terça-feira, 25 de novembro de 2008

Canudo-de-pito para Biodiesel

Uma planta nativa do Cerrado e de áreas de transição para Zona da Mata mineira, conhecida como canudo-de-pito, pode ampliar, de forma promissora, as fontes de óleo para a produção de biodiesel, segundo pesquisas realizadas no Laboratório de Instrumentação e Quimiometria do Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

As sementes de canudo-de-pito (Mabea fistulifera Mart), da família das euforbiáceas, produzem grande quantidade de óleo, na ordem de 35% de seu peso. Os constituintes principais desse óleo são os ácidos linoleico, também conhecido como ômega-6, com aproximadamente 20%, e linolênico, o ômega-3, com aproximadamente 70%.

Os trabalhos vêm sendo conduzidos pela estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, Flávia Elaine de Andrade Pereira, e por seu orientador, professor César Reis.

Quando se fala em biodiesel, exemplifica o orientador, pensamos logo em oleaginosas como mamona, pinhão-manso, soja, pequi, macaúba, indaiá, buriti, babaçu, cotieira e tingui, dentre outras. Mas o canudo-de-pito é uma espécie muito interessante, ainda não explorada para essa finalidade.

A planta é encontrada com facilidade em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, agregada em bordas de mata e em locais que sofreram impactos causados pela ação do ser humano de forma acentuada. Sua presença é muito comum na região noroeste do estado de São Paulo.

César Reis informa que a floração da planta ocorre de fevereiro a junho e a maturação da semente, de setembro a outubro, produzindo grande quantidade. É uma planta adaptada a solos de baixa fertilidade e de acidez elevada, sendo por isso muito utilizada em recuperação de áreas degradadas, principalmente por mineração.

A composição química do óleo lhe confere propriedades químicas e físicas importantes na produção de biodiesel. O alto teor de ácido linolênico confere ao biodiesel uma viscosidade muito baixa, quando comparada ao óleo de mamona, assemelhando-se muito à do óleo diesel. Essa característica faz com que o biodiesel obtido do óleo de canudo-de-pito seja mais fluido, o que facilita a sua injeção na câmara de combustão, através dos bicos injetores.

Além da viscosidade, outras análises exigidas pela portaria ANP 255/2003, que trata da especificação do biodiesel, foram realizadas para determinar estabilidade, oxidação, densidade, corrosividade ao cobre, teor de enxofre, teor de sódio e de potássio, índice de acidez e de saponificação, etc. Estando todas de acordo com essa Portaria.

Como avalia César Reis, as características do canudo-de-pito permitem que pequenos agricultores o cultivem como fonte alternativa de renda, satisfazendo, assim, o lado social do programa do biodiesel. Além disso, para o seu cultivo, não é necessário utilizar áreas destinadas à produção de alimentos, como é o caso da soja e de outras oleaginosas, pois ela se adapta em áreas que não seriam mesmo usadas para o cultivo de cereais e oleaginosas tradicionais.
MAIS INFORMAÇÕES
Professor César Reis
Telefone: (31) 3899-3066
E-mail: cesar@ufv.br
Universidade Federal de Viçosa
Coordenadoria de Comunicação Social da UFV
Telefones:(31) 3899-2112 - (31) 3899-1741
Telefax: (31) 3899-1475

Fonte: BlogVisão

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