quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Óleo de cozinha pode virar sabão e biodiesel

22/10/08 - Pelo simples fato de que o óleo de cozinha despejado na pia pode degradar o meio ambiente, a coleta seletiva do produto já deveria ser hábito da sociedade. Mas há mais a considerar: o óleo pós-consumo pode ser reaproveitado e utilizado para desenvolver novas substâncias e novos processos produtivos, movimentando a economia. Sabão, ração animal, massa para vidro e biodiesel são alguns produtos resultantes da reciclagem do óleo de cozinha. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e com o apoio do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), realiza estudos para viabilizar o uso de óleo de cozinha na produção de biodiesel em Pernambuco.

Atualmente, a pesquisa está concentrada nos laboratórios do Departamento de Engenharia Química da UFPE, mas uma unidade piloto para produção da substância está em processo de montagem na empresa Brastec, localizada no Recife. A previsão é de que comece a funcionar no próximo ano, com capacidade para produzir 200 litros de biodiesel diariamente. Contudo a expectativa dos pesquisadores José Geraldo Pacheco e Cláudia Bejan, esta da UFRPE, é construir uma unidade ampliada dentro do próprio campus da UFPE. "Queremos uma estrutura com capacidade para produzir até 500 litros de biodiesel por dia", diz Pacheco, que, junto com Cláudia, irá buscar financiamento para estrutura.

Para a produção de biodiesel, o óleo de cozinha é colocado em contato com um álcool, que pode ser o metanol ou o etanol, na presença de um catalisador, substância que acelera a reação química. A mistura reage durante cerca de uma hora, resultando em biodiesel e glicerina. Os dois produtos vão para um equipamento chamado de fio de decantação e separados. O álcool e a água que ainda restam no biodiesel são retirados por um processo de evaporação por aquecimento.

Já isolado, o biodiesel é purificado e submetido a mais de 20 tipos de análises, previstas em portaria da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A glicerina, que se constitui em resíduo no processo, pode ser purificada e vendida no mercado ou utilizada na produção de biogás. "Não é recomendado que ela seja queimada, para que não seja produzida acroleína, substância considerada tóxica", alertou Pacheco.

MENOS POLUENTE - O biodiesel é renovável e contribui menos que outros combustíveis para o aumento do aquecimento global. "Apenas 10% da massa que reage e resulta em biodiesel é constituída de metanol, um álcool oriundo do petróleo", explicou o pesquisador José Geraldo Pacheco, da UFPE. Caso seja utilizado etanol ao invés de metanol no processo de produção, o biodiesel em si não é poluente. "O que pode contribuir para a poluição ambiental é, por exemplo, o transporte, se for utilizado um combustível fóssil no veículo", acrescentou.

Na pesquisa conduzida pela UFPE e pela UFRPE, a idéia é também agilizar o processo de análise química de amostras do biodiesel produzido. "O infra-vermelho é capaz de analisar conjuntamente a viscosidade, a densidade e a composição de uma amostra do combustível, entre outros aspectos. Tradicionalmente, cada característica do biodiesel é analisada separadamente, utilizando-se diferentes equipamentos, o que torna o processo mais lento e aumenta os custos, que podem chegar a R$ 1 mil", explicou Pacheco. O uso de infra-vermelho para esse tipo de análise, no entanto, ainda não é aceito pela ANP. Também não há previsão da redução nos custos utilizando-se o novo método, já que a escala aplicada atualmente ainda é é experimental.


Fonte: JC Online

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