anteriormente utilizada, passando de 4,4 milhões de hectares para 3 milhões hectares.

O mesmo efeito se verifica com o feijão, cuja produção saltou de 2,9 milhões de toneladas para 3,4 milhões. A produtividade subiu de 0,5 t/ha para 0,8 t/ha, enquanto a área necessária para o plantio também foi menor, diminuindo de 5,3 milhões de hectares para 4,2 milhões de hectares.

Para a pesquisadora, os dados engrossam as vozes que defendem os biocombustíveis, tendo em vista declarações recentes de autoridades internacionais, como o Banco Mundial (Bird), de que a crise dos alimentos seria causada por essa fonte de energia limpa. “O preço do petróleo é que está afetando os custos de produção, que tem o efeito de encarecimento dos transportes e insumos”, afirma.

SOJA – O trabalho mostra, ainda, em números, o inegável avanço das culturas de soja e de cana-de-açúcar, puxado, em parte, pelos biocombustíveis. Ao contrário das culturas de alimentos, que se utilizaram apenas da melhoria de técnicas que aumentam a produtividade, essas lavouras também se valeram da ocupação de mais terras para incrementar a produção.

Entre 1995 e 2006, por exemplo, a produção da soja simplesmente dobrou. De 25,6 milhões de toneladas, saltou para 52,4 mi. A produtividade subiu de 2,1 para 2,3 t/ha, assim como a área plantada, que foi de 11,7 milhões de hectares para 22 milhões. Para se expandir, a cultura se aproveitou dos espaços liberados pelas lavouras de milho, arroz e feijão. Também pelas pastagens naturais e pastagens plantadas.

Por sua vez, as plantações de cana-de-açúcar, que gera o etanol, acompanharam a tendência da soja. Em termos de produção, os números são de 303,6 milhões de toneladas em 1995 e 457,2 milhões em 2006; produtividade de 65,4 t/ha para 73,9 t/ha; área de 4,6 milhões de hectares para 6,1 milhões de hectares.

Isabel diz que, em um futuro ainda distante, pode surgir uma competição via preços de mercado por áreas destinadas a culturas de produtos alimentícios e biocombustíveis, já que o empresário investe naquilo que oferece mais retorno. Nesse caso, entrarão em cena os arranjos institucionais para regular e estabelecer o equilíbrio da produção agroalimentar e agroenergética. A pesquisa mostra que, pelo menos por enquanto, a produção de alimentos deve se manter dentro do atual patamar da demanda, sem que a produção de biocombustíveis prejudiquem a oferta de alimentos.

A economista, que é funcionária do Ministério da Agricultura do Equador e vai retornar ao país, espera que os conhecimentos adquiridos sobre a experiência do Brasil auxiliem o seu país em decisões de políticas a respeito de investimentos em biocombustíveis.

Veja a relação entre aumento e diminuição de áreas plantadas por três macrorregiões no Brasil (de 1995 a 2006, considerando médias de crescimento):

- Norte/Nordeste

Aumentou

Soja: + 858,8 mil hectares
Milho: + 134 mil hectares

Diminuiu

Pastagens naturais: - 894 mil hectares
Pastagens plantadas: - 811 mil hectares
Arroz: - 87,8 mil hectares
Cana-de-açúcar: - 76,6 mil hectares
Feijão: - 51,9 mil hectares

- Sul/Sudeste

Aumentou

Soja: + 2.168,5 mil hectares
Cana-de-açúcar: + 153,3 mil hectares
Diminuiu

Pastagens naturais: - 875,8 mil hectares
Pastagens plantadas: - 616,5 mil hectares
Feijão: - 322,5 mil hectares
Milho: - 241,3 mil hectares
Arroz: - 26,8 mil hectares

(São Paulo)

Aumentou

Cana-de-açúcar: + 427,2 mil hectares
Soja: + 119,2 mil hectares
Diminuiu

Pastagens plantadas: - 213,1 mil hectares
Milho: - 83,6 mil hectares
Pastagens naturais: - 60,6 mil hectares
Arroz: - 49,4 mil hectares
Feijão: - 16,9 mil hectares
- Centro-Oeste

Aumentou

Soja: + 2.890,6 mil hectares
Milho: + 448,4 mil hectares
Cana-de-açúcar: + 103,1 mil hectares
Arroz: + 8,7 mil hectares
Feijão: + 5,8 mil hectares
Diminuiu

Pastagens plantadas: - 937,9 mil hectares
Pastagens naturais: - 371,7 mil hectares

(Goiás)

Aumentou

Soja: + 1.021,2 mil hectares
Cana-de-açúcar: + 55,9 mil hectares
Feijão: + 8,9 mil hectares
Diminuiu

Pastagens plantadas: - 430,9 mil hectares
Pastagens naturais: - 155,1 mil hectares
Milho: - 114,4 mil hectares
Arroz: - 40,6 mil hectares


CONTATO
Isabel Murillo Hernandez (imurilloh@yahoo.es) e Flávio Botelho (fbotelhofh@gmail.com)

Fonte: SECOM/UnB