As recentes polêmicas em torno da viabilidade da mamona como matéria-prima para o biodiesel não alteraram a posição do governo em relação à oleaginosa. Reunidos no III Congresso Brasileiro de Mamona, que acontece em Salvador até hoje, com participação de cerca de mil envolvidos na cadeia produtiva, técnicos da Embrapa e diretores da Petrobras reforçam a viabilidade da mamona como peça-chave do Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB). Segundo a Embrapa, os avanços tecnológicos em melhoramento genético estão permitindo superar as limitações da planta para a produção do biocombustível.
Na avaliação da Embrapa, o entendimento de que a mamona seria inviável para a produção de biodiesel por causa da alta viscosidade é uma "leitura precipitada" da Resolução nº 07 de 20.03.2008 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que estabelece as especificações de qualidade para o biodiesel. "Na verdade, nada muda na estratégia do uso de mamona, porque o problema só ocorreria se esse óleo fosse usado puro, o chamado B100. Mas, na mistura com outros óleos, como o de coco, soja ou dendê até 40%, obtêm-se um biodiesel de excelente qualidade", afirma o chefe-geral da Embrapa Algodão, Napoleão Beltrão.
O blend com outros óleos pode ser a saída inicial, mas a Embrapa aposta ainda no melhoramento genético para superar definitivamente o problema. "Um grupo de pesquisas na Espanha chegou a uma nova linhagem de mamona com baixa viscosidade. Estamos trabalhando no desenvolvimento de uma cultivar adaptada às condições de clima e solo do Brasil, que será plantada exclusivamente para o biodiesel", diz Beltrão.
A mamona começou a ser estudada no Brasil há quase um século, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Apesar disso, o conhecimento sobre a planta está em constante evolução. "Em ciência, tudo o que se sabe dobra a cada dois anos. Há muita coisa ainda por descobrir e por desenvolver. Há 20 anos, ninguém acreditava na soja, porque ela precisava de latitudes altas, e hoje esse grão é plantado em todo o país", lembra Beltrão.
Outra alegação contrária à mamona, a desestruturação da cadeia produtiva e o cumprimento dos contratos pelos pequenos produtores, também foi rebatida. O ex-ministro de Desenvolvimento Agrário e atual diretor da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, defende que a oleaginosa seguirá sendo a opção estratégica da nova subsidiária da estatal, a Petrobras Biocombustível, e aposta no associativismo e no cooperativismo.
"Estamos garantindo a compra da produção, com preço justo, e já planejamos fazer contratos com prazo de até cinco anos. Queremos estabelecer com esses produtores uma relação de longo prazo, economicamente justa, social e ambientalmente correta", disse Rosetto. A Petrobras Biocombustível paga cerca de R$ 0,88/kg pela mamona em baga. A semente utilizada é fornecida pela empresa.
Fonte: (José Pacheco Maia Filho)
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário