segunda-feira, 22 de março de 2010

Biodiesel Aquícola: Biodiesel feito de vísceras de Tilápia

A companhia 'Aquafinca Saint Peter Fish', que tem sede na pequena vila de El Borboton, em Honduras, começou a processar tilápias há cinco anos para fabricar produtos para a indústria de alimentos.

Recentemente, no entanto, a empresa descobriu uma nova utilidade para os peixes: fabricar biodiesel. Com a iniciativa, a Aquafinca se tornou líder mundial na produção de biodiesel de origem
animal.

Para a produção do biodiesel, são utilizados materias-primas como óleos vegetais extraídos da mamona, girassol, amendoim, algodão e gergelim. Agora, estudos feitos pela Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará apontam grande potencial do Estado na produção de outro tipo de biodiesel obtido com a extração e beneficiamento da gordura de peixe.

No Brasil, a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec), que vem pesquisando a produção de biodiesel com vísceras de tilápia, deixa a fase inicial das descobertas sobre o novo combustível e transforma em projetos os resultados, alcançados pelo Laboratório de Referência em Biocombustível (Latrbio), para coleta, armazenamento e produção de biodiesel.

Começou a ser desenvolvido, no primeiro semestre de 2007, o que há de mais inovador no mundo dos biocombustíveis. Das vísceras de tilápias, os pesquisadores extraem 50% de óleo bruto que, misturado a reagentes, transforma-se em biodiesel.

A vantagem de se produzir biodiesel através das vísceras de tilápia é que a utilização dos resíduos não servirá para produção de alimentos, pois o que está sendo usado é a parte do peixe que seria jogado fora. “Como muitos críticos viam com maus olhos a produção de biodiesel com sementes, como por exemplo, a soja, por acreditarem que assim estaríamos deixando de produzir alimentos para aumentar a produção de combustível. As pesquisas com a tilápia surgem como alternativa justamente por utilizar a matéria-prima do peixe que não serve como alimento” diz o pesquisador do Nutec, Fernando Pedro Dias.

Atualmente, o único obstáculo para a produção desse tipo de biodiesel é a aprovação do Projeto “Biopeixe”, para o financiamento da construção da usina para extração do óleo das vísceras dos peixes dos açudes. Segundo o Coordenador do Larbio, Jackson Malveira, o projeto foi enviado ao Banco do Nordeste do Brasil e está em fase de análise. O projeto vai financiar a montagem no Nutec de um modelo de extração de óleos de diversas matérias-primas para a produção de biodiesel, que terá como subproduto ração alimentícia para animais.

Até o fim desse ano, o projeto “Biopeixe” deve receber recursos estaduais e federais que podem garantir a viabilidade industrial do novo biocombustível.
Dentre as ações, está prevista a construção de uma mini-usina de extração e beneficiamento às margens do açude Castanhão, em Nova Jaguaribara. O açude, maior reservatório hídrico do Ceará, tem capacidade para produzir anualmente 32 mil toneladas de tilápia – suficiente para render 145 mil litros de biodiesel por ano.

COMO SURGIU

Jackson Malveira explica que o Laboratório de Referência em Biocombustíveis iniciou a pesquisa de biocombustível a partir das vísceras de peixe em resposta a uma demanda dos próprios piscicultores. “Quando começou a criação de tilápia em tanques-redes no Açude Castanhão, surgiu o problema de encontrar um destino para os resíduos do beneficiamento do peixe (vísceras, amparas e nadadeiras), que, inicialmente, não tinham uma utilidade para os produtores. Desde que tivemos essa solicitação da comunidade estamos buscando a melhor maneira de fazer essa extração”, destaca.
As tilápias são os peixes mais cultivados no Brasil, correspondendo a 38% do total de peixes produzidos. O Ceará, se destaca por ser o maior produtor nacional de tilápia, o aproveitamento de resíduos de peixes, além de fornecer matéria-prima relativamente barata, diminui o risco de poluição ambiental já que os resíduos gerados no beneficiamento acabam se tornando fontes poluidoras, assim como uma alternativa para a inclusão social no Estado do Ceará.

Fonte: Fontes Diversas

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